EM SÃO MIGUEL O ANJO

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

UM BAIRRISMO GLOBALIZANTE

 CONDOMÍNIO GLOBAL

Nasci num concelho da área metropolitana do Porto, rodeado por sete concelhos; Vila do Conde, Trofa, Santo Tirso, Valongo, Gondomar, Porto e Matosinhos.
O Planeta Terra é a nossa única morada

Ora, para ir à praia, tenho que entrar em qualquer um deles, nomeadamente em Vila do Conde, no Porto ou em Matosinhos, já que o mar já não banha a Maia.
Mas já banhou, antes de começar a distribuição das suas terras, aquando as paróquias ou regiões da Maia iam desde a Azurara (Vila do Conde) até Valongo, Foz do Douro, Paranhos, Matosinhos… num total de 67 regiões, muitas das quais deram origem e aumento aos concelhos pelos quais é agora rodeada.
No entanto, hoje mais do que nunca, não é o bairrismo ou o nacionalismo, tantas vezes impingido, que promove a pessoa humana, a protege e a faz feliz; mas sim a detenção e o usufruto de condições indispensáveis ao seu bem-estar social a todos os níveis.
A constante globalização na gestão dos recursos naturais de sobrevivência da humanidade e a interligação política, social e económica entre todos os países, a par das migrações cada vez mais acentuadas no globo, leva-nos a compreender e a aceitar com agrado, que para além do local de residência, todos somos moradores do Planeta Terra e que de certa forma, estamos sujeitos a normas de gestão equivalente a um condomínio global.
Por isso, parece-me irrelevante o local, sitio, freguesia, concelho ou região de residência, já que o progresso e bem-estar de todos esses lugares e dos seus residentes, estão dependentes de uma boa gestão desse global condomínio. - José Faria

O VELHO FREIXO DE VERMOIM

A ALMA RESISTENTE DA ÁRVORE FREIXO
VERMOÍM - MAIA


 Tal como o velho freixo venerado pelo povo, que se encontra em Freixo de Espada à Cinta junto da igreja matriz, também o secular freixo maiato frente à igreja de São Romão de Vermoim, faz parte destas duas dezenas de “velhas guardas” em Portugal.

Pela sua secular idade, o freixo de Vermoim que poderá ter assistido” ao nascimento de Joana D’Arc em 30 de maio de 1431, bem poderia ter influenciado no nome desta terra onde nasceu e vive, que poderia chamar-se “Vermoim de Freixo ou Freixo de Vermoim”, como acontece com Freixo de Espada à Cinta, Freixial, Freixofeira, Freixieiro, Freixo de Cima, Freixo de Numão…

Pode dizer-se que a árvore de freixo é maravilhosamente resistente e sagrada, que foi muito utilizada nos cultos das antigas religiões pagãs. Pelo menos eram sagradas para o povo Celta, escandinavo e grego.

Freixo de espada à cinta

Merece todo o nosso respeito até pela nossa saúde, tão indicada que é para nos tratar de muitas maleitas.

Além disso, reza a lenda, que D. Dinis terá adormecido à sombra de um secular freixo e que durante o sono o espírito da árvore lhe revelou o que deveria fazer para o bom futuro de Portugal.

Outra lenda relacionada com esta árvore, acrescenta que o Deus Odin (um Deus nórdico nomeado como o pai de todos), se enforcou num freixo, acreditando que assim atingiria a iluminação divina.

 Como árvore medicinal, o freixo serve para tratar problemas de saúde como gota, reumatismo, celulite, colesterol, obesidade, mau hálito, acúmulo de ureia, excesso de ácido úrico, prisão de ventre, cálculos renais e febre, e como propriedades compreende a sua ação diurética, laxante, depurativa, antipirética, anti-inflamatória, analgésica cicatrizante e rejuvenescedora.

Utilizando-se a sua casca e folhas para fazer chás, infusões e cataplasmas.

 Por ser muito anti-inflamatória e   adstringente,  diurética e desintoxicante do   organismo, é comum ser recomendada para   tratar a obesidade, é ainda vasoprotetora e
 venotónica.

Com a sua casca pode fazer-se uma decocção cicatrizante e para tratar a febre tendo mesmo sido usada pelos antigos herbalistas ingleses para tratar a malária em substituição do quinino.

Que mais acrescentar sobre o maravilhoso freixo para que continue, se não venerado, pelo menos respeitadoJosé Faria

Fonte: https://www.portaldojardim.com/pdj/2016/02/10/freixo-a-grande-arvore-mitica-dos-celtas/

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

PEDALADAS PELA MESA DO ACORDO

 PEDALADA HISTÓRICA PELA PEDRA DA AUDIÊNCIA

Depois da minha audiência sobre a Pedra do Acordo, às portas da igreja de São Pedro de Avioso, segui pela rua do Património, em direção ao parque de Avioso, do lado poente. A meio da rua,  deu para admirar e fotografar de novo a velhinha e esquecida capelinha do século XII, que para ali está tão-só há muito tempo a vestir-se de musgo. Vale-lhe a companhia frontal e atenta do cruzeiro amigo, possivelmente da sua idade.

Capela esquecida do século XII

Misteriosamente, a seu lado, mas do outro lado da rua, o imponente brasão da quinta de Paredes, mantem-se silencioso e misterioso. Muita história haveria para se contar e se divulgar, se dela se soubesse sobre as vidas vividas nesta quinta em tempos de feudalismo. Quem nos poderia ajudar a desvendar esses históricos mistérios, era a capela vizinha, mas como ninguém lhe liga, vai-se embrulhando no tempo e no musgo do esquecimento sem nada nos contar.

Quinta de Paredes

De regresso com passagem pela igreja de Santa Maria de Avioso, pude de novo constatar pedaços do passado expostos decorativamente sobre o relvado envolvente à igreja, onde inclusive se encontram dois sarcófagos antropomórficos.

2 Sarcófagos antropomórficos

Na verdade, tantas destas relíquias se escondem nos museus, quando a sua maior divulgação deveria estar na sua exposição no exterior das autarquias ou adros de igrejas, oferecendo-se com mais liberdade aos olhos do público. Os próprios marcos romanos, marcos miliários, que tem sido “açambarcados” para o interior de museus, deveriam ficar expostos aí, no adro da igreja ou junta de freguesia, mais próximos de onde foram encontrados. Escondidos, ninguém os vê nem os conhece.

Continuando a rota dos pedais, seguiu-se aquela que já foi a mais pequena freguesia da Maia: Gondim. Por acaso é também a única que ainda espera de min a criação de uma lenda, para que eu possa apresentar LENDAS DA MAIA, contemplando todas as suas anteriores 17 freguesias.

Com o sol sempre a sorrir, desde o romper da aurora, segui por Silva Escura, e logo a seguir Milheirós, que venera o tal “Mata-Mouros”, que é o Santiago dos peregrinos. Adiante,  logo me abeiro das margens do rio Leça e daí ao recolher da manhã desportiva, foi um instantinho. Por falta de mais dois quilómetros não fiz os 40 a pedalar toda a manhã. Mas valeu a pena, pela saúde física, mental, pulmonar, muscular e intelectual.     "Vale sempre a pena quando a alma não é pequena" (Fernando Pessoa), ou como disse um dia António Nobre, para que não nos agarremos às dores das paredes do lar: -"Cansado das dores que o matavam, foi em viagem por esse mundo"                                           

 

 José Faria

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

REPÚBLICA PORTUGUESA

 ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA PORTUGUESA

Foi para o progresso da nação,
Por mais justiça e riqueza;
A primeira constituição,
Da república portuguesa.
 
Que a vinte e um de agosto,
De mil novecentos e onze,
Ganhou Portugal outro rosto,
Se premiou de prata e bronze.

Surja um pensamento novo,
De partilha em todos nós;
Nesta terra que é do povo
E esse povo somos nós.
 José Faria

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

BICIGRINOS NO CAMINHO DE SANTIAGO

BICIGRINOS NO CAMINHO

O caminho de Santiago de Compostela é extraordinário, de beleza, de constantes descobertas vistas e sentidas. É uma aventura rejuvenescedora para todos quantos se querem reconhecer, reencontrar na fé espiritual; no respeito por si e pela vida de todas as vidas, se purificar e valorizar mais a sua existência e a natureza que a criou e a sustenta. O caminho é uma coisa muito boa, mas é estreito.

E o caminho que nos leva à vida é estreito; já o caminho que

 nos leva à morte é largo e fácil, muito espaçoso.

O Caminho do Peregrino é para aqueles que são bons:

É a ausência de vícios, o impedimento do corpo, o aumento das virtudes, perdão para os pecados, o pesar para o penitente, o caminho dos justos, amor dos santos, fé na ressurreição e a recompensa dos abençoados;

É uma separação do inferno e a proteção dos céus.

Afasta-nos de comidas saborosas porque faz a gordura gulosa desaparecer, evita a volúpia, constrange os apetites da carne que atacam a fortaleza da alma, limpa o espírito, leva à contemplação, torna modesto o arrogante e eleva os humildes, ama a pobreza.

Odeia a repressão dos que se movem por ganância. Por outro lado, ama a pessoa que dá ao pobre. Recompensa aqueles que vivem na simplicidade e fazem boas ações; e, por outro lado, não arrasta aqueles que são avarentos e iníquos das garras do pecado.

José Faria

PESCA DESPORTIVA

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

LENDA DA BOUÇA DA COVA DA MOURA

 

Porque me fascinam as descobertas de vestígios da pré-história, histórias e lendas dos povos, continuo, como maiato, empenhado em descobrir e conhecer lendas das terras da Maia, recriando umas e criando outras onde não as há, no sentido de possibilitar que todas as 17 freguesias (antes da junção) tenham a sua lenda.

Pois entendo que culturalmente será também uma forma de enriquecer promover todas elas e o próprio concelho onde se inserem.
Por essa razão, muitas tem sido as pesquisas em livros, na internet e no terreno.
Deste Site https://www.wikiwand.com/pt/Maia, transcrevo o texto a seguir sobre a história da Maia, que se debruça precisamente nessas descobertas pré-históricas, nomeadamente na bouça de Ardegães entre Águas Santas e Milheirós, que frequento periodicamente, inclusive no desenvolvimento de atividades desportivas, caminhadas e BTT, mas sempre com o propósito e curiosidade de imaginar que uma pequena pedra que pegue na mão, bem poderá já ter estado noutras mãos de um povo há cinco mil anos, na idade do bronze, 3.000 ou 4.000 anos antes de Cristo.

"Pré-História

O território atualmente correspondente ao município da Maia é já habitado desde a Pré-História. Foram encontrados inúmeros vestígios pré-históricos, como arte rupestre, com especial destaque para a Pedra Partida de Ardegãesmamoas, várias peças de cerâmica, arpões e pontas de seta do períodos Calcolítico (particularmente do Neocalcolítico), da Idade do Bronze e da Idade do Ferro.[9]

Pedra Partida de Ardegães constitui um dos indícios mais notáveis da ocupação pré-histórica das Terras da Maia. Este testemunho, um bloco granítico de 3,5 toneladas, foi descoberto na década de 1930 num terreno privado no lugar de Ardegães, freguesia de Águas Santas. Terá cerca de 5000 anos (Idade do Bronze) e destaca-se pela quantidade de motivos geométricos, constituindo um excelente exemplar de arte megalítica da Europa atlântica. A Pedra deve o seu nome ao facto de ter sido possivelmente danificada por maquinaria pesada durante o processo de desmatamento que conduziu à sua descoberta. Encontrava-se à guarda da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto até 2001, data de abertura do Museu de História e Etnologia da Terra da Maia, onde se encontra atualmente em exposição permanente."

Ora, como ando empenhado em criar e recriar LENDAS DA MAIA, influenciado pelo nome sugestivo desta bouça onde se encontraram as GRAVURAS RUPESTRES, de Cova da Moura, criei-lhe esta lenda, que se irá juntar a todas as LENDAS DA MAIA:

VOZES DA COVA DA MOURA

Ardegães -Maia

No cimo da bouça da Cova da Moura, à direita do rio Leça no Lugar de Ardegães, entre as freguesias de Águas Santas e de Milheirós, na Maia, existem vestígios de necrópoles da idade do bronze, e penedos com gravuras rupestres.
Um deles, com várias gravuras geométricas, sempre que ao cair do dia sente a presença humana, emite sons da terra ou da própria rocha, parecidos com choros e risadas, gemidos e lamentos tão presentes e distantes, num eco abafado que parece vir do além.
Devido aos buracos no solo, que são ruínas de necrópoles de um povoado que por aí terá vivido, o povo chama-lhe bouça da Cova da Moura.
Reza a lenda que quem ao cair da noite, depois do sino bater as trindades, se aproximar destas penedias gravadas pelos antepassados, sentirá energias e brisas estranhas em seu redor e ouvirá vozes e rumores impercetíveis, como que saindo dos penedos escritos ou das profundezas da bouça.

VOZES DA COVA DA MOURA 

Diz a lenda que das gravuras
Rupestres da penedia,
Emergem dores de torturas,
De rituais e loucuras,
Que uma tribo ali fazia.
 
As gravuras do penedo,
Que são da cova da moura:
Emitem vozes de medo,
De espíritos ou de bruxedo,
Ou de moura zeladora.
 
Depois do dia findar,
E durante a madrugada;
Quem dali se aproximar,
Ouve as gravuras falar,
E toda a bouça agitada.
 
Estranhos sons e rumores,
Vindo da pré-história;
Choros baixos, clamores,
Mágicos e sedutores,
Que se entranham na memória.
 
Há mesmo até quem diga,
Que quem ao ler nas gravuras;
Tem que estar a fazer figa,
Suportar peso e fadiga,
E desmaios por tonturas.
 
Que lhe leva o pensamento,
Junto do povo ancestral;
Por caminho turbulento,
Até ao povoamento,
Que já teve ali lugar.
José Faria – 09/02/2021



sábado, 6 de fevereiro de 2021

LENDA DE SÃO PEDRO DE AVIOSO - MAIA

LENDA DE SÃO PEDRO DE AVIOSO

A PASTORA MAYA

Reza a lenda que num certo dia, andava Maya a pastorear as ovelhas nos montes de São Pedro de Avioso, foi violentamente agredida e morta por um louco que por ali deambulava.
Como o rebanho ao cair da noite se dirigiu sem a pastora para a povoação e se recolheu no curral, como era habitual, o pai de Maya aflito, procurou-a e correu ao monte à sua procura, encontrando-a morta junto a uma penedia.
Os populares, ao vê-lo correr monte acima aos berros pela filha, foram no seu encalço, pensando tratar-se de ataque de lobo.
Foram encontrá-lo sofrendo já com a filha Maya morta nos braços.
Após vasculharem todo o monte à procura do possível assassino, nada encontraram. Voltaram para junto do lavrador ainda com o corpo da filha nos braços, pedindo-lhe para regressar a casa. Mas apesar dos apelos dos populares, preferiu ali ficar, pedindo que o deixasse a sós com a filha.
As pessoas da aldeia obedeceram, desceram o monte e foram procurar em todos os cantos da povoação, na esperança de encontrarem o assassino, o que nunca conseguiram.
Apesar da insistência dos conterrâneos para que voltasse para casa com o corpo da filha, o pai de Maya só desceu a serra com a filha nos braços ao fim de três dias, depois da alma da filha lhe aparecer, pedindo-lhe para ir para casa em paz e esquecer o sucedido, e que deixasse à lei divida o reparo ou castigo a quem lhe causou a morte.

A MORTE DA PASTORA MAYA

Estava a pastorar a jovem Maya
Nos verdejantes montes de São Pedro;
Com o seu lanche na aba da saia,
Sentada e encostada ao seu penedo.
 
Era sempre este o seu lugar,
Com vistas largas e mais elevado;
De onde bem podia enxergar,
Os animais a seu cuidado.
 
A dada altura ficou assustada,
Ao ver um homem ali a vaguear;
Temerosa ao cajado encostada,
Com o cão cauteloso a ladrar.
 
Dela o vagabundo se abeirou,
De aspeto sujo e tresloucado:
Que ao chão a pastora derrubou,
Cujo corpo caiu desamparado.
 
Bateu com a cabeça no granito,
Sangrando de corpo inanimado,
O vagabundo ouviu-a dar um grito,
Dali fugiu correndo assustado.
 
Pela demora o pai no seu encalço,
Foi encontrar a filha já sem vida;
Sentado com a Maya no regaço,
Ali permaneceu de alma ferida.
 
No monte esteve três dias padecendo,
Chorando a sua perda a toda a hora;
Mas a alma da filha lhe aparecendo,
Lhe disse: “não chores pai e vai-te embora.
José Faria

LENDA DO SANTO LENHO DE MOREIRA - MAIA

LENDA DO SANTO LENHO

Moreira da Maia

Reza a história que um fragmento de madeira da cruz em que Jesus foi crucificado, chegou ao lugar de Moreira, das terras da Maia, vindo do Oriente.

Adorado e venerado pelo povo crente ao longo de muitos anos, essa relíquia orientou e motivou religiosamente todo o tipo de milagres pagos com doações, desde o povo mais humilde, aos senhores mais abastados e da nobreza das terras de São Salvador de Moreira.

Um dia, para grande tristeza do povo de Moreira, essa lasca de madeira terá desaparecido. Apesar de todas as diligências e procuras ao longo de vários anos, só em 1510, ainda no reinado de D. Afonso Henriques, é que por milagre o Santo Lenho se mostrou ao prior D. Vasco Annes. Terá este bocado de madeira permanecido oculto durante tantos anos debaixo da pedra de ara do altar-mor onde foi encontrado.

A notícia do achado milagroso correu veloz, levando fé, esperança e muita alegria ao povo crente que acorreu ao Mosteiro de São Salvador de Moreira.

Era então bispo da cidade do Porto, D. Pedro da Costa, que ao saber que foi encontrado o Santo Lenho, mandou que se fizesse um esplêndido relicário, uma cruz de prata dourada encastoada com diversas pedras preciosas, sendo a lasca do Santo Lenho encerrada no centro da cruz, protegida por um vidro de cristal.

Por essa graça de Deus, mandou o bispo que a partir daí se realizassem grandes festas e a de devoção ao Santo Lenho.

As festas e cerimónias religiosas de veneração dedicadas ao fragmento de madeira da cruz de Jesus, no centro do relicário, repercutiram-se em diversas manifestações de fé desde o dia em que foi encontrado. O Dia da Santa Cruz a 3 de maio, e Dia da Exaltação da Santa Cruz a 14 de setembro, data em que se comemora a recuperação da cruz do Império Sassânida. 

Reza ainda a lenda e a história que esta lasca de madeira a que chamam de Santo Lenho, operou muitos milagres, protegendo o povo da freguesia de Moreira e toda a terra maiata, e que, mesmo sendo todas as outras freguesias vizinhas infestadas de víboras, as mesmas não mordiam em Moreira; assim como nunca em Moreira caiu nenhum raio. Também, e porque esta terra sempre esteve protegida pelo Santo Lenho, não sofreu qualquer dano aquando do sismo de 1755. Venerada por todos, a lasca de madeira que dizem ter vindo do Oriente e que é da cruz em que Jesus foi crucificado, sempre favoreceu as culturas e o germinar de boas sementeiras nas terras maiatas de Moreira, sempre que o trabalho e o bom desempenho na agricultura se manifeste.

- Na verdade, muitas terras partilham a mesma lenda. Na freguesia de Grade, Alto Minho, diz-se que "na Veiga da Matança, batalha que opôs Afonso Henriques a seu primo Afonso VII de Leão, foi encontrado uma relíquia sagrada, denominado Santo Lenho, que segundo a fé cristã crê-se que seja um pedaço retirado da Cruz onde Cristo foi crucificado. Esta relíquia encontra-se na freguesia de Grade, na Igreja Matriz, num sacrário com duas portas fechado a sete chaves todas elas diferentes."

SANTO LENHO DA CRUZ DE JESUS

O Santo Lenho é lasca de madeira,
Que dizem ter vindo do Oriente;
É o despertar de outra maneira,
Muito ardilosa, também matreira,
De alimentar a fé ao crente.
 
É quem na oração mantém canseira,
Dedicação ativa e presente;
Todo o cristão dele se abeira,
Com muita entrega e fé derradeira,
A um pouco de pau omnipotente.
 
E da devoção do povo, da gente,
Germina na terra a sementeira;
Até no verão seco e bem quente,
A natureza produz, está presente,
Em todos os prados, qualquer lameira.
 
Energia sagrada do Lenho se sente,
Na pedra de ara há muito guardado;
Ainda faz milagres e cura o doente,
Em quem acredita e nele se tente,
É luz da cruz no altar de Moreira.

02/02/2021

José Faria