EM SÃO MIGUEL O ANJO

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

LENDA DA BOUÇA DA COVA DA MOURA

 

Porque me fascinam as descobertas de vestígios da pré-história, histórias e lendas dos povos, continuo, como maiato, empenhado em descobrir e conhecer lendas das terras da Maia, recriando umas e criando outras onde não as há, no sentido de possibilitar que todas as 17 freguesias (antes da junção) tenham a sua lenda.

Pois entendo que culturalmente será também uma forma de enriquecer promover todas elas e o próprio concelho onde se inserem.
Por essa razão, muitas tem sido as pesquisas em livros, na internet e no terreno.
Deste Site https://www.wikiwand.com/pt/Maia, transcrevo o texto a seguir sobre a história da Maia, que se debruça precisamente nessas descobertas pré-históricas, nomeadamente na bouça de Ardegães entre Águas Santas e Milheirós, que frequento periodicamente, inclusive no desenvolvimento de atividades desportivas, caminhadas e BTT, mas sempre com o propósito e curiosidade de imaginar que uma pequena pedra que pegue na mão, bem poderá já ter estado noutras mãos de um povo há cinco mil anos, na idade do bronze, 3.000 ou 4.000 anos antes de Cristo.

"Pré-História

O território atualmente correspondente ao município da Maia é já habitado desde a Pré-História. Foram encontrados inúmeros vestígios pré-históricos, como arte rupestre, com especial destaque para a Pedra Partida de Ardegãesmamoas, várias peças de cerâmica, arpões e pontas de seta do períodos Calcolítico (particularmente do Neocalcolítico), da Idade do Bronze e da Idade do Ferro.[9]

Pedra Partida de Ardegães constitui um dos indícios mais notáveis da ocupação pré-histórica das Terras da Maia. Este testemunho, um bloco granítico de 3,5 toneladas, foi descoberto na década de 1930 num terreno privado no lugar de Ardegães, freguesia de Águas Santas. Terá cerca de 5000 anos (Idade do Bronze) e destaca-se pela quantidade de motivos geométricos, constituindo um excelente exemplar de arte megalítica da Europa atlântica. A Pedra deve o seu nome ao facto de ter sido possivelmente danificada por maquinaria pesada durante o processo de desmatamento que conduziu à sua descoberta. Encontrava-se à guarda da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto até 2001, data de abertura do Museu de História e Etnologia da Terra da Maia, onde se encontra atualmente em exposição permanente."

Ora, como ando empenhado em criar e recriar LENDAS DA MAIA, influenciado pelo nome sugestivo desta bouça onde se encontraram as GRAVURAS RUPESTRES, de Cova da Moura, criei-lhe esta lenda, que se irá juntar a todas as LENDAS DA MAIA:

VOZES DA COVA DA MOURA

Ardegães -Maia

No cimo da bouça da Cova da Moura, à direita do rio Leça no Lugar de Ardegães, entre as freguesias de Águas Santas e de Milheirós, na Maia, existem vestígios de necrópoles da idade do bronze, e penedos com gravuras rupestres.
Um deles, com várias gravuras geométricas, sempre que ao cair do dia sente a presença humana, emite sons da terra ou da própria rocha, parecidos com choros e risadas, gemidos e lamentos tão presentes e distantes, num eco abafado que parece vir do além.
Devido aos buracos no solo, que são ruínas de necrópoles de um povoado que por aí terá vivido, o povo chama-lhe bouça da Cova da Moura.
Reza a lenda que quem ao cair da noite, depois do sino bater as trindades, se aproximar destas penedias gravadas pelos antepassados, sentirá energias e brisas estranhas em seu redor e ouvirá vozes e rumores impercetíveis, como que saindo dos penedos escritos ou das profundezas da bouça.

VOZES DA COVA DA MOURA 

Diz a lenda que das gravuras
Rupestres da penedia,
Emergem dores de torturas,
De rituais e loucuras,
Que uma tribo ali fazia.
 
As gravuras do penedo,
Que são da cova da moura:
Emitem vozes de medo,
De espíritos ou de bruxedo,
Ou de moura zeladora.
 
Depois do dia findar,
E durante a madrugada;
Quem dali se aproximar,
Ouve as gravuras falar,
E toda a bouça agitada.
 
Estranhos sons e rumores,
Vindo da pré-história;
Choros baixos, clamores,
Mágicos e sedutores,
Que se entranham na memória.
 
Há mesmo até quem diga,
Que quem ao ler nas gravuras;
Tem que estar a fazer figa,
Suportar peso e fadiga,
E desmaios por tonturas.
 
Que lhe leva o pensamento,
Junto do povo ancestral;
Por caminho turbulento,
Até ao povoamento,
Que já teve ali lugar.
José Faria – 09/02/2021



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