EM SÃO MIGUEL O ANJO

terça-feira, 16 de julho de 2024

MEMÓRIAS DE ARTE EM PEDROUÇOS

 

MEMÓRIAS DE ARTE

Por Pedrouços já estiveram em exposição, várias vertentes da arte e da criatividade artística.

Foram as exposições de Arte, da Junta de Freguesia de Pedrouços, de Pintura, Escultura, Artesanato, de Rendas, Bordados, Ponto de Cruz…

Estávamos ainda no segundo executivo desta jovem autarquia, presidida por Abílio Rodrigues de Sousa, conhecido também por “Tenente”, patente que exerceu no Serviço Militar.

Frequentava eu os “Encontros com a Arte”, em Moreira, várias feiras nacionais de artesanato, com oficina de artesanato na Casa do Parque da Casa do Alto,  e sendo também secretário da Assembleia de Freguesia; quando se procedeu à realização de várias exposições de artes, apesar das rudimentares condições onde se encontrava a sede da junta, na antiga escola das raparigas, e que fora também sede da Comissão de Moradores de Pedrouços, pois encontrava-se em obras de transformação a casa de lavoura de Augusto Simões, para sede desta nova autarquia da Maia.

Apesar de já quatro executivos, de quatro presidentes de junta de freguesia de Pedrouços, Abílio Rodrigues de Sousa, o 2º, foi o único capaz de apoiar e promover as obras e os artistas, de toda esta variedade de artes, de pintura, escultura, rendas e bordados, e artesanato, em condições muito precárias, numa casa velha que servia provisoriamente de sede de Junta, a aguardar a conclusão das obras na casa do grande lavrador maiato, para aí se instalar definitivamente numa nova sede da autarquia.

José Faria

terça-feira, 9 de julho de 2024

SERVIÇOS RELIGIOSAS PAGOS COM GALINHAS

QUANDO AS GALINHAS PAGAVAM
O CASAMENTO E O BATISMO…

 

Que coisas “religiosas” que nunca imaginei,
Que apesar de tantas das minhas descobertas,
Parece que quanto mais aprendo menos sei,
Das batinas do passado e das mãos espertas.
 
Para a batina intervir num acontecimento,
Para que um registo se pudesse efetuar,
Desde o nascer, ao casar e ao falecimento,
Pagava-se bem pago e até galinhas dar.
 
Sempre me fascinou “remexer”, procurar e descobrir, factos e acontecimentos da história, muitos deles já praticamente esquecidos.
Ora, ao participar na XIII Feira do Livro da Maia, há por aí sempre obras literárias que me despertam curiosidade. No passado foram os livros de Álvaro Aurélio do Céu Oliveira, que muito divulgam a história da grande Maia até aos nossos dias.
Desta vez chamou-me a atenção as “ACHEGAS DE MONOGRAFIA DA VILA DA MAIA, de Manuel Joaquim da Costa Maia, em edição municipal de 1986.
Apesar de no passado, e ainda hoje, o caldinho de galinha à parturiente ajudar à recuperação de forças e bem-estar ad parturiente, nem sempre a galinha havia, pois era entregue ao Reverendo Pároco como pagamento dos serviços de casamento, como pagamento de cerimónia e registo paroquial de batismo… e outros servos.
Para descrever esse “achado” histórico por palavras, melhor e mais fiel será transcrever o que consta nas “Achegas de Monografia da Vila da Maia”, na página 63 e outras:
 
- “COSTUMES DOS BATIZADOS:
 
Achei por costume baptizarem os moradores desta freguesia na Pia baptismal da igreja dela seus filhos e darem por cada um quando os baptizam ao Reverendo Pároco uma galinha viva, e uma vela conforme o seu primor quer, mas nunca de menos valia que meio tostão, ou três vinténs, e sendo achada alguma criança enjeitada nesta freguesia o Reverendo Pároco é obrigado a baptizá-la sem ofertas, só se algum dos padrinhos quiser dá-las voluntariamente.
COSTUMES DOS CASADOS:

Achei também por costume receberem-se os moradores na igreja desta freguesia; e dar cada um ao Reverendo Pároco uma galinha viva quando se recebem, e não se recebendo na igreja desta sempre a pessoa que faz publicar nela os banhos paga uma galinha.
 
COSTUMES DOS DEFUNTOS:

Achei também por costume pela morte de qualquer freguês fazerem-lhe seus herdeiros com a brevidade que podem, e deve ser sufrágios possíveis na igreja desta freguesia; na forma seguinte:
-Falecendo qualquer lavrador, ou sua mulher, ainda que já tenham dado o casal, e só reserva nele, são obrigados seus herdeiros a fazerem por cada um acompanhamento de dez padres com o Reverendo Pároco,  sendo de tarde o enterro, dá-se pelo acompanhamento cem reis a cada um, excepto ao Reverendo Pároco, e sendo de manhã cinquenta reis, e pelo ofício e missa do primeiro, segundo e terceiro ofício cada um de dez padres, se dá a cada padre duzentos reis, e também os herdeiros são obrigados a darem aos padres que assistem no segundo,  e terceiro ofício, tão somente um beberete, que consta de vinho, pão branco, dois ovos ou queijo, ou pão de ló, conforme o seu primor, e quando não quer ter o herdeiro esta despesa, por esse modo se ajuste com o Reverendo Pároco e este com os padres em se dar a cada um em dinheiro pouco mais ou menos o que lhe poderia caber do dito beberete, e até aqui se tem dado a cada um padre quando se comuta a dinheiro o tal beberete. Quarenta reis no segundo ofício e mesmo no terceiro; (…/…)”

Pronto! E mais não descrevo nem divulgo porque é longa a narrativa onde constam estas “leis” de sacristia, -  “Leis” apegadas a galinhas, carneiros, cabritos, reis, cruzados, vinténs, tostões e de tudo que a custo conseguiam os “aldeões” -  Assim determinava  o documento do Abade Frei Luís de Oliveira Alvim de 1729/1746.  Do livro intitulado Letra C que serve esta freguesia de São Miguel de Barreiros de fazer os assentos dos baptizados, casados e defuntos que começa a servir em este presente ano de 1736”
In: Achegas de Monografia da Vila da Maia de Manuel Joaquim da Costa Maia.
Por José Faria
 

ANIVERSÁRIO DA FREGUESIA DE PEDROUÇOS - MAIA

 CURTA RETROSPETIVA SOBRE A REGIÃO DE PEDROUÇOS

 

Pedrouços foi lugar da freguesia e Vila de Águas Santas até 9 de julho de 1985, altura em que passou a ser uma nova região administrativa do concelho da Maia. – Há 39 anos!

INTRODUÇÃO HISTÓRICA

Em termos históricos e comerciais, Pedrouços foi lugar de intenso trabalho agrícola, e terá sido chamado de “cidade de Petrauços ou Pedrouos”, devido à sua grande importância detendo 19 casais, logo a seguir ao lugar de Ardegães que detinha 21.

Pedrouços limita-se a norte com a freguesia de Águas Santas, Maia; a nascente com Rio Tinto, Gondomar; a poente com a de São Mamede de Infesta, do concelho de Matosinhos, a sul com Paranhos do concelho do Porto, e fica aproximadamente a 9 km do centro do concelho

Pedrouços tem como seu orago Nossa Senhora da Natividade, criado a 8 de setembro 1928, dois anos depois de grandes obras de restauro e de ampliação da igreja, obras iniciadas no mês de setembro, 1926, precisamente no mês em que se deu um violento incêndio que destruiu por completo o Campo de Tourada da Areosa, nos terrenos laterais à rua D. Afonso Henriques, próximo do mercado feira de Pedrouços, onde é hoje o Supermercado Continente.

E foi dois anos depois que, em setembro de 1928, este lugar foi elevado a Freguesia Eclesiástica, pelo primeiro círculo do Porto.

A abóbada da igreja, de estuque, maravilhosamente rica em afrescos religiosos, pinturas de santos e anjos que decoravam o teto da igreja, devido à infiltração da chuva, foram-se degradando, apodrecendo toda essa riqueza histórica e artística de gessos e estafes estruturais, pelo que novas obras de recuperação se retomaram para a remoção e substituição do teto.

Todos os anos, a festa religiosa e profana, de romaria e grande procissão em honra da padroeira, durante muitos anos de 17 andores, presentemente já ultrapassam os 20.

Esta manifestação religiosa, acontece na primeira semana de setembro, festividade que procura “abraçar” sempre o dia 8, dia da sua elevação a freguesia eclesiástica e criação do Orago, como o dia mais importante das celebrações festivas.

Consta que no passado distante, muito antes da criação do orago, de Nossa Senhora da Natividade, em setembro de 1928, no planalto onde atualmente se encontra a igreja paroquial, existiu uma ermida dedicada a São Pedro, como refere o padre Joaquim Antunes de Azevedo, no livro em “Actas ao Congresso – Maia, História Regional e Local, pág. 40, numa narrativa do historiador maiado, Dr. José Marques, e que a data na padieira da porta principal da igreja, corresponderá à data da construção dessa capelinha que então existia na ermida.

Uma grande escadaria de granito, a partir da rua António Feliciano de Castilho, com dois lanços e de largura aproximadamente, de quatro metros e murada lanço a lanço à direita, até ao adro da ermida, e depois adro da igreja, levava-nos a ver e admirar dois coretos, de construção a argamassa de areia e cimento, a imitar troncos de sobreiro.

Um à esquerda da entrada no adro pelo lado sul, e outro à esquerda ao cimo dessa histórica escadaria, sombreados um e outro por frondosas árvores de tília.

À muito desapareceu essa fragância natural que envolvia do o adro da igreja.

Esta escadaria foi derrubada para dar lugar à construção de aposentos de apoio às atividades sociais, culturais e religiosas do santuário e à casa de habitação do pároco, os coretos também desapareceram há muitos anos, e as árvores de tília foram a seguir.

Voltando à história e fragmentos das suas raízes, recordemos que o topónimo “Pedrouços” deriva do português antigo “pedrouço”, que tem o significado de monte de pedras.

O seu topónimo atesta a longinquidade deste tão povoado lugar, com as distantes raízes da povoação de Pedrouços a confirmar até pela existência de uma capela de propriedade privada, dedicada ao Senhor dos Aflitos, que se enquadra na lenda de Pedrouços, contada por Avelimo Moura Lopes, história transcrita e muito divulgada, até em poesia, pelo pedroucense José Faria, no extinto “Jornal da Maia”, nos seus livros “Contos e Versos do Meu Caminho” em “Lendas da Maia por freguesias”, e nas redes sociais.

No interior dessa velhinha capela, uma cruz de pedra com o desenho de Cristo e uma cobra que o envolve, recorda essa lenda.

A capela, possivelmente construída por volta de 1440, encostada no sopé do monte onde no seu planalto era a ermida dedicada a S. Pedro, e hoje a igreja de Nossa Senhora da Natividade; situa-se na rua António Feliciano de Castilho, virada para a rua Luís de Camões, a rua mais medieval da freguesia de Pedrouços, onde são bem visíveis caraterísticas de um tempo medieval, e até romano, pelas grandes lajes de granito polidas pelo uso constante, durante séculos! de passagem pessoas, animais e carros de bois.

Hoje, o calcetamento a paralelo esconde esse tempo medieval, por onde, à direita da calçada de grandes pedras, (escondidas), encostada às paredes do casario de lavoura, corria uma boa linha de água, vinda da “aldeia de cima”, que saía por debaixo da rua António Feliciano de Castilho, em direção à vasta planície de cultivo de milho e centeio, da “aldeia de baixo”, planície cortada a meio pelo ribeiro, que do alto da Areosa e depois de atravessar a estrada da Circunvalação, corre de sul para norte ao encontro do rio Leça no lugar de Parada, atravessando o lugar de Teibas e de Boi Morto.

Possivelmente, perderam-se do tempo e da memória, outras manifestações religiosas desta terra de Pedrouços, como a de “levar a Cruz ao Calvário”, pois a existência de cruzeiros a partir da capelinha privada, ligada à lenda, que se encontram ainda na rua Luís de Camões, e no largo Conde de Ferreira, e de outros que desapareceram, marcavam o percurso da Via Sacra até ao cimo da rua do Calvário, onde existiu precisamente um “Calvário” com três cruzeiros.


Tudo isto nos leva a concluir que ainda no tempo da ermida a S. Pedro, terá havido a procissão religiosa, veneração de fé, de levar o Senhor dos Aflitos, ou Senhor da Cruz, ao Calvário, desde a capela até ao cimo da rua do Calvário, hoje com o nome de Trv. Plácido d’Abreu. (Mudança de nome que apaga a raiz da história!?)

Mas outras referências toponímias, em Pedrouços, nos recorda o seu tempo medieval e até vestígios romanizados, e da passagem de outros povos, como é o caso da palavra “Cotamas” ou “Kutama”da “Quinta das Cotamas”, que deriva do árabe (kutama), nome de tribo que passou a antropónimo, sendo ainda usado no século X entre os moçárabes, são indicativos como ocupantes mais antigos desta terra.

Também a Casa do Alto, cheia de história e “raízes escondidas”, terá sido designada de “Mansão da Colina da Quinta das Kutamas”

A origem deste lugar de Pedrouços que passou a freguesia em 1985, há muito se perdeu da memória por falta de registos e provas físicas e documentais, dos primeiros habitantes tão próximos do rio Leça, do rio Douro e do mar de Matosinhos. Ao longo do tempo se foram perdendo esses vestígios, onde terão existido edificações castrejas e pré-romanas, dos princípios do século I a.C.

Uma região, tão próxima da via romana que passava em Paranhos, Quinta de Lamas, vindo de calem, da margem esquerda do rio Douro, Vila Nova de Gaia, em direção a Bracaraugusta, terá sido passagem de romanos, suevos, visigodos e árabes.

O livro sobre a “ROMANIZAÇÃO DAS TERRAS DA MAIA”, de Carlos Alberto Ferreira de Almeida, de 1969, mostram-nos isso mesmo.

José Faria

 

INAUGURAÇÃO DA ESTÁTUA DO LIDADOR

 Fragmentos da história das esculturas da Maia
A estátua do Lidador da Maia foi inaugurada há 40 anos. 

“Faz hoje 40 anos que foi inaugurada a estátua a Gonçalo Mendes da Maia, junto da Câmara Municipal da Maia, na praça prof. Dr. José Vieira de Carvalho.  

Obra da autoria do escultor Lima de Carvalho, foi inaugurada no dia 9 de Julho do ano 1984, como homenagem ao cavaleiro Gonçalo Mendes da Maia, um dos gloriosos militares que combateram ao lado de D. Afonso Henriques pela independência e alargamento territorial de Portugal.

Herói da Fundação da Nacionalidade, que o primeiro Rei de Portugal, nomeou seu Adeantado ( chefe das tropas).

O cognome de “O Lidador” deve-se às diversas vitórias alcançadas em batalhas contra os mouros.”

 

Conhecido como «o Lidador», Gonçalo Mendes da Maia, era Irmão de Gonçalo o Lidador e de Soeiro, era filho de Mendo Soares e de Leodegunda Soares, a "Tainha", da casa dos Baiões.

Nascido por volta de 1079 foi uma verdadeira lenda viva de dedicação à pátria. A sua imagem e a sua memória transmitem um enorme incentivo à luta pelas causas justas de todas as gerações.

A sua bravura e carácter forjaram grande afinidade espiritual com D. Afonso Henriques. Juntos, lutaram para formar um reino independente, como o moço infante teria aprendido de seu Pai, o Conde D. Henrique. Primeiro contra sua mãe D. Teresa, próxima dos castelhanos, depois contra hegemonias religiosas, depois ainda contra os infiéis, ao sul do País. Terá sido a vontade férrea de Gonçalo e suas inúmeras e épicas conquistas no campo de batalha que acabaram por lhe granjear o cognome de «O Lidador».

Tempos depois, quando o primeiro Rei já estendia a sua missão de conquista às planícies alentejanas, e os portugueses se internavam pelos confins da “província de Alcácer”, Gonçalo Mendes da Maia, verdadeiro «adiantado» de Afonso Henriques, empunhava pela última vez a sua espada e fazia a sua última investida contra o inimigo, teria 95 anos de idade.

Uma narração do Nobiliário do conde D. Pedro, apesar de cheia de temerosas dificuldades e de não poucos absurdos, fê-lo passar à imortalidade como protagonista de uma célebre acção guerreira junto a Beja, contra o rei Almoleimar. Era «a morte do Lidador», fixada para a posteridade, entre outros, por Herculano.

Fonte: - https://www.cm-maia.pt/.../ilustre.../goncalo-mendes-da-maia

 

quinta-feira, 4 de julho de 2024

ESCULTURA DA RENDILHEIRA DE VILA DO CONDE

 A RENDILHEIRA DE

VILA DO CONDE
Bela é a escultura da rendilheira,
Junto ao rio Ave, a rendilhar;
Adoro a ver nessa canseira,
Não me canso de a visitar.
Adoro ver os bilros a “dançar”
Ali fico, a olhar, à sua beira;
E a renda sempre a aumentar,
Tal como a artista assim queira.
Na casa do Vinhal, junto à escola,
Novas rendas nascem delicadas,
Novas mãos aprendem a fina arte;
Anda o fio que no bilro se enrola,
Criando rendas em mãos agitadas,
Levam Vila do Conde a toda a parte.
A BELA ESCULTURA DA RENDILHEIRA DE VILA DO CONDE.
Bela é a escultura de homenagem às mulheres que se dedicam às rendas de bilros, a este tipo de artesanato tão característico da cidade e seu ex-libris.
A escultura, da autoria do arquiteto Ricca Gonçalves e do escultor Ilídio Fontes, situa-se na Rua do Cais das Lavadeiras, é um belo monumento escultórico, dedicado à mulher vilacondense, inaugurado a 7 de novembro de 1993.

A arte de bilros remonta ao Século XVII. Atualmente é ministrada na antiga Casa do Vinhal (Museu das Rendas) e encontra-se anexada à Escola Secundária “José Régio”.
O Dia das Rendilheiras comemora-se no 2º Domingo, aquando da realização da Feira Nacional de Artesanato, e foi criado em 1992.

sábado, 29 de junho de 2024

JARDIM ARCA D'ÁGUA - JARDIM DO DUELO!

 

RENOVADO O BELO JARDIM DE ARCAD’ÁGUA
DE FRESCURA POÉTICA DE TODOS OS TEMPOS! 

O jardim de Arca d'Água é um jardim localizado no centro da Praça de 9 de Abril, na cidade do Porto, em Portugal. O seu nome deriva dos reservatórios das águas de Paranhos que foram o sustento de muitas fontes e chafarizes do Porto até aos finais do Século XIX

A ARTE LITERÁRIA E A POESIA AINDA AÍ FLORESCE!

Pois foi precisamente aqui que travaram duelo, a 6 de Fevereiro de 1866Antero de Quental e Ramalho Ortigão, tudo por questões literárias, poéticas e romancistas.

Antero de Quental respondeu com uma Carta Aberta publicada em folheto dizendo que os românticos estavam "ultrapassados”. Nela defendia a independência dos jovens escritores; apontava a gravidade da missão dos poetas da época de grandes transformações em curso e a necessidade de eles serem os arautos dos grandes problemas ideológicos da atualidade, e metia a ridículo a futilidade e insignificância da poesia de Castilho.

Ao mesmo tempo, Teófilo Braga solidarizava-se com Antero, no folheto Teocracias Literárias, no qual afirmava que Castilho devia a celebridade à circunstância de ser cego. Pouco depois, Antero desenvolvia as ideias já expostas na Carta a Castilho no folheto, A Dignidade das Letras e Literaturas Oficiais, evidenciando a necessidade de criar uma literatura que estivesse à altura de tratar os temas mais importantes da atualidade. Seguiram-se intervenções de uma parte e de outra, em que o problema levantado por Antero ficou esquecido. Provocou grande celeuma o tom irreverente com que Antero se dirigiu aos cabelos brancos do velho escritor, e a referência de Teófilo à cegueira dele.

Foi isto o que mais impressionou Ramalho Ortigão, que num opúsculo intitulado “A Literatura de Hoje”1866, censurava aos rapazes as suas inconveniências, ao mesmo tempo que afirmava não saber o que realmente estava em discussão.

Este opúsculo deu lugar a um duelo do autor com Antero. Mas outro escrito, este de Camilo Castelo Branco, favorável a Castilho — Vaidades Irritadas e Irritantes — não suscitou reações.

Na realidade nada foi acrescentado aos dois folhetos de Antero durante os longos meses que a polémica durou ainda. Eça de Queiroz, em “O Crime do Padre Amaro”, de forma implícita, toma parte dos jovens literários.

Primeiro confronto entre Antero de Quental e António Feliciano de Castilho

No ano de 1862 decorreu um dos diversos saraus no teatro académico de Coimbra. Castilho, como habitualmente fazia, esteve presente de forma a divulgar e promover o seu “Método Repentino”. Nesse dia, os poetas que não concordavam com a visão de Castilho recusaram-se a entrar em palco. No entanto, a pedido do seu tio Filipe de QuentalAntero entra em palco. Porém, surpreende todos os presentes ao recitar com violência e paixão as polémicas estrofes de abertura das Odes Modernas, livro que viria a ser publicado no ano de 1865.

Apesar de provocado, devido ao statu quo inerente, Castilho abraçou Quental, saudando como "um poeta de génio". As aparências mantiveram-se, mas a oposição ficou semeada.

Assim, em Fevereiro de 1866, Antero de Quental e Ramalho Ortigão estiveram frente a frente empenhando as espadas. Antero acerta no braço de Ramalho dando por terminado o duelo e saindo vencedor.”

Fonte: - https://pt.wikipedia.org/wiki/Quest%C3%A3o_Coimbr%C3%A3

E pronto, foi esta caminhada na manhã de 29 de junho de 2024, com passagem habitual pelo belo jardim de Arca d’Água, que me levou a pesquisar e a divulgar todos estes diálogos e convívios literários entre escritores e poetas do passado, porque foi precisamente aqui que se deu o duelo entre Antero de Quental e Ramalho Ortigão, tendo Ramalho recebido um golpe no braço que o fez perder o duelo.

Pode chamar-se a estas sossegadas caminhadas, desportivamente culturais.

José Faria

 

sexta-feira, 14 de junho de 2024

MONTANTES PEDREIROS DA CAVERNEIRA

 AS PEDRAS DA CAVERNEIRA
DO MONTE PENEDO – NA MAIA
CORRERAM MUNDO


Porque me toca profundamente esta obra maravilhosa dedicada aos pedreiros montantes da Maia, em especial aos das pedreiras da Caverneira, em Águas Santas, onde em criança acompanhei o meu progenitor ajudando-o na limpeza da “praça” (local onde partiam a pedra, criando os blocos a marreta e a picão); e na limpeza e preparação do piso rochoso no local do “bojo”, mais propício ao furo para se introduzir a pólvora para o tiro.
Num tempo em que eram as mãos robustas, fortes e cheias de conhecimento desta atividade de extrair a pulso a pedra dos montes.
Daí nunca deixar de contemplar este motivo escultórico aos montantes maiatos, escultura cheia de memórias que ainda guardo e me emociona.
AOS PEDREIROS MONTANTES
A derrubar montanhas,
Montante de profissão,
De xisto ou de granito,
Rasgadas por sua mão.
Já o dia se levanta,
Se levanta a força, o grito;
Canta o pisco, chasco canta,
Canta o picão no granito.
Montante que lá no monte,
Tua força não conheces;
Sai de tuas mãos a pedra,
P’ra palácios, desconheces?
É feito um furo no bojo,
Com a broca à pulsação,
Num compasso cantador,
Que dá força ao marretão.
É metida a dinamite,
Nas entranhas da montanha;
Mãos robustas, cuidadosas,
Não se percam na façanha.
Já o tiro rebentou!
Cuidado, não saltem guilhos!
Não vá a pedra que voou,
Deixar sem pai os teus filhos.
“MEMÓRIA
No dia 19 de dezembro de 2004, foi inaugurado o motivo escultórico em honra do pedreiro montante da Caverneira.
Com esta justa homenagem, o município da Maia distingue e releva todos os artífices que, com o seu abnegado trabalho, levaram bem longe o nome da sua terra.
A cerimónia foi presidida pelo presidente da Câmara Municipal, o Eng. António Gonçalves Bragança Fernandes, sendo presidente da Junta de Freguesia de Águas Santas, o Senhor Manuel José da Silva Correia.”