EM SÃO MIGUEL O ANJO

quinta-feira, 21 de outubro de 2021

LENDA DA CAPELA DE NOSSA SENHORA DA GUADALUPE

 

LENDA DA GUADALUPE
Águas Santas
Reza a lenda que por volta de 1720 e 1740, um morador do lugar do Paço, em Águas Santas, foi acusado de um crime de morte que não cometera. Receando pela perda de liberdade e pela sua vida, fugiu para Espanha, tendo[1]se refugiado junto do santuário da Guadalupe. Por lá ficou e quase vegetou durante alguns anos. O crime ainda não havia sido esquecido em toda a Maia, mas já se sabia que ele estaria inocento, e que teria sido outro o autor desse crime de morte. Junto ao santuário da Guadalupe, onde se recolhera, o aguasantense, ansioso por voltar à sua terra, prometeu a Nossa Senhora de Guadalupe que, se um dia pudesse regressar ilibado do crime de que era inocente, mandaria erguer uma ermida em honra de Santa Maria de Guadalupe. Como tal se verificou, vindo a ser identificado o verdadeiro autor do crime, o maiato regressou ao lugar do Paço, onde foi bem recebido e ajudado no cumprimento da promessa, construindo a ermida com a capela prometida em honra da Senhora Santa Maria de Guadalupe, cuja imagem criada por um santeiro, com o menino num braço e o bastão no outro, ocupa o altar.

A LENDA


No século dezoito, no lugar do Paço,
Em Águas Santas, terra maiata;
Uma agitação de estardalhaço,
Estremeceu o povo, gente pacata.
 
Um homem humilde, um trabalhador,
Fora acusado de um crime de morte,
A sofrer de medo, mágoa e dor,
Fugiu do país de medo à má sorte.
 
Pois de nada sabia o pobre coitado,
Do que era acusado, tão inocente;
Fugiu para Espanha, viu-se obrigado,
P’ra não ser linchado pela sua gente.
 
Este homem humilde por lá andou,
A deambular e a passar fome;
Junto a Guadalupe se refugiou,
Ao pé do rio com o mesmo nome.
 
Por fim conseguiu o seu sustento,
Vivendo angústia, saudade e cansaço;
Com a sua terra no pensamento,
Ansiava voltar ao lugar do Paço.
 
Prometeu um dia à Santa Senhora,
A Guadalupe com fé e amor;
Se fosse ilibado, pudesse ir embora,
Faria uma ermida em seu louvor.
 
Foi descoberto do crime o autor,
E o homem do Paço logo se apressa;
Corre para Águas Santas todo feitor,
Onde cumpriu a sua promessa.

José Faria

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