Depois da minha audiência sobre a Pedra do Acordo, às portas da igreja de São Pedro de Avioso, segui pela rua do Património, em direção ao parque de Avioso, do lado poente. A meio da rua, deu para admirar e fotografar de novo a velhinha e esquecida capelinha do século XII, que para ali está tão-só há muito tempo a vestir-se de musgo. Vale-lhe a companhia frontal e atenta do cruzeiro amigo, possivelmente da sua idade.
Capela esquecida do século XII |
Misteriosamente, a seu lado, mas do outro lado da rua, o imponente brasão da quinta de Paredes, mantem-se silencioso e misterioso. Muita história haveria para se contar e se divulgar, se dela se soubesse sobre as vidas vividas nesta quinta em tempos de feudalismo. Quem nos poderia ajudar a desvendar esses históricos mistérios, era a capela vizinha, mas como ninguém lhe liga, vai-se embrulhando no tempo e no musgo do esquecimento sem nada nos contar.
Quinta de Paredes |
De regresso com passagem pela igreja de Santa Maria de Avioso, pude de novo constatar pedaços do passado expostos decorativamente sobre o relvado envolvente à igreja, onde inclusive se encontram dois sarcófagos antropomórficos.
2 Sarcófagos antropomórficos |
Na verdade, tantas destas relíquias se escondem nos museus, quando a sua maior divulgação deveria estar na sua exposição no exterior das autarquias ou adros de igrejas, oferecendo-se com mais liberdade aos olhos do público. Os próprios marcos romanos, marcos miliários, que tem sido “açambarcados” para o interior de museus, deveriam ficar expostos aí, no adro da igreja ou junta de freguesia, mais próximos de onde foram encontrados. Escondidos, ninguém os vê nem os conhece.
Continuando a rota dos pedais, seguiu-se aquela que já
foi a mais pequena freguesia da Maia: Gondim. Por acaso é também a única que
ainda espera de min a criação de uma lenda, para que eu possa apresentar LENDAS
DA MAIA, contemplando todas as suas anteriores 17 freguesias.
Com o sol sempre a sorrir, desde o romper da aurora, segui por Silva Escura, e logo a seguir Milheirós, que venera o tal “Mata-Mouros”, que é o Santiago dos peregrinos. Adiante, logo me abeiro das margens do rio Leça e daí ao recolher da manhã desportiva, foi um instantinho. Por falta de mais dois quilómetros não fiz os 40 a pedalar toda a manhã. Mas valeu a pena, pela saúde física, mental, pulmonar, muscular e intelectual. "Vale sempre a pena quando a alma não é pequena" (Fernando Pessoa), ou como disse um dia António Nobre, para que não nos agarremos às dores das paredes do lar: -"Cansado das dores que o matavam, foi em viagem por esse mundo"
Sem comentários:
Enviar um comentário