EM SÃO MIGUEL O ANJO

sábado, 6 de fevereiro de 2021

LENDA DE SÃO PEDRO DE AVIOSO - MAIA

LENDA DE SÃO PEDRO DE AVIOSO

A PASTORA MAYA

Reza a lenda que num certo dia, andava Maya a pastorear as ovelhas nos montes de São Pedro de Avioso, foi violentamente agredida e morta por um louco que por ali deambulava.
Como o rebanho ao cair da noite se dirigiu sem a pastora para a povoação e se recolheu no curral, como era habitual, o pai de Maya aflito, procurou-a e correu ao monte à sua procura, encontrando-a morta junto a uma penedia.
Os populares, ao vê-lo correr monte acima aos berros pela filha, foram no seu encalço, pensando tratar-se de ataque de lobo.
Foram encontrá-lo sofrendo já com a filha Maya morta nos braços.
Após vasculharem todo o monte à procura do possível assassino, nada encontraram. Voltaram para junto do lavrador ainda com o corpo da filha nos braços, pedindo-lhe para regressar a casa. Mas apesar dos apelos dos populares, preferiu ali ficar, pedindo que o deixasse a sós com a filha.
As pessoas da aldeia obedeceram, desceram o monte e foram procurar em todos os cantos da povoação, na esperança de encontrarem o assassino, o que nunca conseguiram.
Apesar da insistência dos conterrâneos para que voltasse para casa com o corpo da filha, o pai de Maya só desceu a serra com a filha nos braços ao fim de três dias, depois da alma da filha lhe aparecer, pedindo-lhe para ir para casa em paz e esquecer o sucedido, e que deixasse à lei divida o reparo ou castigo a quem lhe causou a morte.

A MORTE DA PASTORA MAYA

Estava a pastorar a jovem Maya
Nos verdejantes montes de São Pedro;
Com o seu lanche na aba da saia,
Sentada e encostada ao seu penedo.
 
Era sempre este o seu lugar,
Com vistas largas e mais elevado;
De onde bem podia enxergar,
Os animais a seu cuidado.
 
A dada altura ficou assustada,
Ao ver um homem ali a vaguear;
Temerosa ao cajado encostada,
Com o cão cauteloso a ladrar.
 
Dela o vagabundo se abeirou,
De aspeto sujo e tresloucado:
Que ao chão a pastora derrubou,
Cujo corpo caiu desamparado.
 
Bateu com a cabeça no granito,
Sangrando de corpo inanimado,
O vagabundo ouviu-a dar um grito,
Dali fugiu correndo assustado.
 
Pela demora o pai no seu encalço,
Foi encontrar a filha já sem vida;
Sentado com a Maya no regaço,
Ali permaneceu de alma ferida.
 
No monte esteve três dias padecendo,
Chorando a sua perda a toda a hora;
Mas a alma da filha lhe aparecendo,
Lhe disse: “não chores pai e vai-te embora.
José Faria

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