EM SÃO MIGUEL O ANJO

domingo, 31 de outubro de 2021

CHEGOU A CHUVA

CHEGOU A CHUVA!

 

Ai que boa, tão sagrada;

A chuva sempre voltou,

Há tanto tempo esperada,

Que tanto desesperou.

 

À terra seca e queimada,

Graças a Deus que chegou,

Esta água abençoada,

Que o povo tanto esperou.

 

No outono tudo pega,

Voltará tudo a nascer,

Por entre as cinzas do monte,

 

No porvir irá crescer

Por muitos caminhos de rega

Porque toda a vida é fonte.

 José Faria

VENTO DIVERTIDO

Anda o vento à solta,

Traz tudo despenteado;

Foge, corre, vai e volta,

Parece desnorteado.

 

Tudo sacode e revolta,

Parece mal-humorado;

O vento revira e volta,

Está mesmo esgazeado

 

E continua a ameaçar,

Que vai buscar aguaceiros;

Pois, quer a terra encharcada.

 

Ora sério, ora a brincar,

Aqueles olhos matreiros,

Já anunciam trovoada.

 José Faria


sexta-feira, 29 de outubro de 2021

MAR E CHUVA NO CAMINHO

 
O MAR E A CHUVA
NO CAMINHO DA COSTA
 
Pareço o corcunda de Notre Dame,
Com a capa negra sobre a mochila;
Respeita a vida quem a vida ame,
Quem no caminho nunca vacila.


A chuva cai e vida dá-me,
Nesta caminhada tão tranquila;
Que a natureza em mim derrame,
O que o pensamento me rejubila.
 
Vou no caminho de Santiago,
Vou junto ao mar, fonte de vida;
E amo o caminho a minha existência.
 
Sempre esta entrega há muito trago,
Minha alma assim anda vestida,
Como entidade, é a minha essência.
 José Faria

SAGRADA CHUVA

 SAGRADA CHUVA

Já chegou a chuva mais verdadeira,
Com intensidade à terra se lança;
Vem encher de água a minha ribeira,
Dar-nos de beber com confiança.
 
Pela plantação, pela sementeira,
A terra concebe e não se cansa;
Vem encher os rios e a albufeira,
E a primavera de mais bonança.
 
Saibamos recebê-la com gratidão,
A água sagrada que vêm do céu,
Para lavar o mundo da secura.
 
Regar as culturas a procriação,
Milagre que a terra sempre nos deu;
E nos alimenta com tanta fartura.
 José Faria
 

quinta-feira, 21 de outubro de 2021

LENDA DA CAPELA DE NOSSA SENHORA DA GUADALUPE

 

LENDA DA GUADALUPE
Águas Santas
Reza a lenda que por volta de 1720 e 1740, um morador do lugar do Paço, em Águas Santas, foi acusado de um crime de morte que não cometera. Receando pela perda de liberdade e pela sua vida, fugiu para Espanha, tendo[1]se refugiado junto do santuário da Guadalupe. Por lá ficou e quase vegetou durante alguns anos. O crime ainda não havia sido esquecido em toda a Maia, mas já se sabia que ele estaria inocento, e que teria sido outro o autor desse crime de morte. Junto ao santuário da Guadalupe, onde se recolhera, o aguasantense, ansioso por voltar à sua terra, prometeu a Nossa Senhora de Guadalupe que, se um dia pudesse regressar ilibado do crime de que era inocente, mandaria erguer uma ermida em honra de Santa Maria de Guadalupe. Como tal se verificou, vindo a ser identificado o verdadeiro autor do crime, o maiato regressou ao lugar do Paço, onde foi bem recebido e ajudado no cumprimento da promessa, construindo a ermida com a capela prometida em honra da Senhora Santa Maria de Guadalupe, cuja imagem criada por um santeiro, com o menino num braço e o bastão no outro, ocupa o altar.

A LENDA


No século dezoito, no lugar do Paço,
Em Águas Santas, terra maiata;
Uma agitação de estardalhaço,
Estremeceu o povo, gente pacata.
 
Um homem humilde, um trabalhador,
Fora acusado de um crime de morte,
A sofrer de medo, mágoa e dor,
Fugiu do país de medo à má sorte.
 
Pois de nada sabia o pobre coitado,
Do que era acusado, tão inocente;
Fugiu para Espanha, viu-se obrigado,
P’ra não ser linchado pela sua gente.
 
Este homem humilde por lá andou,
A deambular e a passar fome;
Junto a Guadalupe se refugiou,
Ao pé do rio com o mesmo nome.
 
Por fim conseguiu o seu sustento,
Vivendo angústia, saudade e cansaço;
Com a sua terra no pensamento,
Ansiava voltar ao lugar do Paço.
 
Prometeu um dia à Santa Senhora,
A Guadalupe com fé e amor;
Se fosse ilibado, pudesse ir embora,
Faria uma ermida em seu louvor.
 
Foi descoberto do crime o autor,
E o homem do Paço logo se apressa;
Corre para Águas Santas todo feitor,
Onde cumpriu a sua promessa.

José Faria

IGREJA DE SÃO MAMEDE INFESTA

A IGREJA DE SÃO MAMEDE INFESTA
E O CONDE RODRIGO PEREIRA FELÍCIO


A igreja de São Mamede Infesta foi iniciada a 27 de agosto de 1864, mas já em 1320, esta igreja figurava como igreja de S. Mamede de Thresoires. Ficou concluída a 7 de setembro de 1866.
É uma igreja neoclássica de planta longitudinal de nave única, com torre quadrada ao centro da fachada principal.


De realçar que a atual igreja existe graças ao benemérito “sanmamedense” Rodrigo Pereira Felício, que era conde de São Mamede, que doou 12 (doze) contos de reis, (uma fortuna nesse tempo de 1860), para a sua construção.

A igreja de São Mamede infesta foi projetada pelo arquiteto portuense Pedro Oliveira, que se inspirou na igreja da Trindade da cidade do Porto, possivelmente contra a vontade daquele benemérito que a subsidiou, que desejava uma igreja com duas torres, à semelhança da igreja de Matosinhos.
“reza a história, que quando o conde benfeitor, Rodrigo Pereira Felício foi recebido nas cerimónias de inauguração da igreja, com a presença do Bispo, povo, autoridades e representantes de muitas instituições, que esperavam do Brasil o conde benemérito e benfeitor, quando a carruagem que o transportava chegou ao cruzeiro (atual cruzamento da Rua Godinho de Faria com a Av. Do Conde, o conde ao ver a igreja só com uma torre, deu meia volta e voltou para o Brasil sem sequer se dirigir aos presentes. 
– E afinal, como ainda hoje se constata, o seu interior tem muitas características com o interior da igreja da Trindade, interior que, pelo que diz a estória, o conde nem viu!?
- Era o tempo dos condes, que o dinheiro, a escravatura e o poder, elevaram com a exploração em terras brasileiras. Por toda a parte se encontram grandes mansões, vivendas e grandes quintas, criadas pelos “condes portugueses exploradores em terras brasileiras).

É caso para dizer que este conde, e tantos outros por esse pais fora, hoje com tanto património em ruínas; não se deveria ter ofendido por a igreja ter uma só torre e não duas como era seu capricho, para a qual deu uma dúzia de contos que não eram seus. Afinal foram roubados na exploração e na escravatura que granjeou no Brasil.
José Faria