EM SÃO MIGUEL O ANJO

segunda-feira, 26 de março de 2018

CADA UM LEVA A SUA CRUZ



Muito antes de se “elegerem” como orago padroeiros e padroeiras nas freguesias eclesiásticas, como a Senhora da Natividade, em Pedrouços, como aconteceu em muitas regiões que adotaram os seus padroeiros e padroeiras; “levar a Cruz ao Calvário” foi sempre a manifestação religiosa mais significativa e mobilizadora dos povos no passado.
Tal como em Águas Santas, (Maia) a que pertenceu Pedrouços enquanto lugar, onde existe uma ermida junto ao Calvário...


No lugar de Pedrouços também existiu uma ermida, no local que deu lugar à atual Igreja, e um calvário na rua do Calvário.
Mas muito antes da igreja e, possivelmente ainda durante a existência da tal ermida, de que fala o padre Joaquim Azevedo em “Maia, História Regional e Local – Actas do Congresso”, onde terá existido uma capela a São Pedro, cerca de 300 anos depois de outra, ainda existente, de propriedade privada, em louvor ao Senhor dos Aflitos, situada na rua (hoje) António Feliciano de Castilho, no sopé do monte.
Pois teria sido por aqui que a manifestação “dolorosa” de levar a Cruz ao Calvário decorria. Iniciada junto a esta capela, seguia em direção ao Calvário no cimo da rua que já teve esse nome (rua do Calvário) hoje Plácido D’Abreu, junto à entrada sul da Casa do Alto, local preenchido com habitações.
A preservação do património histórico nesta terra, 
requer mais atenção.
Avelino Moura Lopes, que foi membro da comissão instaladora da Junta de Freguesia de Pedrouços, com quem sempre confidenciava sobre a história de Pedrouços, sempre mostrou o seu descontentamento por ver perder-se estes valores culturais do povo e provas materiais do seu passado. Foi quem me despertou o interesse pelas nossas raízes e falava-me com entusiasmo de 14 cruzes que se distribuíam a partir desta capela, até ao calvário.
Como se sabe e a igreja divulga, a Via Sacra baseia-se nas quatorze estações (ou estado em que se encontrava Jesus) como etapas do seu caminho de cenas mais relevantes de sofrimento da Paixão de Cristo, a serem meditadas pelos Seus seguidores e devotos:
E são estas as estações:
1.   Estação: Jesus é condenado à morte
2.   Estação: Jesus carrega a cruz às costas
3.   Estação: Jesus cai pela primeira vez
4.   Estação: Jesus encontra a Sua Mãe
5.   Estação: Simão de Cirene ajuda Jesus
6.   Estação: Verónica limpa a face de Jesus
7.   Estação: Jesus cai pela segunda vez
8.   Estação: Jesus encontra as mulheres de Jerusalém
9.   Estação: Jesus cai pela terceira vez
10. Estação: Jesus é despojado de Suas vestes
11. Estação: Jesus é pregado na cruz
12. Estação: Jesus morre na cruz
13. Estação: Jesus é descido da cruz
14. Estação: Jesus é sepultado
Ora, amante destes percursos e registos da história, acredito sinceramente que na minha terra de Pedrouços, no concelho da Maia, levar a cruz ao calvário, foi há séculos atrás uma realidade, muito antes do aparecimento da Natividade; tal como acredito piamente que que compete a cada um/ levar também a sua cruz, por muito pesada ou leve que seja. 
A cruz é sua!
José Faria