EM SÃO MIGUEL O ANJO

quinta-feira, 3 de outubro de 2024

COMBOIO POÉTICO A GUIMARÃES

 

MEMÓRIA E SAUDADE
Das tertúlias poéticas culturais
Da Galeria Vieira Portuense
Das Coletâneas e dos convívios
de poetisas e poetas em digressão,

PASSEIO SOCIAL POÉTICO
DE COMBOIO A GUIMARÃES


Teve o seu início em São Bento,
A tertúlia do poema e da amizade;
De convívio e entretenimento,
E de almoço na nobre cidade.
                                                                 
Segue por Campanhã e Contumil,
Vai a voz se afinando nas gargantas;
Juntam-se palavras sorrindo de baril.

Cintilam de frescura em Águas Santas.
Está em movimento a poesia,
Tem muito para contar na algibeira,
Já se ouve a voz da Galeria,
Junto à estação da Palmilheira.
 
“Ó musas, prestem homenagem,
A este comboio d’alma vinde;
Ainda estamos no começo da viagem,
Que teve início antes de Ermesinde.”
 
Vai cheiinha de poesia a carruagem,
E continua alegre, em movimento;
Mesmo tendo travado na Travagem,
Esta arte contínua em crescimento.
 
Já espera Guimarães, nossa chegada,
E a palavra deste grupo luminoso;
De estação a estação declamada,
Onde se inclui a de São Frutuoso.

Amam paisagens, pura natureza,
São palavras de alma e do coração;
Cheias de vida de toda a pureza,
Neste caminho por São Romão.
 
A arte de rimar ou não rimar,
Forma de escrever que arte revela;
Tenha chave ou não para entrar,
Passa também o apeadeiro da Portela.
 
No poema há também doce mensagem,
Que a si se sustenta e filosofa,
E vai em passeio nesta carruagem,
Semeia a sua escrita ao passar à Trofa.
 
A arte de dizer, ler e declamar,
Deixou outra estação, outro povoado,
Vão em excursão, andam a viajar,
Tiveram paragem também em Lousado.
 
Tem o nosso comboio, nova paragem;
E como abelhas em redor do cortiço,
Recebe mais passageiros na viagem,
Na agitada estação de Santo Tirso.
 
Todos sentados, o mesmo destino,
Alguém de pé vai declamando;
Vão sobre trilhos, é esse o caminho,
Passam a Caniços lendo e pensando.
 
Há entusiasmo na literacia,
No som de vozes agudas e graves;
Poetas e poetisas da Galeria,
Já se aproximam da Vila das Aves.
 
Esvoaçam palavras nas carruagens,
Viajam em convívio e brincadeira;
Os pensamentos de várias cunhagens,
Fazem uma pausa em Giesteira
 
Andam no ar letras animadas,
De paz, de pombas e andorinhas;
Rimam em frases declamadas,
Tão divertidas em Pereirinhas.
 
E seguem caminho, vão deslumbrantes,
O seu sorriso dá gosto vê-lo;
E já se ouve nos altifalantes,
“A próxima paragem é a de Lordelo!”
 
Soltam a poesia com asas ao ar,
Mais a criação que lhe sai da nuca;
Vem no comboio, andam a viajar,
Passam também no lugar de Cuca.
                                      
Perto do final, quase avistado,
Entre a paisagem de aguarela;
Mais quatro estações e é terminado,
Mas ainda falta passar a Vizela.
 
Só a doçura da palavra em flor,
É fruto e fragrância que bem cheira;
Criada pelas mãos do criador,
No passeio que passa a Nespereira.
 
Esta é a excursão d’arte e amizade,
Vestida de paisagens sempre novas;
Vai a Guimarães, à nobre cidade,
E deixa poesia na estação de Covas.
 
A primeira viagem é terminada,
Que a poesia tanto nos oferecera;
A mesa do repasto está preparada,
D. Afonso Henriques já nos espera.