MORREU A TRABALHAR
Viveu muito tempo em barracão,
Depois prefabricado, bem melhor.
Meio podre, de madeira e com bolor,
Era o lar do operário em construção.
Em meio século de vida entregou
A arte de construir habitação,
Cinquenta anos duros, labutou,
Toda essa vida sempre a trabalhar,
Desde criança, sempre a construir;
Um dia parou-lhe o coração,
Sem mais nem menos, sem se ver razão:
Caiu por terra, deixou de existir.
Alguns amigos e um familiar,
Assistiram ao velório, fim de vida:
Do bolso ajudaram a custear,
As despesas da sua partida.
E não houve noticia em jornais,
Nem noticia de televisão:
O futebol era um dos ideais,
Do operário que morreu do coração.
José Faria