Muito antes de se “elegerem” como orago padroeiros e padroeiras nas freguesias eclesiásticas, como a Senhora da
Natividade, em Pedrouços, como aconteceu em muitas regiões que adotaram os seus
padroeiros e padroeiras; “levar a Cruz ao Calvário” foi sempre a manifestação
religiosa mais significativa e mobilizadora dos povos no passado.
Tal como em Águas Santas, (Maia) a
que pertenceu Pedrouços enquanto lugar, onde existe uma ermida junto ao Calvário...
No lugar de Pedrouços também existiu uma ermida, no local
que deu lugar à atual Igreja, e um calvário na rua do Calvário.
Mas muito antes da igreja e, possivelmente
ainda durante a existência da tal ermida, de que
fala o padre Joaquim Azevedo em “Maia, História Regional e Local – Actas do
Congresso”, onde terá existido uma capela a São Pedro, cerca de 300 anos depois de outra, ainda existente, de propriedade privada, em louvor ao Senhor dos Aflitos, situada na rua
(hoje) António Feliciano de Castilho, no sopé do monte.
Pois teria sido por aqui que a
manifestação “dolorosa” de levar a Cruz ao Calvário decorria. Iniciada junto a
esta capela, seguia em direção ao Calvário no cimo da rua que já teve esse nome
(rua do Calvário) hoje Plácido D’Abreu, junto à entrada sul da Casa do Alto, local
preenchido com habitações.
A preservação do património histórico
nesta terra,
requer mais atenção.
Avelino Moura Lopes, que foi membro da
comissão instaladora da Junta de Freguesia de Pedrouços, com quem sempre
confidenciava sobre a história de Pedrouços, sempre mostrou o seu
descontentamento por ver perder-se estes valores culturais do povo e provas materiais do seu passado. Foi quem me despertou o interesse pelas nossas raízes e falava-me com
entusiasmo de 14 cruzes que se distribuíam a partir desta capela, até ao
calvário.
Como se sabe e a igreja divulga, a Via
Sacra baseia-se nas quatorze estações (ou estado em que se encontrava Jesus)
como etapas do seu caminho de cenas mais relevantes de sofrimento da Paixão de
Cristo, a serem meditadas pelos Seus seguidores e devotos:
E são estas as estações:
1. Estação: Jesus é
condenado à morte
2. Estação: Jesus carrega
a cruz às costas
3. Estação: Jesus cai
pela primeira vez
4. Estação: Jesus
encontra a Sua Mãe
5. Estação: Simão de Cirene ajuda Jesus
6. Estação: Verónica limpa a face de Jesus
7. Estação: Jesus cai
pela segunda vez
8. Estação: Jesus
encontra as mulheres de Jerusalém
9. Estação: Jesus cai
pela terceira vez
10. Estação: Jesus é
despojado de Suas vestes
11. Estação: Jesus é pregado na cruz
12. Estação: Jesus morre
na cruz
13. Estação: Jesus é descido da cruz
14. Estação: Jesus é
sepultado
Ora, amante destes percursos e registos da história,
acredito sinceramente que na minha terra de Pedrouços, no concelho da Maia,
levar a cruz ao calvário, foi há séculos atrás uma realidade, muito antes do
aparecimento da Natividade; tal como acredito piamente que que compete a cada
um/ levar também a sua cruz, por muito pesada ou leve que seja.
A cruz é sua!
José Faria