LENDA DA GUADALUPEÁguas SantasReza a lenda que por
volta de 1720 e 1740, um morador do lugar do Paço, em Águas Santas, foi acusado
de um crime de morte que não cometera. Receando pela perda de liberdade e pela
sua vida, fugiu para Espanha, tendo[1]se
refugiado junto do santuário da Guadalupe. Por lá ficou e quase vegetou durante
alguns anos. O crime ainda não havia sido esquecido em toda a Maia, mas já se
sabia que ele estaria inocento, e que teria sido outro o autor desse crime de
morte. Junto ao santuário da Guadalupe, onde se recolhera, o aguasantense,
ansioso por voltar à sua terra, prometeu a Nossa Senhora de Guadalupe que, se
um dia pudesse regressar ilibado do crime de que era inocente, mandaria erguer
uma ermida em honra de Santa Maria de Guadalupe. Como tal se verificou, vindo a
ser identificado o verdadeiro autor do crime, o maiato regressou ao lugar do
Paço, onde foi bem recebido e ajudado no cumprimento da promessa, construindo a
ermida com a capela prometida em honra da Senhora Santa Maria de Guadalupe,
cuja imagem criada por um santeiro, com o menino num braço e o bastão no outro,
ocupa o altar.
A LENDA
No século dezoito, no
lugar do Paço,
Em Águas Santas, terra
maiata;
Uma agitação de
estardalhaço,
Estremeceu o povo, gente
pacata.
Um homem humilde, um
trabalhador,
Fora acusado de um crime
de morte,
A sofrer de medo, mágoa e
dor,
Fugiu do país de medo à
má sorte.
Pois de nada sabia o
pobre coitado,
Do que era acusado, tão
inocente;
Fugiu para Espanha,
viu-se obrigado,
P’ra não ser linchado
pela sua gente.
Este homem humilde por lá
andou,
A deambular e a passar
fome;
Junto a Guadalupe se
refugiou,
Ao pé do rio com o mesmo
nome.
Por fim conseguiu o seu
sustento,
Vivendo angústia, saudade
e cansaço;
Com a sua terra no
pensamento,
Ansiava voltar ao lugar
do Paço.
Prometeu um dia à Santa
Senhora,
A Guadalupe com fé e
amor;
Se fosse ilibado, pudesse
ir embora,
Faria uma ermida em seu
louvor.
Foi descoberto do crime o
autor,
E o homem do Paço logo se
apressa;
Corre para Águas Santas
todo feitor,
Onde cumpriu a sua
promessa.
José Faria
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