EM SÃO MIGUEL O ANJO

quinta-feira, 4 de março de 2021

LIMPO REGRESSO

 LIMPO REGRESSO

Mantém a vida arrumada,
A existência organizada,
E a paz no pensamento;
 
Pode a tua caminhada,
Ter partida inesperada,
Findar a qualquer momento.
 
Limpa e purificada,
Foi aqui tua chegada,
Logo após teu nascimento;
 
Mantém a vida arrumada,
Termina cada jornada;
Que foi dada ao teu tempo.
 
Possivelmente, quando concebi este soneto que intitulei de “Limpo Regresso”, o meu pensamento estaria sensivelmente debruçado a fabricar uma mensagem de aconselhamento humano, a cuidados que todos deveríamos ter. 


Isto, porque tudo na vida tem um tempo, e o nosso tempo tem só uma vida, a nossa, de cada um. E esta abordagem vem a propósito do envelhecimento, cuja degenerescência e declínio só não é uma virtude para os que ficam pelo caminho, sem o prazer de conhecerem e sentirem os valores da velhice.
E aqui chegados, é por demais evidente que pode a nossa caminhada, ter partida inesperada e findar a qualquer momento.
É verdade que hoje, com o mundo tão diferente e de vidas todas obcecadamente informatizadas, o envelhecimento não é diferente do passado; contudo no passado, andava-se mais devagar, vivia-se mais devagar e a atenção pela vida tinha outros valores, e ser velho ancião, também merecia mais respeito e atenção. E depois, no passado haviam menos velhos que evidenciavam e muito bem contaminavam, com as suas virtudes de saber de experiências vividas, de paciência, de compreensão e contemplação.
Hoje, com a sociedade e o mundo imbuídos e comandados pelas ciências das chamadas novas tecnologias de comunicação (online), tão próximos virtualmente e tão ausentes presencialmente, os que vão sentindo e manifestando a sua natural virtude na degenerescência e declínio, deixam de merecer a devida atenção. Sobressaem, no entanto, os cuidados de saúde que lhes vão sendo prestados, porque as virtudes da velhice deixaram de ter qualquer importância nas sociedades destes novos tempos, muito dadas ao trabalho, a excessivas burocracias e tecnologias de rápidas comunicações.
A velhice é um posto, dizem alguns; embora já seja um posto para o próprio que a essa idade de ancião chegou, com mais tempo de vida vivida, com mais naturais conhecimentos e experiências adquiridas. Logo, bem podiam ser vistos como professores e nalguns casos, com mais saber e lucidez, até como mestres. Porque o tempo de múltiplas experiências e vidas vividas, também é professor de cada um, de todos quantos saibam reunir e tirar proveito do melhor da sua vida.
Daí, outro soneto baseado precisamente no “professor Tempo”:
 
O MEU PROFESSOR                      
 
O meu professor é o tempo,
No tempo em que me tem;
Dono do meu pensamento,
Meu saber dele provém.
 
Nele encontro e ganho alento,
Como na vida convém;
Todo ele é ensinamento,
Com saber, como ninguém.
 
Só quem dá tempo ao tempo,
Mais perto está da verdade,
E dos valores da existência.
 
Nele encontra crescimento,
Caminho de liberdade,
E a paz da consciência.
 
Sejam quais forem os juízos de valor e de compreensão que esta minha abordagem possa produzir em quem me lê, que prevaleça em todas e quaisquer circunstâncias, a mensagem do último terceto do primeiro soneto que aqui publico, para que a paz e a tranquilidade façam parte das virtudes de todos e todas que puderam e souberam chegar às virtudes da terceira idade.
José Faria

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