LENDA DA FONTE DO EREMITAE DAS TROPAS DE D. AFONSO HENRIQUES.Maia
Reza a lenda que o exército cristão
libertador, sedente e exausto, liderado por D. Afonso Henriques, tendo por
braço direito Gonçalo Mendes da Maia, viajava já há muitos dias por campos,
montes e vales a caminho das terras da Maia, ansiosos por encontrar uma fonte
de água.
No caminho cruzaram-se com um velho
eremita que seguia sobre um burrito, a quem perguntaram se sabia de alguma
fonte ou nascente nas imediações.
O eremita respondeu-lhes que conhecia um poço comunitário, num pequeno povoado,
mas a mais de cinco léguas dali, lá mais para norte. Mas ao ver as bandeirolas de Cristãos
Libertadores, seguidores de Deus, disse-lhes que se o Deus dos cristãos era assim tão
poderoso, então que fizesse nascer ali mesmo uma fonte. – “Se o fizer, até eu
passo a ser cristão”, disse o eremita.
Calmamente e muito compenetrado, D. Afonso Henriques, deu ordem para
descansarem ali. Desmontou também do cavalo e sob o olhar atento de Gonçalo
Mendes da Maia, retirou-se alguns metros para junto de uns penedos, onde se
ajoelhou a rezar.
Ao levantar-se para regressar junto das
suas tropas, ouviu e sentiu um pequeno estalido debaixo dos pés e, ao olhar
para o chão, viu jorrar da base das rochas uma nascente de água pura e fresca,
que logo formou um pequeno regato. Sequiosos e perante o milagre, todos os
cavaleiros se ajoelharam a beber da água que corria.
Boquiaberto, o eremita bebeu também e
encheu os seus cantis, e perante todos, prometeu devotar-se para sempre ao
cristianismo e defender as leis de Deus.
A LENDA DO EREMITA
Seguia o exército cansado e sequioso,
Por D. Afonso Henriques comandado;
Até que Gonçalo Mendes cuidadoso,
Lhe pediu para descansarem um bocado.
Um eremita num burro se aproximou,
Na sua direção subindo o monte;
A quem D. Afonso perguntou,
Se conhecia por ali alguma fonte.
Encontrar uma aqui, só por sorte,
A fonte mais próxima está distante;
A mais de cinco léguas para norte,
O melhor será seguir adiante.
Se a vossa fé não vos mente,
E vosso Deus é o mesmo de Abraão;
Que faça aqui surgir uma nascente,
Que até eu passarei a ser cristão.
Mandou Gonçalo Mendes desmontar,
E quando D, Afonso se deslocou,
Para junto de um penedo e aí rezar,
Foi quando o seu exército descansou.
D. Afonso Henriques após orar.
Sentiu junto a si o chão tremer;
E quando aos pés desceu o olhar
Viu uma fonte de água a nascer.
Todos se ajoelharam em gratidão,
A encher os cantis e a beber;
O Eremita passou a ser cristão,
E às leis de Deus sempre obedecer.
(Poesia de José Faria)
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