EM SÃO MIGUEL O ANJO

segunda-feira, 29 de março de 2021

LENDAS DA MAIA

LENDAS DAS 17 FREGUESIAS DA MAIA ANTES DA UNIÃO

Águas Santas3 Lendas, -  Fonte de Aqui Sanctys - a da Guadalupe e a Vozes da Cova da Moura

Na Barca – lenda do Senhor da Cruz e Senhora do Encontro

Em Fogosa Lenda São Frutuoso e os Passarinhos

Em GemundeLenda do Santo Preto

Em GondimLenda do Divino Salvador

Em GueifãesO Regresso das Jumentinhas

Freguesia da Maia 2 lendas, – D. Afonso, D. Gonçalo e o Eremita, e a da Morte do Lidador

Em Milheirós Lenda de Santiago e os Mouros

Em Moreira - Lenda do Santo Lenho

Em NogueiraSanto António e o Menino

Em Pedrouços, 4 lendas, - a Capela, o Cristo e a Cobra, a do Boi Morto, a da Morte do Rapaz das Laranjas e a do Ribeiro dos Amores.

Em Santa Maria de AviosoLenda da Bicha Moura

Em São Pedro de AviosoLenda da Pastora Maya

Em São Pedro de FinsLendas de São Pedro de Fins

Em Silva Escura/Nogueira – Lenda do Milagre de Santo António       

Em Vermoim Lenda de São Romão e os Leprosos

Em Vila Nova da Telha Lenda das Pinhas de Ouro

José Faria

terça-feira, 23 de março de 2021

VOA PENSAMENTO

 

Aonde vais de novo pensamento,
Nesse apressado sentir de pulsações;
Para que levas para longe este momento,
Deste corpo todo ele de emoções.
 
Eu sei do teu temperamento,
Da teimosia ousada e das razões;
Desde que a vida teve nascimento,
E da soma de infinitas gerações.
 
Voa de novo, vai, não percas tempo,
Traz-me a verdade que houver nos corações;
Traz-me o sentir e o saber, contentamento,
Onde florescem verdades de ilusões.
 
Vai, não pares pensamento!
Traz-me o melhor dos povos e das nações;
Não te percas na mentira ou fingimento,
Nem nos males que criam frustrações.
 
Vai pensamento, não percas tempo,
Traz-me o saber e mais conhecimento
Para o oferecer às novas gerações.
José Faria
 

sábado, 13 de março de 2021

CASTRO DE ALVARELHOS

 MUITAS REVELAÇÕES TRARÃO AS ESCAVAÇÕES

As novas escavações e estudos arqueológicos que se estão a efetivar naquele espaço de ruínas, que em tempos ancestrais foi designado de “castellvm madiae” – o castro dos madequisenses – foi de um povo indígena que ali habitou a partir do século II a.C.
Na minha anterior visita a 13/08/2020, os trabalhos tinham-se iniciado em abril e incidiam no reforço do pavimento de acesso ao castro.
Hoje, 13/03/2021, já os muros estão erguidos, restaurados, e as novas escavações já mostram mais indícios de muros divisórios das habitações.
Segundo informação no sítio web da Câmara Municipal da Trofa, “depois da Candidatura “Promoção, Valorização e Beneficiação do Castro de Alvarelhos” ser aprovada no final do ano passado, as escavações e os estudos arqueológicos começaram no passado dia 20 de abril de 2020.

Esta operação foi aprovada no âmbito de uma candidatura submetida pela Câmara Municipal da Trofa ao Programa Norte 2020, com um investimento elegível de quase 438 mil euros, que será comparticipado em 85%. (…/…) possibilitando a criação de condições de acesso e de visitação daquele monumento nacional, tornando o Castro de Alvarelhos acessível a todos, que contará com um posto de apoio, áreas de estacionamento e estadia.”

Depois da minha anterior visita, onde lamentava a falta de intervenção, (ver vídeo https://www.youtube.com/watch?v=qDeoFqRSMIk&t=353s ) foi gratificante constatar agora, que no Castro de Alvarelhos se realizam novas escavações que vão mostrando que há ainda muito, mas muito, por desvendar do que se encontra debaixo de terra.
- “De recordar que o Castro de Alvarelhos é Monumento Nacional, desde 16 de junho de 1910, que beneficia de uma Zona Especial de proteção desde 1976, retificada e ampliada em 1992. Teve várias épocas de ocupação, desde os finais da Idade do Bronze à Idade Média, e delas guarda vestígios materiais e arquitetónicos.
O povoado estende-se desde o cabeço, denominado “Monte Grande”, pela encosta abaixo, na direção nordeste, ladeado por duas linhas de água, numa extensa área que o coloca entre os maiores do Noroeste Peninsular. A sua localização, na encosta voltada ao fértil vale aluvionar, é sugestiva do carácter agropastoril das comunidades que o habitaram ao longo dos tempos.”
Como habitualmente, a minha atividade desportiva de pedalar livremente à descoberta de valores culturais e do património humano e da natureza, continua a oferecer-me novos conhecimentos do presente e do passado.
Por isso e para isso, nesta rota de bicicleta, voltei a colocar as mãos sobre as pedras da audiência onde existirão também “energias” do muito que junto a elas se terá passado no passado, e que me influenciam a partir sempre à descoberta de mais e mais do que fomos, para melhor entender o que somos.
- Por José Faria

Mais informação em TROFA NEWS: https://trofanews.pt/noticia.php?id=541#.YE0EMp37TIV

quarta-feira, 10 de março de 2021

A FONTE DO EREMITA

LENDA DA FONTE DO EREMITA
E DAS TROPAS DE D. AFONSO HENRIQUES.
Maia

Reza a lenda que o exército cristão libertador, sedente e exausto, liderado por D. Afonso Henriques, tendo por braço direito Gonçalo Mendes da Maia, viajava já há muitos dias por campos, montes e vales a caminho das terras da Maia, ansiosos por encontrar uma fonte de água.
No caminho cruzaram-se com um velho eremita que seguia sobre um burrito, a quem perguntaram se sabia de alguma fonte ou nascente nas imediações.
O eremita respondeu-lhes que conhecia um poço comunitário, num pequeno povoado, mas a mais de cinco léguas dali, lá mais para norte.
Mas ao ver as bandeirolas de Cristãos Libertadores, seguidores de Deus, disse-lhes que se o Deus dos cristãos era assim tão poderoso, então que fizesse nascer ali mesmo uma fonte. – “Se o fizer, até eu passo a ser cristão”, disse o eremita.
Calmamente e muito compenetrado, D. Afonso Henriques, deu ordem para descansarem ali. Desmontou também do cavalo e sob o olhar atento de Gonçalo Mendes da Maia, retirou-se alguns metros para junto de uns penedos, onde se ajoelhou a rezar.
Ao levantar-se para regressar junto das suas tropas, ouviu e sentiu um pequeno estalido debaixo dos pés e, ao olhar para o chão, viu jorrar da base das rochas uma nascente de água pura e fresca, que logo formou um pequeno regato. Sequiosos e perante o milagre, todos os cavaleiros se ajoelharam a beber da água que corria.
Boquiaberto, o eremita bebeu também e encheu os seus cantis, e perante todos, prometeu devotar-se para sempre ao cristianismo e defender as leis de Deus.
 
A LENDA DO EREMITA
 
Seguia o exército cansado e sequioso,
Por D. Afonso Henriques comandado;
Até que Gonçalo Mendes cuidadoso,
Lhe pediu para descansarem um bocado.
 
Um eremita num burro se aproximou,
Na sua direção subindo o monte;
A quem D. Afonso perguntou,
Se conhecia por ali alguma fonte.
 
Encontrar uma aqui, só por sorte,
A fonte mais próxima está distante;
A mais de cinco léguas para norte,
O melhor será seguir adiante.
 
Se a vossa fé não vos mente,
E vosso Deus é o mesmo de Abraão;
Que faça aqui surgir uma nascente,
Que até eu passarei a ser cristão.
 
Mandou Gonçalo Mendes desmontar,
E quando D, Afonso se deslocou,
Para junto de um penedo e aí rezar,
Foi quando o seu exército descansou.
 
D. Afonso Henriques após orar.
Sentiu junto a si o chão tremer;
E quando aos pés desceu o olhar
Viu uma fonte de água a nascer.
 
Todos se ajoelharam em gratidão,
A encher os cantis e a beber;
O Eremita passou a ser cristão,
E às leis de Deus sempre obedecer.

(Poesia de José Faria)

terça-feira, 9 de março de 2021

PRIMAVERA SORRIDENTE

Está a chegar a primavera sorridente,

De alma aberta dada ao seu tempo, 
Traz os prados floridos para a gente; 
E as searas de ouro dão-se ao vento.


O meu olhar está no seu encalço, 
Quer abraçá-la de contentamento; 
Cumprimentá-la com meu pé descalço, 
Senti-la em mim todo o seu tempo.

 

Rever lembranças, flores de pureza, 
De aventuras da minha mocidade, 

De verdades, fantasia e de quimera;


Este milagre da vida, esta grandeza,

Traz fartura da mãe terra e felicidade;
Nas flores de toda a primavera.

José Faria

 

OS PEQUENOS LIVRINHOS DO PASSADO

 

A ARTE LITERÁRIA E A LEITURA DO PASSADO

O gosto e o hábito da leitura em pequenos livrinhos do passado, ensinavam mais a ler e a escrever corretamente, do que todas as redes sociais de poucas palavras e muitas imagens.

O despertar para esta questão, surgiu-me quando ao revolver os espaços parados da biblioteca, acomodei alguns desses livrinhos muito bem escritos, cheios de história e ação.

Dei uma vista de olhos no COW-BOY sobre “Um gun-Man À solta. Depois desfolhei outro com o título: Neve sobre as armas… e “Frente ao Perigo” o artista na “Coleção Cascavel.

Para além de cowboyadas, haviam também de estórias de guerra, onde a forma de se escrever corretamente, instruíam na capacidade de correta leitura, ponderada, reagente e obediente à construção da frase e à pontuação.

A coleção “Patrulha em Combate”, era uma dessas séries que abordavam estórias de guerra e títulos como este: “A Morte, Essa Desconhecida”.

Pois até por aqui, nestes livrinhos, essa arte e literacia do passado, se aprendia muito mais do que hoje nas redes sociais, onde correm rios de erros ortográficos, disparates literários de todos os tamanhos, e todo o tipo de escritas e de imagens envoltas em obscenidades insultuosas à arte e à cultura, evidenciando uma comunicação excessivamente fácil e de qualquer jeito, onde parafrasear deixa tanto a desejar; onde o desdém e o “bota acima e bota abaixo”, valem mais do que a EDUCAÇÃO e a partilha de valores.

Era nesses pequenos livrinhos que se encontrava moderação, e até aprendizagem na construção da palavra, da frase, do texto… ainda havia as diversões aos quadradinhos com o Tio Patinhas a dar lições de poupança, e da sua caixa forte, que aos pequenos (e grandes) leitores, tanto motivava à posse de mealheiro para guardarem do “riso para a chora”.

Muitas lições e aprendizagem continham esses livrinhos de bolso quase esquecidos.

 

 VALOR DA ARTE

 

Há olhos pequenos em pequeno pensamento,

Tão pobres na leitura da arte e do autor,

Pela forma de ver, e fraco entendimento,

Valoriza o tamanho e nunca o seu valor.

 

Seja escultura, livro ou monumento,

Só a vê se com esplendor,

Pois no tamanho é que vê o talento;

Quando a arte requer olhos de condor.


Até no grão da semente a vida é grata,

E se mostra em pequenas dimensões,

Na imensidão da arte e seu louvor;

 

Vale mais um grão de ouro ou de prata,

Do que tantas inúteis construções;

Ou que grandes livros só de capa.

José Faria

sábado, 6 de março de 2021

AS AVES E AS FLORES

 AS AVES E AS FLORES
SÃO A ALMA DA PRIMAVERA

Habitualmente associamos a estação da primavera às flores. Pois, é nesta estação do ano, que tem início o reaquecimento do clima que muito contribui para a renovação da vida da fauna e da flora.
Com o despontar de novos rebentos na vegetação e das flores nos prados e jardins, desperta o alegre canto das aves que acompanham, graciosamente, esta milagrosa inovação cíclica, este revestir-se de novo da mãe natureza.

Atarefadas a mando da primavera e num frenesim constante
iniciado sempre ao despertar da aurora, as frágeis e delicadas avezinhas de pequeno porte, e
m sintonia com a nova verdura e as novas cores das flores, abrilhantam e anunciam musicalmente, o porvir de novos frutos doados pela mãe terra.

Vejo-as e delicio-me da minha janela, nos parques e jardins, um pouco por toda a parte. E são muitas as espécies destas avezinhas que presencio, fotografo e filmo:

O pombo-bravo, toutinegra-de-cabeça-preta, felosa-comum, estrelinha de
Cabeça-listada, tentilhão, verdilhão, melro-preto, rola, carriça, chamariz – parente do canário, pintassilgo, pisco-de-peito-ruivo, pega rabuda, poupa.

Muitas vezes me inspiram pela sua delicada graça e canto, levando-me a criar poesia.

           PARDAIS DA FITEIRA                                     

Os pardais do meu jardim,
Adoram a minha fiteira;
Que cresce perto de mim,
Com penas de brincadeira.
 
Ao nascer do dia é assim,
Todos vem para a minha beira.
Brincam e cantam para mim,
Com a graça prazenteira.
 
Pequenas aves graciosas,
De voos tão espalhados,
Lembram infância e saudade;

Rebeldes, traquinas, vistosas,
No campo, árvores, telhados;
São donas da liberdade.

O seu encanto atarefado orientado para namoros e construção de ninhos, onde acomodarão as suas posturas e os ovinhos que nos trarão a nova geração de delicadas cantadoras e cantadores.
E são muitas as espécies de bicos melodiosos e sedutores, a exibirem-se no auge da sua primaveril inspiração para o canto e para o namoro.
 
Apesar de toda a sua frágil graciosidade, tão alegre e animadora, ainda há quem aprisione as avezinhas em gaiolas, como se o seu canto aprisionado fosse tão livre como o da vida em liberdade.
Desconhecem os infratores sem escrúpulos, que prendem estas aves, que as coimas a que estão sujeitos são elevadas, para além da sujeira com que ficará o seu registo criminal, como pessoa criminosa da biodiversidade.
Se quem não gosta de estar preso, porque aprisiona a mais pura liberdade?

Por isso, sejamos solidários, responsáveis e atentos, e não esqueçamos que a captura de aves, ou qualquer animal da nossa fauna, para manter em cativeiro ou para alimentação além de proibição de pesadas penas, é de arrogante crueldade!

Tortura da ave pela crueldade humana
Se tiver conhecimento de alguma situação, denuncie ao SEPNA (GNR) mais próximo ou à Linha SOS Ambiente e Território 

(808 200 520).
Se tem algum animal selvagem na sua posse sem a devida licença, pode entregá-lo voluntariamente no Centro de Recuperação mais próximo da sua área para que se proceda à sua recuperação e posterior devolução à natureza.
A campanha “Diga NÃO aos passarinhos na gaiola e no prato” é coordenada pela SPEA e tem como parceiros a ALDEIA, através do CERVAS e do RIAS, A Rocha, o Parque Biológico de Gaia, a ATN, a LPN e a Quercus.


LEI PROTEÇÃO DA NATUREZA E DA BIODIVERSIDADE
 
O Decreto-Lei nº 75/91, publicado no Diário da República nº 37/1991, Série I-A de 1991/02/14, que estabelece as medidas de proteção das aves que vivem no estado selvagem, e que se encontram seriamente ameaçadas (…/…) e nos termos da alínea a) do nº 1 do artigo 201 da Constituição decreta o Governo decreta o seguinte:
Artigo 1.º - 1 - Com vista à conservação das espécies de aves que vivem no estado selvagem em território nacional, o presente diploma estabelece medidas de proteção das aves, ninhos e ovos e de salvaguarda dos respetivos ‘habitats’.
Para além de muitos mais artigos e alíneas do referido decreto Lei, destaco aqui o Art. 5.º: -  “Sem prejuízo do disposto no artigo anterior e com vista à proteção das aves selvagens que vivem no estado bravio em território nacional, é proibido:
a) Abater, capturar ou deter os espécimes respetivos, qualquer que seja o método utilizado;
b) Destruir, danificar, colher ou deter os seus ninhos e ovos;
c) Perturbar intencionalmente os respetivos espécimes durante o período de reprodução e dependência.
O Art. 6.º:  - 1 - Salvo o disposto no número seguinte, é proibida a comercialização de espécimes vivos ou mortos das aves que vivem em estado selvagem em território nacional, bem como de qualquer parte ou produto obtido a partir dessas aves e que seja facilmente identificável.
O Art. 9.º : - 1 - As funções de fiscalização para efeitos do presente diploma competem aos funcionários agentes do SNPRCN, da Direcção-Geral das Florestas, da Guarda Fiscal, da Guarda Nacional Republicana demais autoridades policiais. 2 - As associações de defesa do ambiente podem também exercer funções de fiscalização no âmbito do presente diploma, denunciando as infrações de que tiverem conhecimento junto das entidades referidas no número anterior.
E o Art. 10.º:  - 1 - As infrações ao disposto no artigo 5.º e no n.º 1 do artigo 6.º constituem contraordenação punível com coimas de 5000$00 a 500000$00. 2 - As infrações ao disposto na regulamentação prevista nos nºs 2 e 3 do artigo 6.º constituem contraordenação punível com coimas de 3000$00 a 250000$00. 3 - As infrações ao disposto nos nºs 2 e 3 do artigo 7.º e no artigo 8.º constituem contraordenação punível com coimas de 4000$00 a 400000$00.
4 - No caso de as infrações referidas nos números anteriores serem da responsabilidade de pessoa coletiva, a coima aplicável elevar-se-á, em caso de dolo, até ao montante máximo de 12 vezes.
Porque amante da natureza, entendi importante coadjuvar na divulgação destas proibições, pela alegria e felicidade que as aves emprestam à primavera e a toda a natureza; e contra a destruição causada pelos infratores e agressores da vida selvagem, e do património natural que é de todos e por todos tem que ser respeitado, defendido e preservado.

Diga não à captura, abate e consumo de animais selvagens, e denuncie o incumprimento da lei.

- Ver revisão atual da Lei: Decreto Lei nº140/99, de 24 de abril:

https://dre.pt/pesquisa/-/search/536213/details/maximized
Diário da República n.º 217/2013, 2º Suplemento, Série I de 2013-11-08

José Faria

quinta-feira, 4 de março de 2021

LIMPO REGRESSO

 LIMPO REGRESSO

Mantém a vida arrumada,
A existência organizada,
E a paz no pensamento;
 
Pode a tua caminhada,
Ter partida inesperada,
Findar a qualquer momento.
 
Limpa e purificada,
Foi aqui tua chegada,
Logo após teu nascimento;
 
Mantém a vida arrumada,
Termina cada jornada;
Que foi dada ao teu tempo.
 
Possivelmente, quando concebi este soneto que intitulei de “Limpo Regresso”, o meu pensamento estaria sensivelmente debruçado a fabricar uma mensagem de aconselhamento humano, a cuidados que todos deveríamos ter. 


Isto, porque tudo na vida tem um tempo, e o nosso tempo tem só uma vida, a nossa, de cada um. E esta abordagem vem a propósito do envelhecimento, cuja degenerescência e declínio só não é uma virtude para os que ficam pelo caminho, sem o prazer de conhecerem e sentirem os valores da velhice.
E aqui chegados, é por demais evidente que pode a nossa caminhada, ter partida inesperada e findar a qualquer momento.
É verdade que hoje, com o mundo tão diferente e de vidas todas obcecadamente informatizadas, o envelhecimento não é diferente do passado; contudo no passado, andava-se mais devagar, vivia-se mais devagar e a atenção pela vida tinha outros valores, e ser velho ancião, também merecia mais respeito e atenção. E depois, no passado haviam menos velhos que evidenciavam e muito bem contaminavam, com as suas virtudes de saber de experiências vividas, de paciência, de compreensão e contemplação.
Hoje, com a sociedade e o mundo imbuídos e comandados pelas ciências das chamadas novas tecnologias de comunicação (online), tão próximos virtualmente e tão ausentes presencialmente, os que vão sentindo e manifestando a sua natural virtude na degenerescência e declínio, deixam de merecer a devida atenção. Sobressaem, no entanto, os cuidados de saúde que lhes vão sendo prestados, porque as virtudes da velhice deixaram de ter qualquer importância nas sociedades destes novos tempos, muito dadas ao trabalho, a excessivas burocracias e tecnologias de rápidas comunicações.
A velhice é um posto, dizem alguns; embora já seja um posto para o próprio que a essa idade de ancião chegou, com mais tempo de vida vivida, com mais naturais conhecimentos e experiências adquiridas. Logo, bem podiam ser vistos como professores e nalguns casos, com mais saber e lucidez, até como mestres. Porque o tempo de múltiplas experiências e vidas vividas, também é professor de cada um, de todos quantos saibam reunir e tirar proveito do melhor da sua vida.
Daí, outro soneto baseado precisamente no “professor Tempo”:
 
O MEU PROFESSOR                      
 
O meu professor é o tempo,
No tempo em que me tem;
Dono do meu pensamento,
Meu saber dele provém.
 
Nele encontro e ganho alento,
Como na vida convém;
Todo ele é ensinamento,
Com saber, como ninguém.
 
Só quem dá tempo ao tempo,
Mais perto está da verdade,
E dos valores da existência.
 
Nele encontra crescimento,
Caminho de liberdade,
E a paz da consciência.
 
Sejam quais forem os juízos de valor e de compreensão que esta minha abordagem possa produzir em quem me lê, que prevaleça em todas e quaisquer circunstâncias, a mensagem do último terceto do primeiro soneto que aqui publico, para que a paz e a tranquilidade façam parte das virtudes de todos e todas que puderam e souberam chegar às virtudes da terceira idade.
José Faria