EM SÃO MIGUEL O ANJO

quarta-feira, 29 de julho de 2020

LENDA DA NAZARÉ

Lembram-se de D. Fuas Roupinho?
E da lenda da Nazaré?
Pois já lá vão 836 anos desde a sua morte.

De seu nome, Fernão Gonçalves Churrichão, foi um guerreiro nobre português do século XII, é ele o protagonista da lenda de Nazaré.
“Conta a Lenda da Nazaré que ao nascer do dia 14 de setembro de 1182, D. Fuas Roupinho, alcaide do castelo de Porto de Mós, caçava junto ao litoral, envolto por um denso nevoeiro, perto das suas terras, quando avistou um veado que de imediato começou a perseguir. O veado dirigiu-se para o cimo de uma falésia. D. Fuas, no
meio do nevoeiro, isolou-se dos seus companheiros. Quando se deu conta de estar no topo da falésia, à beira do precipício, em perigo de morte, reconheceu o local. Estava mesmo ao lado de uma gruta onde se
venerava uma imagem da Virgem Maria com o Menino Jesus. Rogou então, em voz alta: Senhora, Valei-me!. De imediato, miraculosamente o cavalo estacou, fincando as patas no penedo rochoso suspenso sobre o vazio, o Bico do Milagre, salvando-se assim o cavaleiro e a sua montada da morte certa que adviria de uma queda de mais de cem metros.”

Curiosamente esta lenda remete-me para a lenda da Senhora do Salto, só que aqui não era um veado, mas uma lebre, e o cavaleiro que a perseguia caiu mesmo no abismo, salvando-se.
Na Nazaré está a marca de uma pata do cavalo no cimo da falésia; na Senhora do Salto estão cinco buracos nas rochas nas margens do rio Sousa, burados que correspondem às patas do cavalo e ao focinho.
- E esta hein!?

quinta-feira, 23 de julho de 2020

VISCONDES DE GUEIFÃES E DE BARREIROS

ABRI ESCOLAS PARA INSTRUIR O POVO
E SEREIS VERDADEIROS OBREIROS DA CIVILIZAÇÃO
E DO PROGRESSO DA SOCIEDADE

DOIS RELEVANTES FILHOS DAS TERRAS DA MAIA.
Visconde de Gueifães e visconde da Barreiros.
Joaquim Carlos da Silva e José da Silva Figueira.

Joaquim Carlos da Silva, muito contribuiu para a evolução da cidade da Maia. Nasceu em 1853 na freguesia de Gueifães, cresceu numa família pobre e humilde. O pai pedreiro, a mãe lavandeira, em conjunto eram seis filhos e poucos recursos financeiros.
A crise política sentida em Portugal durante o século XIX obrigou à emigração de quatro milhões de portugueses, a maioria para o Brasil, fugindo à pobreza e à instabilidade em Portugal.
Joaquim Carlos da Silva foi um dos muitos portugueses que embarcou para o Brasil entre os seus 16 ou 18 anos. No Brasil casa-se como Maria da Conceição Silva que possuía várias terras e uma fazenda de café, ficando Joaquim encarregue de explorar toda a riqueza da sua esposa.
Com a vida estabilizada regressa a Portugal primeiramente para viver no Porto. Mas, depois da morte precoce da sua esposa volta para Gueifães, gastando o seu dinheiro em obras de caridade pela freguesia de Gueifães, como igrejas e escola, como sucede com a escola Príncipe da Beira.
Foi presidente da junta de freguesia de Gueifães e depois da inauguração da escola Príncipe da Beira foi-lhe atribuído o título de Visconde de Gueifães no ano de 1895.
Faleceu com 47 anos de idade no ano de 1900, mas a sua presença foi marcante para a freguesia que o viu crescer.

Esta escultura está adossada à arquitetura. Apresenta placa informativa de inauguração da escola com a seguinte registo:
Escola Príncipe da Beira mandada construir por Joaquim Carlos da Silva.
Inaugurada com a presença de S.S. Majestades e Altezas em 6 de Março de 1894 Abril,
Abri escolas para instruir o povo e sereis verdadeiros obreiros da civilização, e do progresso da sociedade

José da Silva Figueira nasceu em 1838. Filho de modestos lavradores, também emigrou para o Brasil com apenas 14 anos, pelas mesmas razões. Depois de uma passagem pela atividade comercial, enveredou pela construção ferroviária, tendo-se notabilizado, entre muitas outras obras, pela construção do túnel de Marmelos, pedra de toque do plano ferroviário do Imperador D. Pedro II. Foi também de sua responsabilidade a construção do caminho-de-ferro de Leopoldina.
Regressado a Portugal, e dentro do mesmo ofício, encarrega-se da construção do ramal da Alfândega, ligando Campanhã à Alfândega do Porto, o que implicou a abertura de um túnel com 1300 metros. Paralelamente, investiu na banca, nos seguros, na atividade mineira, etc.
Foi grande benfeitor, destacando-se, no Brasil, ao apoio a hospitais e albergues, e em Portugal, particularmente na Maia, sua terra natal, a oferta de terrenos e dinheiro para diversas obras públicas de grande alcance, a construção das escolas primárias Maria Pia, a oferta do andor e da imagem de Nª. Sª. do Bom Despacho, a atribuição de bolsas de estudo e outras ajudas a crianças desfavorecidas, entre muitas outras ações meritórias. Agraciado com a Comenda de Nª. Sª. de Vila Viçosa em 1878, foi-lhe concedido o título de Visconde em 1882.
A sua estátua localiza-se à ilharga sudoeste da Praça Dr. José Vieira de Carvalho.
Fonte: - https://www.cm-maia.pt/pages/1182 http://www.visitmaia.pt/pages/14/?geo_article_id=1030
Exemplos maiatos do passado, que deveriam servir de bússola aos detentores do poder no presente.
Por José Faria✍️🤔📖

sábado, 18 de julho de 2020

TAMANQUEIRO DA MAIA

MANUEL VOLTA

FOI UM TAMANQUEIRO MAIATO

Nos finais do século XIX, as profissões eram muito variadas e na Maia, para bom e seguro caminhar, andaram os criadores de calçado de madeira.

Os Pauzeiros e Tamanqueiros foram durante muitos anos os responsáveis pelos pés enxutos e protegidos dos maiatos e maiatas.
Com engenho e arte nata, fabricavam os tamancos, socos e chancas usados pelos pés da população.
Nos nossos dias, este tipo de calçado é de facto uma raridade de tal forma que muitos dos nossos jovens, não sabem que existem.

PADRE ANTÓNIO VIEIRA

FRAGMENTOS DA NOSSA HISTÓRIA… RELIGIOSA
Padre António Vieira morreu há 323 anos. (18/07/1697)

Padre António Vieira foi um antiescravagista e homem de confiança de D. João IV. Foi um religioso, filósofo, escritor e orador português da Companhia de Jesus. Uma das mais influentes personagens do século XVII em termos de política e oratória, destacando-se como missionário em terras brasileiras. Contra a escravatura, Padre Antônio Vieira se dedicou parte da sua vida às missões de catequese no Pará e no Maranhão (1653-1661), uma vez que dominava sete idiomas indígenas. Lutou contra os colonos portugueses que desejavam escravizar os índios no Maranhão. Em 1661 foi expulso do Maranhão, pelos senhores de escravos que não aceitavam suas ideias.
Dos seus sermões, destacam-se o Sermão da Sexagenária proferido na Capela Real de Lisboa em 1653, onde tematiza a arte de pregar; O Sermão Pelo Bom Sucesso das Armas de Portugal contra as de Holanda proferido na Bahia em 1640, onde se coloca contrário à invasão holandesa; O Sermão de Santo António (aos peixes), proferido no Maranhão em 1654, atacando a escravização de índios; O Sermão do Mandato, pronunciado na Capela real de Lisboa em 1654, desenvolvendo o tema do amor místico.

O AMOR FINO
O amor fino não busca causa nem fruto.
Se amo, porque me amam, tem o amor causa;
Se amo, para que me amem, tem fruto: e amor fino não há-de ter porquê nem para quê.
Se amo, porque me amam, é obrigação, faço o que devo:
Se amo, para que me amem, é negociação, busco o que desejo.
Pois como há-de amar o amor para ser fino?
Amo, quia amo; amo, ut amem:
Amo, porque amo, e amo para amar.
Quem ama porque o amam é agradecido.
Quem ama, para que o amem, é interesseiro:
Quem ama, não porque o amam, nem para que o amem, só esse é fino.
Padre António Vieira, in "Sermões"

SOMOS PÓ
Esta nossa chamada vida, não é mais do que um círculo que fazemos de pó a pó: do pó que fomos ao pó que havemos de ser. Uns fazem o círculo maior, outros menor, outros mais pequeno, outros mínimo: De utero translatus ad tumulum: Mas ou o caminho seja largo, ou breve, ou brevíssimo; como é círculo de pó a pó sempre e em qualquer parte da vida somos pó. Quem vai circularmente de um ponto para o mesmo ponto, quanto mais se aparta dele, tanto mais se chega para ele: e quem, quanto mais se aparta, mais se chega, não se aparta. O pó que foi nosso princípio, esse mesmo e não outro é o nosso fim, e porque caminhamos circularmente deste pó para este pó, quanto mais parece que nos apartamos dele, tanto mais nos chegamos para ele: o passo que nos aparta, esse mesmo nos chega; o dia que faz a vida, esse mesmo a desfaz; e como esta roda que anda e desanda juntamente, sempre nos vai
moendo, sempre somos pó.-
Padre António Vieira, in "Sermões"
Fonte: - https://www.ebiografia.com/antonio_vieira/
Fomos pó antes de nascermos e depois do nosso fim, pó seremosJosé Faria✍️🤔📚🙏🚴‍♂️

quinta-feira, 16 de julho de 2020

SANTO ANTÓNIO E O BEBÉ

A PALAVRA DO BEBÉ QUE SE PÔS EM PÉ
Lenda de Santo António.
Aquando da publicação aqui sobre o milagre de Santo António entre Folgosa e Silva Escura, sobre o lavrador ,que levava uma pipa de vinho no carro de bois, encontrei outra lenda deste santo, também muito interessante e que só agora partilho sem saber de autor ou de localidade, porque na maioria as lendas não têm localidade mas apena:
"REZA A LENDA".
Reza a lenda que certo dia Santo António passou por uma pequena cidade onde havia uma rapariga muito jovem que tinha casado com um homem muito mais velho do que ela. Ora aconteceu que a rapariga teve um filho. O homem, devido à sua idade, desconfiou de que o menino fosse seu filho, por isso se revoltou e zangou, passando a tratar mal e a insultar a jovem mulher que passava os dias a chorar. Segundo a lenda, Santo António passou pela casa onde vivia o casal desentendido e, ouvindo o choro da mãe, entrou e foi ver o que se passava. A rapariga contou-lhe tudo sobre a desconfiança e os maus tratos do marido.
Então Santo António prometeu ajudá-la dizendo que voltaria no dia seguinte e recomendou-lhe que, durante a noite, deitasse o menino sua cama, no meio deles, dormindo, assim, com o pai de um lado e a mãe do outro. Pois seria a própria criança a dizer quem era o pai. – Disse-lhe Santo António. Muito admirada e agradecida, mas incrédula, pois o menino só tinha um mês, fez tudo como o santo lhe havia recomendado. No dia seguinte, Santo António voltou à casa e dirigiu-se ao bebé dizendo-lhe: Levanta-te e aponta com o dedo e diz quem é o teu pai!... A criança levantou-se e apontando na direção do homem, chamando-lhe: Pai!
Perante o milagre o homem acreditou que era, na verdade, o pai da criança. O santo recomendou ao homem que fosse fiel a sua mulher e a seu filho, pois a verdade.
Lendas do nosso povo.

RIBEIRO DO BOI MORTO



PORQUÊ LUGAR OU RIBEIRO DO BOI MORTO?


Já se vai perdendo em Pedrouços, na Maia, essa designação que davam ao Ribeiro e a um local, mais ou menos a meio da rua D. António de Castro Meireles.
Primeiro porque a Câmara Municipal da Maia ao criar um parque urbano de lazer nas margens do ribeiro do Boi Morto, "batizou" o parque e o ribeiro de AMORES. Mas ainda há que se refira "lá para o boi morto". Ora a lenda nunca foi propriamente lenda. Uns diziam que um boi morreu afogado por ali numa represa ou no ribeiro. Nada de concreto enem verdade, nem mentira.
E porque estas "coisas" não se devem perder porque tem a sua graça cultural, dei-me ao cuidado de recrear a história ou lenda do Boi Morto, antes que se apague para sempre.
No seguimento desta recriação, irei elaborar as quadras condizentes e descritivas da lenda, para que o conjunto venham, a integrar uma possível publicação em suporte de papel.
Eis a lenda do Boi Morto, de Pedrouços - Maia, novinha em folha.


LUGAR DE BOI MORTO
PEDROUÇOS

Andava certo dia o lavrador Lima no lameiro a cortar erva para o gado. Conforme a ia segando, ia-a deixando em montes à sua agachada passagem. O corte, a olho, ia certinho, mostrando bem a parte cortada a partir da linha de água. Tinha desatrelado os bois do carro junto aos moinhos sobre o ribeiro que nasce na cidade do Porto, no alto da Areosa, atravessa Pedrouços e Teibas em direção a Parada para aí se juntar às águas do rio Leça.
Os bois andavam à vontade a pastar.
Como ainda não tinha feixes de erva suficientes para encher o carro, e porque já eram mais do que horas para almoçar, pois já tinha tocado as duas no sino da igreja de Pedrouços, o Lima deixou o trabalho e foi ao tasco comer qualquer coisa, na rua D. António Castro Meireles, a pouco mais de cem metros do campo. Um fígado de cebolada com batata cozida, um naco de broa e duas tigelas de verde tinto, restituíram-lhe as energias despendidas durante toda a manhã agachado a cortar erva.
Ia segar mais uns 10 ou 15 feixes para encher o carro, e daria por terminada a faina. Com a foicinha sobre o ombro e a fumar um pequeno Kentucky, dirigiu-se para onde tinha terminado o último corte. Deitou os olhos na direção dos moinhos para ver os animais e só viu um deitado à sombra. Olhou e voltou a olhar, mais acima, mais abaixo para ver se enxergava o outro também deitado. Nada.
- Onde raio se meteu o animal? Pensou em voz alta.
Foi na direção do que estava deitado à sombra do moinho. Quando chegou junto dele, reparou que mais abaixo o outro estava dentro do ribeiro.
- Que raio, como é que aí foste parar? E foi na sua direção.

Mas começou já a imaginar o pior, o boi não se mexia, a água quase o cobria junto a outro moinho mais abaixo. – “Meu deus, o meu boi está morto! Meu Deus quem me acode… o meu boi afogou-se.
Alguns populares na rua ouviram-no e foram na sua direção para o ajudar.
Nada a fazer. O boi, talvez querendo beber água, aproximou-se demasiado do ribeiro e caiu lá dentro, precisamente junto ao moinho onde é mais fundo. Com o corpo tapou a passagem da água que passa por debaixo do moinho e fê-la subir, quase o cobrindo, afogando-se.
Tenha calma, sô Lima, tenha calma. Diziam alguns populares.
Desde então, os populares quando queriam se referir àquele local, diziam. - "Lá no Boi Morto".
___/___
Daí que, ainda hoje, mais ou menos a meio dessa rua D. António Castro Meireles, ser conhecido de lugar do Boi Morto, o que não é muito agrado dos residentes.
José Faria – 13/07/2020

quarta-feira, 15 de julho de 2020

A PORTA DA TRAIÇÃO

D. AFONSO HENRIQUES E O LIDADOR

O Lidador ou a Lenda da Porta da Traição
Já há cerca de dois meses que se mantinha o cerco do exército português à fortaleza de Óbidos, então dominada pelos mouros.
Um dia, D. Afonso Henriques e Gonçalo Mendes da Maia, o Lidador, decidiram que o ataque seria realizado na madrugada do dia seguinte.
Dormia o Lidador tranquilamente, quando uma mulher o acordou a pedir-lhe que a levasse à tenda do rei de Portugal, pois tinha algo muito importante para lhe comunicar.
Junto do rei, a jovem que vivia no castelo dos mouros, mas que não sabia se era ou não moura por não ter conhecido os seus pais, revelou o seu sonho que há três noites vinha tendo. No sonho, aparecia-lhe um homem novo e de olhar penetrante que lhe pedia para transmitir uma mensagem ao rei de Portugal: "o rei deveria reunir os soldados e comandá-los num ataque surpresa na parte fronteiriça do castelo, enquanto o Lidador se deveria dirigir com dez homens às traseiras onde a jovem donzela abriria iria abrir uma porta para os deixar entrar".
O homem do sonho prometia Óbidos aos cristãos e a salvação à jovem donzela.
Ora apesar de alguma hesitação do Lidador, D. Afonso Henriques decidiu cumprir o sonho da jovem.
Assim, na manhã seguinte, Óbidos foi conquistada conforme o sonho da misteriosa jovem que desapareceu e nunca mais foi vista.
A porta que franqueou a entrada dos cristãos ficou para sempre conhecida como a Porta da Traição.

Fonte: - https://www.infopedia.pt/$o-lidador-ou-a-lenda-da-porta-da-…

POR TERRAS DE BARCA



De novo a divulgação de locais maiatos aprazíveis naturais, históricos e religiosos, digno de visita, contemplação e do conhecimento da sua história.
As capelas, a sua história e os espaços envolventes, são ambientes reconfortantes e cheios de magia e de energia que brota dos nossos antepassados até ao presente.
Esse foi mais um agradável sentimento usufruído durante as minhas pedaladas que me levaram ao Monte de Santa Cruz na freguesia da Barca, do concelho da Maia.

Tal como consta do Site https://www.cm-maia.pt/pages/1295 da Câmara Municipal da Maia, -“O Monte de Santa Cruz é um lugar bastante edificado de raiz antiga. A sua ascensão inicia-se do lado poente da encosta na Capela do Calvário até ao alto do monte pela Avenida Senhor Santa Cruz. A Capela de Santa Cruz (1693), localiza-se já do lado nascente, na meia encosta (110m), numa cota inferior à rua, sendo que se acede a esta por uma escadaria descendente a partir da rua. Está envolvida por um adro pavimentado a micro cubo de granito com alinhamentos de Plátanos e enquadrada por um espaço relvado pontuado de árvores de porte considerável (Fraxinus angustifolia, Pinus, Acácia). O lado nascente do recinto abre sobre a paisagem envolvente, sobre áreas agrícolas e florestais e sobre a malha habitacional. A Sul da capela, e adossada a ela, encontra-se uma Estação do Calvário.
O Monte de Santa Cruz constitui um local de culto e romaria popular. Durante as festas do Senhor dos Passos promove-se a Procissão do Encontro entre a Capela de Nossa Senhora do Encontro e a capela de Santa Cruz. (…/…)
O Calvário é composto por seis capelas, situadas em ambiente periurbano, em destaque: 1 - Capela da Oração no Horto, a primeira do calvário, próxima da igreja matriz e inscrita em plataforma de cota mais elevada, à qual se acede através de escadas a E. e S.; 2 - Capela da Prisão de Jesus, em planície, à face da estrada, tendo a O. edifícios de habitação e a E. campos agrícolas; 3 - Capela da Flagelação de Jesus, em destaque no sopé do Monte de Santa Cruz em elevação relativamente à cota da rua; 4 - Capela da Coroação de Espinhos, em outeiro, assente em soco, adossada a N. por muro. 5 - Capela da Condenação de Jesus, situada na plataforma mais elevada do Monte de Santa Cruz, isolada em destaque; 6 - Capela da Crucificação, sexta e última das capelas do Calvário, adossada à fachada S. da Capela do Senhor de Santa Cruz.
As capelas apresentam a mesma estrutura: planta quadrada, com coincidência entre o interior e o exterior, massa simples, cobertura de três águas rebocadas. Fachadas principais em granito aparente, com vão em arco de volta perfeita formando frontão interrompido por cartela com elementos decorativos; ladeiam-no dois plintos quadrangulares, encimados por elemento terminal em fogaréu (Capela de Oração no Horto) ou pinha (Capelas da Prisão de Jesus, da flagelação, da coroação e condenação).” (…/…)
Não me foi possível ainda por aqui encontrar uma lenda, o que possivelmente me levará a enriquecer o pouquinho do que de lenda se pode chamar, nos procedimentos de aquando da procissão, em que o Senhor dos Passos se veste de roxo, enquanto o Senhor da Santa Cruz, de vermelho. No fim da procissão ambos recolhes às "arrecuas", porque, segundo reza a lenda, se assim não for, o povo da freguesia vizinha de Vermoim podem vir 'roubá-lo'.
 Esta tradição tem origem no tempo em que Barca ainda não era freguesia e pertencia a Vermoim.”
Por José Faria

sexta-feira, 10 de julho de 2020

O REGRESSO DAS JUMENTINHAS


Lenda de Gueifães – Maia
O REGRESSO DAS JUMENTINHAS

Por volta de 1807, durante as Invasões francesas, na grande quinta de Gueifães, do latifúndio Santos Lessa, um de entre os quarenta maiores proprietários do Concelho, os quais, por essa razão, eram membros da assembleia da Câmara Municipal à época.
Como quinta de grande produção agrícola que ocupava muitas famílias maiatas no amanho da terra e ainda mais na altura das colheitas; aquando da apanha e desfolhada do milho ou das cegadas de trigo e do centeio. Chegava a matar-se um vitelo para dar de comer a tantos trabalhadores.
Aquando das invasões francesas, os soldados levavam tudo aquilo que lhes servia e que havia de melhor. Desta quinta além de víveres, ouro e prata, levaram muito gado e duas jumentinhas que eram a graça e mascotes da casa, Clara e Florinda, que eram tratadas como animais domésticos e de estimação.

Vários dias passaram até que já ninguém pensava no roubo do gado e das jumentinhas. Certa noite, já de madrugada, os criados que dormiam num casarão perto do curral, acordaram com ruídos de um batimento arrastado, contra as portadas do curral. Sorrateiramente e a medo foram ver o que era e depararam-se com as duas jumentas que arrastavam as patas nas portadas tentando abri-las para entrar. Acorreram a chamar o patrão Santos Lessa que logo veio ao seu encontro. Já junto das mascotes da quinta, verificaram que ambas tinham sobre o dorso alforges bem gordos, atafulhados de ouro e pratas.
As jumentinhas, Carla e Florinda, conseguiram fugir aos franceses e como tão dadas à quinta, regressaram por instinto ao seu lar, mais ricas do que quando foram roubadas de lá.
Esta lenda manteve-se viva por muitos anos, porque era contada sempre que um ou mais trabalhadores ingressassem na quinta de Santos Lessa.
- Fonte: - Junta de Freguesia de Gueifães.

Porque procuro manter por mais tempo estas lendas, continuo a elaborar as quadras descritivas de cada uma das lendas que vou encontrando.
Concluídas as de Pedrouços, de Águas Santas, de Guadalupe, do Santo Preto, do Santo António (Nogueira e Silva Escura), vou agora debruçar-me na criação poética, através de quadras de cariz popular, de forma a descrever poeticamente esta lenda também.
Certamente que as Jumentinhas me vão agradecer.
José Faria

domingo, 5 de julho de 2020

POR TERRAS DE FOLGOSA DA MAIA

Sanctus Salvator de Felgosa. Maia
Felgosa deriva do latim 'filictum' que quer dizer, 'lugar onde há fetos'. Assim temos 'Filic' que evoluiu para 'Felic' que por apofonia do 'i' em 'e' deu'Felg'. Querendo 'Felg' dizer feto, e 'osa' dizer abundância, temos Felgosa, designação pela qual foi conhecida esta freguesia até 1258, altura em que passou a Folgosa, nome que ainda hoje tem. 
Em 1320 a Igreja paroquial de S. Salvador de Folgosa, entre outras, pertencia ao Mosteiro de Santo Tirso.
Folgosa, freguesia de S. Salvador na Idade Média, traz história que remontando à era pré-romana é enriquecida pela história do Mosteiro de Santo Tirso, e pela das populações vizinhas. D'entre os lugares que a compõe, Monforte é, sem dúvida, o mais antigo. O seu nome, composto pela aglutinação de Monte e Forte, alude à defesa Castreja e significa que o monte aí existente foi em tempos fortificado.
Já em 1027 se grafava 'Monte Fortin'. Em 1258, nas Inquirições Afonsinas encontramos a expressão 'Martinus Paiço' e a variante 'Martinus Paaço', ou seja, 'Palácio de Martinus'.
O termo Paiço que passou a Paço, originando esta palavra, derivou por sua vez de Palatium-Palácio.
Lugar de Quintã era, também ele, 'paiço' de um senhor fidalgo, assim como o Lugar de Paiço, que por lá morar o Senhor da Vila, era assim designado. 
Vilar de Luz é mais um lugar, cuja palavra Vilar, remonta ao séc. XII.
Villa Felgosa é já citada em 1080, e no 'Rol das igrejas do Rei' levado a cabo em 1258, figura a sua igreja 'Sanctus Salvator de Felgosa'.
A atual Igreja Matriz de Folgosa é um edifício aparentemente seiscentista. Subindo ampla escadaria que a antecede, deparamos com o edifício cuja frontaria é ladeada por duas esbeltas torres sineiras coroadas com cúpulas bulbiformes rodeadas de quatro fogaréus.

O templo primitivo debruado a cantaria, seria apenas ladeado por uma torre, pois a segunda torre, surge como resultado das obras de restauro e ampliação das quais foi mentor o pároco, Padre Roriz. 
A sua fachada, revestida a azulejo, mostra-nos de cada lado do amplo portal em esquadria, encimado por frontão arqueado sobre o qual se abre um janelão retangular, imagens alusivas aos apóstolos S. Pedro e S. Paulo.
No tímpano da empena, um relevo em cantaria ergue-se até ao nicho que alberga um Anjo. Esta é rematada com frontão terminado em acento circunflexo, em cujo vértice se equilibra uma cruz celta, ladeada por quatro fogaréus. (…/…) Mais informação na fonte. 
https://www.geocaching.com/geocache/GC3RDKK_igreja-matriz-folgosa-maia

sexta-feira, 3 de julho de 2020

LENDA DE NOGUEIRA DA MAIA

NOGUEIRA DA MAIA - HISTÓRIA E LENDA
Nogueira urbanizou-se ao longo da Rua da Igreja, ou do Padre António Costa. A Igreja Matriz é uma das mais importantes das terras maiatas. Imponência criada por um artifício arquitetónico: a frontaria de um biombo, grandioso e requintado, maior do que o interior. Na torre sineira, a data em azulejo (1929) é a da sua reconstrução, pois o templo é setecentista. No interior, bem conservado, o altar-mor possui talha extraordinária. Os tetos de caixote são bem pintados. À esquerda do altar, a imagem da Senhora do Rosário, do século XVIII, e, do lado direito do arco triunfal, à expressiva Senhora das Dores. Na Igreja e no jardim lateral festeja-se em Agosto a Nossa Senhora de Fátima.
Conforme consta no site da autarquia, a região de Nogueira, remonta-nos ao ano ano de 1195, onde a Paróquia Santa Maria de Nogueira aparece mencionada no "Censual do Cabido da Sé do Porto"; usando o nome "Santa Maria de Nogueira de Vilar";
Pensa-se que a origem do no desta região “Nogueira” da Maia esteja relacionada com a existência de um grande número de nogueiras, ou de um grande exemplar desta espécie de árvores, que durante séculos existiram nesta terra, possivelmente com outros nomes que o uso linguístico foi alterando ao longo do tempo até aos nossos dias. Primeiramente, Nocaria, depois Nugaria, Ngeira, Nugueyra… Nogueira.
Abrigada no sopé do Monte da Senhora da Hora, ou do Calvário, Nogueira urbanizou-se ao longo da Rua da Igreja, ou da Padre António Costa.”
Fonte: http://www.nogueira.pt/
Curioso e para minha satisfação, aqui em Nogueira encontrei mais uma lenda, à qual, em tempo oportuno, lhe acrescentarei mais uns “posinhos” para a enriquecer sem lhe alterar em nada a traça original, conforme nos chegou do passado aos dias de hoje e, naturalmente, lhe acrescentarei a discrição de forma poética, para que em todas as lendas que possa reunir tenham a poesia.
A lenda é esta:
“Milagre de Santo António
Diz-se que um lavrador que transportava uma pipa de vinho em cima de um carro puxado por uma junta de bois, foi surpreendido por um insólito acidente quando passava em Silva Escura.
Transitando pela estrada real (um caminho medieval que ligava o Porto a Guimarães e Braga, que passava no sopé do Monte Calvário) devido à irregularidade do piso e ao provável mau acondicionamento da pipa, esta terá deslizado para trás provocando o desequilíbrio do carro.
Os bois, apoiados apenas pelas patas traseiras, estavam na iminência de morrerem asfixiados.
Ante a tragédia, o lavrador ajoelhou juntamente com o moço da soga e suplicou ajuda a Santo António de quem era devoto. O Santo apareceu, a pipa endireitou e assim o carro nivelou, permitindo a retoma da viagem. Este, milagre segundo consta, terá ocorreu na primeira metade do século XVIII. No local foi construído um nichinho para perpetuar o acontecimento. A fé do povo levou a erigir, por volta de 1770, uma capela no cimo do monte em honra de santo António.
O monte passou a chamar-se Monte de Santo António e o nome de Monte do Calvário caiu no esquecimento.”