EM SÃO MIGUEL O ANJO

segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

LEONARDO COIMBRA

Leonardo Coimbra nasceu há 140 anos.

Num tempo em que os valores culturais e o progresso escolar e educativo /formativo, valiam mais do que passados esses 140 anos. 
Hoje, o consumismo exacerbado em todos os passos da actividade económica, calou e continua a calar a cultura e os valores lançados e projectados para a humanidade, por Leonardo Coimbra, como tantos como ele que nem sabiam nem queriam saber o que é futebol, novelas, atritos e conflitos desviantes do caminho do progresso da humanidade.


Já lá vão 87 anos desde que partiu, e no entanto do tanto que escreveu, continua tão actual e intemporal, pois parece que tudo se desaprendeu. - São ciclos os avanços e retrocessos da humanidade e vive-se esse momento, possivelmente de meio século de retrocesso de sapiência, tempo a vaidade, a ostentação, o poder e o dinheiro por maior valência.


"Leonardo Coimbra, Obras de Leonardo Coimbra, ed. Lello e Irmão, 2 volumes, Porto, 1983 (Vol. I: Criacionismo - Esboço de um Sistema Filosófico; Criacionismo - Síntese Filosófica; A Alegria, a Dor e a Graça; Do Amor e da Morte; A Questão Universitária; A Rússia de Hoje e o Homem de Sempre. Vol. II: Pensamento Criacionista; A Morte; Luta pela Imortalidade; O Pensamento Filosófico de Antero; Problema da Indução; A Razão Experimental; Notas sobre a abstracção científica e o silogismo; Jesus; S. Francisco de Assis; Problema da Educação Nacional; S. Paulo de Teixeira de Pascoaes, O Homem às Mãos com o Destino).
Leonardo Coimbra, Dispersos I - Poesia Portuguesa, Lisboa, 1984.
Leonardo Coimbra, Dispersos II - Filosofia e Ciência, Lisboa, 1987.
Leonardo Coimbra, Dispersos III - Filosofia e Metafísica, Lisboa, 1988.

domingo, 22 de dezembro de 2019

INCULTURA

Difícil é se encontrar,
Uma tertúlia elevada;
Capaz de ter e ofertar
A gramática respeitada.

São tantos a poetizar,
Escrita mal cuidada;
Quer seja ou não a rimar,
Anda a língua maltratada.

A ler ou declamar,
Escrevem-na como falada;
Não conseguem vislumbrar,
Que o que leem não é nada.

É poesia? – Nem pensar!
Se nem é prosa pensada;
É só letra para deixar
A cultura perturbada,

Que se quer valorizar,
E ser mais frutificada;
Que exige a quem a criar,
Seja decente e letrada.

Para promover e organizar,
Esta escrita selecionada;
Tem mesmo que se separar,
Quem a anda a estorvar,
Que de cultura não tem nada.
José Faria

quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

TROVOADA DO DIABO


Anda o diabo à solta,
Traz tudo despenteado;
Foge, corre, vai e volta,
Parece desnorteado.

Tudo sacode e revolta,
Está fulo e mal-humorado;
Roda e reviravolta,
Está mesmo esgazeado.

Continua a ameaçar
Que vai buscar aguaceiros
E pôr a terra inundada.

E não o diz a brincar,
Aqueles olhos matreiros
Já anunciam trovoada.
18/12/2019
José Faria

quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

AOS OPERÁRIOS

OPERÁRIO

Calosas mãos sempre entorpecidas,
Seca a pele dura pelo cimento;
É também a branca cal esquecimento,
Só se mantém o saber em mãos feridas.

Saber de ti, qualidades esquecidas,
Noutros há onde não há esquecimento;
Que te dão, com fim no lucro, sofrimento,
Dilatando de riqueza ócias vidas.

Mais um dia sobrevives e são doridas,
Essas mãos que ao mundo dão aumento;
Dissipa-se o que é teu e por direito,
Restando só essa côdea que mastigas.

Sobre o solo as tuas obras são erguidas,
Porque lutas pela vida contra o tempo;
De sadia existência há impedimento,
Para as mãos que as cria e são devidas.

Dão-te valor dóceis palavras, fingidas,
Falsas razões, vãs, que te são tormento;
Dá-te a fome obrigado ensinamento,
E morrendo vais de forças emagrecidas.
 José Faria

terça-feira, 10 de dezembro de 2019

REGRESSO AO PASSADO


GUIMARÃES
Caminhava a chuva indiferente,
Na solidão do caminho a passo lento;
Por onde Portugal se fez gente,
Regando o coletivo pensamento,


À frente do Castelo o Rei presente,
Ainda hoje é raiz e fundamento;
Incentivo lusitano exigente,
Senhor das conquistas deu talento.

A solidão em passos enevoados,
Entregue a pensamentos ancestrais,
Despertaram o passado vigoroso;

E das catacumbas os antepassados,
Que pariram esclavagistas e feudais,
Acordaram neste tempo mais honroso.

José Faria