LIMPO REGRESSO
LIMPO
REGRESSO
Mantém
a vida arrumada,
A
existência organizada,
E
a paz no pensamento;
Pode
a tua caminhada,Ter
partida inesperada,
Findar
a qualquer momento.
Limpa
e purificada,
Foi
aqui tua chegada,
Logo
após teu nascimento;
Mantém
a vida arrumada,
Termina
cada jornada;
Que
foi dada ao teu tempo.
Possivelmente,
quando concebi este soneto que intitulei de “Limpo Regresso”, o meu pensamento estaria
sensivelmente debruçado a fabricar uma mensagem de aconselhamento humano, a
cuidados que todos deveríamos ter.
Isto, porque tudo na vida tem um tempo, e o
nosso tempo tem só uma vida, a nossa, de cada um. E
esta abordagem vem a propósito do envelhecimento, cuja degenerescência e declínio
só não é uma virtude para os que ficam pelo caminho, sem o prazer de conhecerem e
sentirem os valores da velhice.
E aqui chegados, é por demais evidente que pode a nossa caminhada, ter partida inesperada e findar a qualquer momento.
É verdade que hoje, com o mundo tão diferente e de
vidas todas obcecadamente informatizadas, o envelhecimento não é diferente do
passado; contudo no passado, andava-se mais devagar, vivia-se mais devagar e a atenção pela vida tinha
outros valores, e ser velho ancião, também merecia mais respeito e atenção. E depois,
no passado haviam menos velhos que evidenciavam e muito bem contaminavam, com as suas
virtudes de saber de experiências vividas, de paciência, de compreensão e contemplação.Hoje, com a sociedade e o mundo imbuídos e comandados
pelas ciências das chamadas novas tecnologias de comunicação (online), tão
próximos virtualmente e tão ausentes presencialmente, os que vão sentindo e
manifestando a sua natural virtude na degenerescência e declínio, deixam de merecer a devida atenção. Sobressaem,
no entanto, os cuidados de saúde que lhes vão sendo prestados, porque as
virtudes da velhice deixaram de ter qualquer importância nas sociedades destes
novos tempos, muito dadas ao trabalho, a excessivas burocracias e tecnologias de rápidas
comunicações.
A
velhice é um posto, dizem alguns; embora já seja um posto para o próprio que a essa idade de ancião chegou, com mais tempo de vida vivida, com mais naturais conhecimentos e experiências adquiridas. Logo, bem podiam ser vistos como professores
e nalguns casos, com mais saber e lucidez, até como mestres. Porque o tempo de múltiplas
experiências e vidas vividas, também é professor de cada um, de todos quantos saibam reunir e tirar proveito do melhor da sua vida.
Daí,
outro soneto baseado precisamente no “professor Tempo”:
O MEU PROFESSOR
O meu professor é
o tempo,
No tempo em que
me tem;
Dono do meu
pensamento,
Meu saber dele
provém.
Nele encontro e
ganho alento,Como na vida
convém;
Todo ele é
ensinamento,
Com saber, como
ninguém.
Só quem dá tempo
ao tempo,
Mais perto está
da verdade,
E dos valores da
existência.
Nele encontra
crescimento,
Caminho de
liberdade,
E a paz da
consciência.
Sejam quais forem
os juízos de valor e de compreensão que esta minha abordagem possa produzir em
quem me lê, que prevaleça em todas e quaisquer circunstâncias, a mensagem do
último terceto do primeiro soneto que aqui publico, para que a paz e a
tranquilidade façam parte das virtudes de todos e todas que puderam e souberam
chegar às virtudes da terceira idade.
José Faria
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