EM SÃO MIGUEL O ANJO

quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

AOS OPERÁRIOS

OPERÁRIO

Calosas mãos sempre entorpecidas,
Seca a pele dura pelo cimento;
É também a branca cal esquecimento,
Só se mantém o saber em mãos feridas.

Saber de ti, qualidades esquecidas,
Noutros há onde não há esquecimento;
Que te dão, com fim no lucro, sofrimento,
Dilatando de riqueza ócias vidas.

Mais um dia sobrevives e são doridas,
Essas mãos que ao mundo dão aumento;
Dissipa-se o que é teu e por direito,
Restando só essa côdea que mastigas.

Sobre o solo as tuas obras são erguidas,
Porque lutas pela vida contra o tempo;
De sadia existência há impedimento,
Para as mãos que as cria e são devidas.

Dão-te valor dóceis palavras, fingidas,
Falsas razões, vãs, que te são tormento;
Dá-te a fome obrigado ensinamento,
E morrendo vais de forças emagrecidas.
 José Faria

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