EM SÃO MIGUEL O ANJO

quarta-feira, 25 de junho de 2025

Livro de SONETOS MAIATOS - Autor - José Faria


“SONETOS MAIATOS” NA FEIRA DO LIVRO
FESTAS DA CIDADE DA MAIA 2025

 
Já se veem ao longe as festividades
Da Maia, em louvor a Bom Despacho;
Cheias de alegrias e de atividades,
Que vão envolver a Fundação Gramaxo.
 
Na Feira do livro, também aí, eu acho,
Que o conhecimento tira-nos das grades;
Pois as águas da vida, não são só riacho,
Falam mais realidade, e menos divindades.
 
Por aí estarão de novo três livros meus,
O “Mensageiros 300” de livres quadras,
Leitura a que muitos se mostram gratos;
 
“Lendas da Mais”, contos meus e teus,
Estórias do povo bem elaboradas,
E de lançamento os “Sonetos Maiatos”.

José Faria


quinta-feira, 19 de junho de 2025

À TERRA ONDE FORES TER...

 

À TERRA ONDE FORES TER
FAZ COMO VIRES FAZER!
 
É um ditado muito antigo,
O mais democrático de todos;
Para seres migrante amigo,
Respeita o povo e seus modos.
 
E que à terra onde fores ter,
Diferente do teu pensamento,
Que bem te soube acolher,
Veja em ti o cumprimento,
 
Das suas normas culturais.
Se te queres bem integrado,
Respeita essa comunidade;
 
E não precisas muito mais,
Aprende os valores sociais,
Vive em paz e em felicidade.
José Faria


terça-feira, 17 de junho de 2025

A LENDA DO SENHOR DE BOUÇAS - MATOSINHOS

 A BELA IGREJA DO BOM JESUS DE MATOSINHOS
E A LENDA DO NOSSO SENHOR DE BOUÇAS

“A igreja do Bom Jesus de Matosinhos terá sido mandada erguer no século XVI, pela Universidade de Coimbra, para substituir um templo que existiria nas proximidades, no lugar de Bouças. À frente da sua construção esteve João de Ruão, um famoso arquiteto da época, ao qual se juntou Tomé Velho, já na fase final da edificação. Edificação essa que  em vez dos quatro anos previstos, acabou por demorar vinte.

Atualmente, dificilmente se observam vestígios desse templo inicial, dado que este foi profundamente alterado no século XVIII.

Asa remodelações deram-se tanto na capela-mor, como no restante edifício, e tiveram a assinatura de um nome bastante conhecido no Norte de Portugal, Nicolau Nasoni. O arquiteto italiano também foi responsável pela fachada barroca, totalmente nova, que continua a impressionar quem a vê a partir do bonito adro ladeado por plátanos.

Entrar no edifício permite apreciar a imponente talha dourada que reveste o seu interior e a figura de Cristo crucificado – uma escultura em madeira, com dois metros de altura, com origem na idade média, entre finais do século XII e início do século XIII.

Segundo a lenda, a peça terá sido apenas uma das várias esculpidas por Nicodemus, que, mais tarde, seriam atiradas ao mar mediterrânico. E, a mais perfeita delas todas, meio século depois, daria à costa no mar de Matosinhos, no dia 3 de maio de 143, mas já sem um braço, o qual foi achado por uma jovem surda e muda que apanhava lenha no areal da praia.

Quando em casa a jovem o colocou na lareira, esse pedaço de madeira (braço) teimava em saltar para fora da lareira, o que levou a jovem a chamar pela mãe, dizendo à mãe para não insistir, que aquele pedaço de madeira era o braço que faltava ao Nosso Senhor de Bouças.”

(Texto da revista Evasões – especial, Matosinhos ao sabor do mar, da arte e da história)

Foto do XXIV Capítulo da Confraria Gastronómica do Mar de Matosinhos.

A lenda em poesia, contada por José Faria:

SONETOS MAIATOS NA NOVA MAIA

SONETOS MAIATOS NO ANIVERSÁRIO DA INAUGURAÇÃO
DO NOVO EDIFÍCIO DA NOVA MAIA. 

É verdade. Coincidência das coincidências. O novo edifício dos Paços do Concelho, foi inaugurado no dia 12 de julho do ano de 1982. O lançamento do meu quinto livro, com o título “Sonetos Maiatos”, com prefácio do Dr. Historiador José Marques, é dia 12 de julho às 18 horas.

Pois decorria o ano de 1982, quando a 12 de julho procedeu-se à inauguração do novo edifício da Câmara Municipal da Maia.


“Inaugurado solenemente pelo ministro da Administração Interna, Eng. Ângelo Correia, o novo edifício dos Paços do Concelho da Maia constituiu uma clara e viva expressão da NOVA MAIA que, com algumas paragens ao sabor dos condicionalismos da vida política, foi sendo concebida e concretizada desde os inícios de 1970.


Na verdade, em março de 1970, a Câmara Municipal, na execução de previsões urbanísticas anteriormente delineadas, adquiriu a ampla Quinta do benemérito Visconde de Barreiros (José da Silva Figueira), propriedade no coração da sede do concelho, a fim de ali vir a ser instalado o centro cívico da Maia, o núcleo central do Município.

Logo de seguida, mandou a Câmara elaborar o respetivo plano parcial de urbanização, trabalho que foi incumbido o arquiteto Jorge Guimarães Gigante. No ano imediato, em 1971, face às prioridades definidas, a mesma edilidade encarregou o arquiteto portuense António Machado, de elaborar o projeto do primeiro dos empreendimentos a concretizar no núcleo central do concelho: o novo edifício dos Paços do Concelho.” (…/…) (in Almanaque da Maia 1983).

A inauguração, como já foi referido, deu-se a 12 de julho de 1982.

Daí, por coincidência, poder-se dizer que o livro “SONETOS MAIATOS” ter o seu lançamento na XIX Feira do Livro da Maia, pelo quadragésimo terceiro aniversário da inauguração da NOVA MAIA.

José Faria

domingo, 8 de junho de 2025

XXIV CAPÍTULO DA CONFRARIA GASTRONÓMICA DO MAR DE MATOSINHOS

 CONFRARIA GASTRONÓMICA DO MAR
NAS FESTAS DO SENHOR DE MATOSINHOS.

Na manhã de temperatura amena e graciosa, a 7/6/2025, ao pé do mar, iniciou-se a missa na igreja do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, com a presença de confreiras e confrades de cerca de trinta confrarias, que vieram de várias partes do país e de Espanha, honrar e homenagear o XXIV Capítulo da Confraria Gastronómica do Mar de Matosinhos.

Depois da cerimónia religiosa, todas as confrarias seguiram em desfile até ao edifício da Câmara Municipal, onde teve lugar a cerimónia institucional de entronização de novas confreiras e confrades.
Todo este evento desta confraria, teve a presença e intervenção da senhora presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, Dr. Luísa Salgueiro e da senhora vereadora da Cultura Dra. Marta Pontes.
Após todas as homenagens e troca de lembranças, sob a orientação do mestre timoneiro José Manuel Marques de Carvalho e demais elementos da direção da Confraria Gastronómica do Mar, todas as confrarias seguiram para a confraternização à mesa, no Restaurante Casa da Pedra, em Perafita.
Depois de bem comidos e bem regados e animados, como é da praxe de todas as confrarias, chegou de surpresa o folclore das Sargaceiras Marítimos de Angeiras, que dançaram, cantaram e animaram todas confrarias presentes, que se envolveram na dança de usos e costumes de ao pé do mar.
Cantou-se pela primeira vez publicamente, o Hino da Confraria Gastronómica do Mar de Matosinhos, com a intervenção e voz sonante das cantadeiras do Rancho, a que se seguiu a envolvência no pé de dança, com as confreiras e confrades mais arrojados e animados.
A terminar o grande encontro de confrarias, novas entregas de lembranças de agradecimento pela participação, às confrarias presentes, seguido de cumprimentos, beijos e abraços, de paz, saúde e de alegria, como mandam e semeiam todas Confrarias… com um até breve.
José Faria
 
 

segunda-feira, 2 de junho de 2025

PEDROUÇOS DO PASSADO

 RECORDAR NO TEMPO E NA PAISAGEM
A FREGUESIA DE PEDROUÇOS DO PASSADO. 

É sempre interessante, cultural, nobre e relevante, transmitirmos às novas gerações, como era a sua terra e as suas gentes num passado da história recente, que não vai muito além de sessenta ou setenta anos. De um tempo em que nem o trator de lavrar a terra existia, pois só chegou a Portugal, por volta dos anos oitenta. Até aí, toda a lavoura estava nas mãos dos homens, ajudados pela força dos animais. Mas o desenvolvimento sempre acelerado, consegue ultrapassar em meia centena de anos, quase uma eternidade. Depois a falta de imagens desse tempo, obriga a nossa imaginação a ir até lá através das palavras e testemunhos, para se procurar ver e compreender como se vivia no tempo da lousa, da pena e da palmatória na escola, e dos calos do trabalho, tantas fezes infantil; no campo, nas pedreiras, nas obras.

Vivia este meu povo maiato maioritariamente do campo, das pedreiras, enquanto a construção ia tomando conta da ocupação da maioria dos trabalhadores por conta de outrem, num tempo em que a emigração a salto, a fugir à fome e à guerra no Ultramar, foi aumentando também.

Olhemos para o que foi e para o que era, Pedrouços, lugar da freguesia e Vila de Águas Santas, de onde se desintegrou em 1985, para se tornar também, numa região administrativa independente.

Deixo-vos somente esta “imagem” que terão de construir na vossa imaginação, através das palavras desta pequena narrativa:

(Vivência e imaginação) - Era terça-feira, dia 15 de outubro de 1963. O lugar de Pedrouços, onde dificilmente chegava qualquer intervenção da Junta de Freguesia de Águas Santas, a que pertencia, as ruas, em grande parte, eram ainda de terra batida. Ter uma rua calcetada a paralelepípedo… era um “luxo”. É verdade que de longe-a-longe, dois cantoneiros com o Dumper, com um trabalhar e trepidação ruidoso como o motor de uma betoneira a gasóleo, visitavam o lugar de Pedrouços, para nas ruas mais principais, procederem a limpar valetas, ripando a erva daninha.

Como era terça-feira, dia de mercado e feira do gado, o dia despertou muito cedo ao som dos cascos dos animais e dos rodados de carros de bois. Era habitual este despertar semanal às terças-feiras, mas como estávamos no fim do verão, a azáfama era ainda mais intensa. Pois havia aqueles animais de engorda, de salgadeira para serem vendidos. Levava-se o porco ou porca à feira, já forte e gorda, vendia-se e comprava-se mais dois leitõezinhos para criar a lavagem, para a próxima venda.


O povo do lugar de Pedrouços, às portas da cidade do Porto, não esquecia que era terça-feira, porque o dia de mercado e feira do gado, despertava toda a comunidade, com muitos animais caminhando com os donos, em direção às oliveiras.

Bois, vacas, carneiros, porcos, … os vendedores de alfaias agrícolas, as hortaliceiras, galinheiras e coelheiras, até os carros de bois com produtos do campo, quer para o mercado quer para a feira do gado, despertavam o animado lugar de Pedrouços.

À porta da mercearia do Polónia, frente à viela dos Beirões, onde se vendia ainda o açúcar a peso, a farinha, os cereais e outros produtos, como o azeite, o petróleo por medida conforme a bolsa do cliente, os clientes e outros moradores que estavam por perto, deitaram a fugir para os Beirões quando um boi tresmalhado corria a rua Sacadura Cabral, ainda de terra batida e saibrenta, que fugira aos seus proprietários que o seguiam correndo de varas no ar para o tentar encurralar.

O corpulento boi de raça mirandesa, assustador, correu rua acima em direção ao “Largo dos Queimados”, com os seus criadores no seu encalço, enquanto se ouvia dos transeuntes em fuga: “Cuidado, anda um boi à solta!”

Todas as terças-feiras o lugar de Pedrouços vivia o grande momento de negócio, de trocas, compras e vendas. Era nesta altura que os lavradores e criadores de animais, trocavam o seu trabalho por dinheiro.

Tantos levavam os seus animais já crescidos para venda e após o negócio traziam mais uns novatos para continuarem esse processo de criação.

José Faria

 

 

 

terça-feira, 27 de maio de 2025

RUA MEDIEVAL LUIS DE CAMÕES

 
A RUA MAIS MEDIEVAL DE PEDROUÇOS
RUA LUÍS DE CAMÕES 

Tem o nome do grande poeta a rua mais medieval de Pedrouços.

Pelas suas caraterísticas, a rua Luís de Camões, deveria ser em tempos muito distantes, uma das mais importantes artérias do lugar de Petrauzos. Isso vê-se no tipo de construção e nas datas gravadas no granito, padieira, na “testa” das entradas das casas dos senhores feudais. Casas de lavoura e de habitação, que nos recorda esse passado dessa rua e desta localidade maiata.

Para melhor nos situarmos na distância, ao tempo de uma dessas datas, 1758 – MDCCLVIII –  gravada à entrada da casa dos “Cavadas”, tinham passado só três anos o terramoto tão mortal e destruidor de Lisboa, quando ela foi construída, era nessa altura rei de Portugal D. José I, que teve como secretário Marquês de Pombal, que muito se entregou à reconstrução de Lisboa.

Esta rua medieval, antes do piso ser calcetado a paralelepípedo, o chão era coberto com grandes lajes de pedra estilo romano ou medieval, gastas pelo uso e pelo tempo, com muitas marcas (rasgos) dos rodados dos carros puxados por animais. No seu início, frente a velhinha capela da rua António Feliciano de Castilho, a descida mais acentuada, era mesmo de pedreira.

Seria de todo importante a preservação de toda a fachada destas casas antigas, pois nelas reside muita informação do que foi o passado desta comunidade no tempo do feudalismo e esclavagismo também, fortemente vivendo da agricultura.

Para que se “veja” a importância desta terra que foi lugar da


freguesia e vila de Águas Santas, recorde-se que chegou a ter 19 casais (casas agrícolas de grandes lavradores). Pedrouços foi o segundo lugar mais importante da Maia, já que mais importante era o lugar de Ardegães, com 21 casais, localidade ainda ais enriquecida com a intensa atividade dos mitos moinhos nas margens do rio Leça, que procediam à moagem do milho e outros cereais.

E, como sempre, ou quase sempre, gosto de complementar poeticamente estes registos informativos, sobre a terra, as gentes e a sua história…

A RUA MEDIEVAL DE CAMÕES
- Pedrouços - Maia

É esta a rua mais medieval,
Que já tanta vida presenciou;
Em Pedrouços não há uma outra igual
Tanta lida e fé por aqui passou.
 
Num tempo de economia mais rural,
Do feudo que aqui tanto germinou;
A via-sacra aqui viveu o seu ritual,
Que o tempo há muito tempo já calou.
 
Bebeu suor do trabalho e da fadiga,
Deste povo da Maia secular,
Foi a rua da nobreza e de vilões.
 
Nesta terra é a rua mais antiga,
Até na pedra continua a se afirmar,
É do poeta Luís de Camões.
José Faria
 

quinta-feira, 22 de maio de 2025

JÁ ME BORRASTE A ESCRITA!

 COMO DIZIA O POVO…
JÁ ME BORRASTE A ESCRITA!

Esta é uma expressão popular de desagrado dita tantas vezes de forma espontânea em muitas situações.

- Com aquele vendedor que quer vender um produto por um determinado valor, e outro aparece a vender o mesmo produto por metade do preço;

- Com aquele escritor que empregou todo o seu saber e verdade numa determinada narrativa, e alguém a opina de forma negativa, ou a transcreve plagiando e a adulterando.

- Com o autor de uma determinada obra de arte, que quando passado algum tempo da sua divulgação pública, vê centenas de cópias da sua obra;

- Com aquele que cria um determinado evento social e cultural específico, e o vê invadido por outros mais primários valores, para o desvalorizar social e culturalmente;

- Com aquele que criou uma determinada palestra sobre valores relevantes da cultura, da comunidade e da vida humana, e convidou o político da terra para valorizar o evento, o qual, na sua intervenção, mais do que valorizar o evento e o seu autor, valorizou-se a si mesmo, realçando-se, e dessa forma (oportunista) desvalorizar o evento e o seu mentor que o convidou.

E porque hoje dia 22 de maio é dia do autor português, é um bom dia para os autores de arte, de escrita, de eventos socioculturais e musicais, refletirem, não só na sua entrega e dedicação aos seus feitos, como o de tentarem consequentemente, melhorar e inovar a sua criação, porque esse é o caminho que está na sua génese de autores criadores.

Nessa reflexão, casos haverão de arte e eventos de bom e grande sucesso, porque bem aceites, admirados, apoiados, publicitados e participados.

Mas outros haverão também, que porventura decaíram, quando, embora (mais ou menos) bem aceites, mais do que receberem apoio e colaboração, divulgação e publicitação, para desagrado do autor, sofrem infiltração primária e aumento com outros valores, com mais infantilidade e cores, de forma a desvalorizar a obra ou evento sociocultural que pretende enriquecer socialmente a comunidade onde se insere.

Este subtil controlo político sobre os autores criadores, leva-os, muitas vezes, a abandonar a sua criação (apoderada) e partir para outra, já que o evento deixou de ser a sua obra, para ser de outros, seguindo noutra direção de arte cultural, diferente daquela para a qual foi criada.

José Faria

quarta-feira, 21 de maio de 2025

O RESPEITO EM SOCIEDADE!

  É A AUSÊNCIA DE VALORES NO PENSAMENTO,
QUE IMPEDE A DEMOCRACIA DE BOM FUNCIONAMENTO!

Tal como refere o pequeno grande livro “O Culto da Incompetência, de Émile Faguet,
-“O desaparecimento do respeito, se não é, como consideraram Platão, Aristóteles e Montesquieu, um sintoma mórbido, é, pelo menos, uma coisa bastante grave.

Kant, perguntando ao que é que deve obedecer-se, qual o critério para se reconhecer ao que em nós mesmos devemos obedecer, respondeu que devíamos obediência ao que em nos exigisse apenas respeito, ao que não nos exija amor nem medo, mas nos pareça respeitável, por isso que o sentimento do respeito é o único que em si não engana.
Também na vida social só devemos obedecer aos sentimentos que exijam respeito, cumprindo-nos honrar e escutar os homens que o inspirem. Tal é o critério que devemos adotar, para sabermos a que e a quem devemos aplicar, se não a nossa obediência, pelo menos as nossas atenções e deferências. Os velhos são a consciência da nação. É uma consciência severa, triste, impertinente, teimosa, escrupulosa, de mau génio, repetindo sempre a mesma coisa, não há dúvida; mas é uma consciência, ou melhor, é a consciência!

A comparação pode prosseguir quanto mais não seja só pelo gosto de a continuarmos.
Ora, não se respeitando a consciência, esta altera-se e corrompe-se; acaba por se fazer pequena, humilde, tímida, acanhada, falando só em voz baixa por ser impossível que ela se cale absolutamente.
A consciência, nesses casos, faz-se sofistica, emprega a linguagem das paixões, que muito embora não sejam das vis, nem por isso deixam de ser paixões; deixa de ser imperiosa para se tornar persuasiva; já não ameaça, mas afaga. E, continuando a descer, aparenta indiferença, ceticismo, tédio, distração, para insinuar uma palavra prudente através das seduções e lenocínios, dir-vos-á, pouco mais ou menos que é provável que todas as coisas se equivalem; que vício e virtude, crime e probidade, pecado e inocência, brutalidade e delicadeza, libertinagem e pureza, são formas diversas de uma só atividade insuscetível de se enganar em absoluto em qualquer das suas expansões, sendo precisamente por estas coisas se equivalerem, que nada se perde, antes se ganha em ser honesto.

Da mesma forma a nação que não respeitar os seus velhos, altera-os, corrompe-os, desfigura-os. Como Montesquieu disse e muito bem, que o respeito dos mais novos ajuda os velhos a respeitarem-se a si mesmos! Os velhos não respeitados, desinteressam-se da sua natural ocupação; demitem-se de conselheiros ou só aconselham por meio de rodeios e como que pedindo perdão de o fazerem. Muitas vezes também aparentam uma moral muito frouxa para, sub-repticiamente, darem um conselho anódino, e o pior ainda é que os velhos, vendo o papel secundário e quase apagado que desempenham na sociedade, obstinam-se em não querer passar por velhos”.
- Narrativa transcrita na íntegra, das págs. nºs 114,115 e 116.

segunda-feira, 19 de maio de 2025

QUE A MEMÓRIA NÃO SE PERCA!

 
QUE A MEMÓRIA NÃO SE APAGUE
DOS QUE MAIS SERVIRAM PEDROUÇOS
MAIA

Admiro a boa gestão de vários cemitérios do grande Porto. E aqui bem próximo de Pedrouços, o de São Mamede Infesta é exemplar no respeito que tem e perpetua, por todos aqueles que contribuíram em prol da comunidade. Por isso lá se encontram dois marcos, entre dois círculos, em MEMÓRIA, de pessoas e de coletividades que serviram São Mamede Infesta.

Com tanto espaço disponível, o cemitério de Pedrouços há muito que ali deveria erguer um memorial para lembrar e perpetuar todos aqueles/as que muito deram de si à nossa comunidade, incluindo, tantos que contribuíram para a criação de freguesia, assim como para lembrar diversos artistas, de arte literária, pintura e outras artes, e que lamentavelmente, vão sendo esquecidos, quando poderiam servir de exemplo e até seguidos nessas artes.

Permitam-me, por agora, recordar o pintor professor da Escola de Belas Artes do Porto, que escolheu Pedrouços para viver e por cá esteve, até morrer, na rua Artur Neves, 333, durante cerca de 40 anos.

O pintor António Fernandes, que devido à sua idade avançada, com ele colaborei, coadjuvando na montagem de algumas exposições.

António Fernandes pintou muitas paisagens de Pedrouços, e no entanto, parece-me que nem uma ficou para mostra, tão gritante é a ausência cultural.

Sei que pintou muitas paisagens em Vilarinho das Furnas, antes das águas da barragem cobrirem toda a aldeia.

Por cá, como exercia por carolice e lazer serviço de cronista e repórter do então jornal da Maia, abordei-o várias vezes enquanto pintava. E também aprendi com ele, precisamente quando o via a levantar e recolher os apetrechos de pintura levando-me a questioná-lo: - O professor já vai embora, ainda é tão cedo! Ao que ele me respondia: - Já não dá para continuar, estão a aparecer muitas nuvens e a criar muitas sombras, a luz já não é a mesma, talvez amanhã dê para continuar.

ANTÓNIO FERNANDES, FOI GRANDE
PINTOR PAISAGISTA DE PEDROUÇOS

Entre os muitos locais que expôs, destaque-se a zona turística do Cais de Gaia, nas margens do rio Douro.

Entre as obras referidas, estão a óleo, a igreja de Pedrouços, os moinhos (desaparecidos) do ribeiro dos Amores e de aguarela a paisagem rural de Paredes, como documento em fotos. Em fotografia, pintando dos Beirões, o mestre da pintura paisagística António Fernandes, capta para a tela, os campos de cultivo, casa dos Pratas, a escola nº 1 e os pinheiros mansos ao lado.

Já se davam os primeiros passos na autarquia de Pedrouços, ainda com a casa de Augusto Simões conforme foi desocupada, quando o pintor se dedicou a pintar o velho edifício de lavoura que deu lugar a sede de junta de freguesia.

- Ora, voltando à forma como iniciei esta narrativa, torno a referir e a lamentar, que no cemitério de Pedrouços, pelo menos ainda não seja destacada a memória daqueles que já partiram e que são motivo de referência, de exemplo e de gratidão, já que Pedrouços vai ficando cada vez mais distante, de erguer um museu (como queria António Lopes Vaz, Dr.)ou Casa de Cultura, onde estes e outros valores deveriam ser divulgados, aumentados e promovidos.

José Faria

 

sábado, 17 de maio de 2025

RUA SACADURA CABRAL - PEDROUÇOS

 

SAIBA A QUEM SE REFERE AQUELE NOME
DAS RUAS DE PEDROUÇOS.
(Porque o saber não ocupa lugar)

Rua de Sacadura Cabral, entre as ruas de Gonçalo Mendes da Maia e a rua António Simões (Largo dos queimados).

Recorde-se que foi na rua Sacadura Cabral que se deram os primeiros trabalhos de instalação da nova junta de freguesia de Pedrouços, em 1985/1986 e onde o primeiro executivo com Francisco Araújo Dantas como presidente, deu início à gestão da região administrativa de Pedrouços.

Mas esta informação, tem como objetivo


, divulgar a quem se refere o nome das ruas desta freguesia, e desta vez, sobre quem foi Sacadura Cabral, nome da rua onde começou a junta de Pedrouços.

Sacadura Cabral, que efetuou com Gago Coutinho, a primeira travessia aérea do Atlântico Sul, nasceu a 23 de maio de 1881 e faleceu em 15 de novembro de 1924

Era filho primogénito de Artur de Sacadura Freire Cabral e de Maria Augusta da Silva Esteves de Vasconcelos. Após os estudos primários e secundários assentou praça em 10 de novembro de 1897 como aspirante de marinha e frequentou a Sala do Risco, antecessora da atual Escola Naval, onde foi o primeiro classificado do seu curso. Foi promovido a segundo-tenente em 27 de abril de 1903, a primeiro-tenente a 30 de setembro de 1911, a capitão-tenente em 25 de abril de 1918 e, por distinção, a capitão-de-fragata em 1922. Terminado o seu curso, seguiu em 1901, a bordo do São Gabriel, para a Divisão Naval de Moçambique. Em julho de 2024, por ocasião do centenário do seu falecimento, foi promovido ao posto de contra-almirante, a título póstumo.


Serviu nas colónias no decurso da Primeira Guerra Mundial. Foi um dos primeiros instrutores da Escola Militar de Aviação, diretor dos serviços de Aeronáutica Naval e comandante de esquadrilha na Base Naval de Lisboa.

Conheceu Gago Coutinho em África que o incentivou a dedicar-se ao problema da navegação aérea, o que levou ao desenvolvimento do sextante de bolha artificial. Juntos inventaram um "corretor de rumos" para compensar o desvio causado pelo vento. Realizou diversas travessias aéreas memoráveis, notabilizando-se especialmente em 1922, ao efetuar com Gago Coutinho, a primeira travessia aérea do Atlântico Sul.

Faleceu num desastre de aviação algures no Mar do Norte, em 1924, quando voava em direção a Lisboa, pilotando um avião que se despenhou.

O cadáver nunca foi encontrado.

Fonte:

https://en.wikipedia.org/wiki/Sacadura_Cabralnunca foi encontrado 

(Por José Faria)

sexta-feira, 16 de maio de 2025

RUA FERNANDO NAMORA - PEDROUÇOS - MAIA

 SABE A QUEM SE REFEREM AS RUAS DA SUA FREGUESIA DE PEDROUÇOS - MAIA !?

Fernando Namora, é nome da rua com início na rua das Enxurreiras, junto à Circunvalação, e término na rotunda da Fonte Luminosa.
“Fernando Gonçalves Namora, nasceu a 15 de abril de 1919 e faleceu a 31 de janeiro de 1989.
Foi médico e escritor, agraciado com o Prémio Ricardo Malheiros, Medalha de ouro da “Societé” d’Encouragement au Progrés e Prémio D. Dinis.
Magnum opus – Deuses e demónios da medicina.
Autor de uma extensa obra, das mais divulgadas e traduzidas nas décadas de 1970 e 1980. Em Condeixa-a-Nova, existe uma escola secundária com o seu nome.
O seu volume de estreia foi Relevos (1937), livro de poesia, porventura sob a influência de Afonso Duarte e do grupo da Presença. Mas já publicara, em conjunto com Carlos de Oliveira e Artur Varela, um pequeno livro de contos Cabeças de Barro. Em (1938) surge o seu primeiro romance, As Sete Partidas do Mundo, que viria a ser galardoado com o Prémio Almeida Garrett no mesmo ano em que recebe o Prémio Mestre António Augusto Gonçalves, de artes plásticas - na categoria de pintura. Ainda estudante e com outros companheiros de geração funda a revista Altitude e envolve-se ativamente no projeto do Novo Cancioneiro (1941), coleção poética de 10 volumes que se inicia com o seu livro-poema Terra, assinalando o advento do neorrealismo, tendo esta iniciativa coletiva, nascida nas tertúlias de Coimbra, de João José Cochofel, demarcado esse ponto de viragem na literatura portuguesa. Na mesma linha estética, embora em ficção, é lançada a coleção dos Novos Prosadores (1943), pela "Coimbra Editora", reunindo os romances, Fogo na Noite Escura de Namora, Casa na Duna de Carlos de Oliveira, Onde Tudo Foi Morrendo de Vergílio Ferreira, Nevoeiro de Mário Braga ou O Dia Cinzento de Mário Dionísio, entre outros.” (…/…)