EM SÃO MIGUEL O ANJO

quarta-feira, 15 de março de 2017

CHEIA DO LEÇA


Quando o temporal chegou,
Nem a chuva ouvi cantar;
E quando o Leça transbordou;
Ainda estava a me lavar.
Só quando senti oscilar,
Onde eu estava mergulhado,
Com a banheira a andar;
A deslocar-se para lado.
Aí levantei a cabeça,
Ainda meio ensaboada;
É que vi a andar com pressa,
A banheira na enxurrada.
Como um barco ou jangada,
Parecia não parar mais;
Como se fosse preparada,
Para os rápidos mais radicais;
E ao verem-me os populares,
Na margem do rio aflitos;
Só me conseguem salvar,
Depois da banheira atracar,
Entre arbustos e detritos.

José Faria – 09/03/2017

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