OS
FONTANÁRIOS DO POVO
Com
o fim do regime de ditadura em Abril de 1974, que desabrochou em democracia e
liberdade na procura de progresso e justiça social dos portugueses; despoletou-se
um despertar na intervenção individual e coletiva na procura de soluções
imediatas para as necessidades mais prementes das populações.
Por isso,
por todo o país foram surgindo movimentos populares, muitos organizados em
comissões e associações de moradores. O voluntariado andava em movimento
constante na resolução de problemas das populações, muitos com a ajuda das Câmaras
Municipais, e muitos mais, com a única ajuda coletiva dos moradores, com a sua
unidade, força e empenho na solução de problemas que eram seus e sentidos por
todos.
Os
fontanários, para além dos já existentes criados pelas Câmaras municipais,
muitos outros foram construídos por esses movimentos populares locais, para
aproximarem ainda mais o abastecimento de água das suas habitações.
Numa
curta caminhada pela freguesia de Pedrouços, cortando por Sangemil, dos seis
que fontanários que fotografei, 3 são obra do povo, símbolos dessas movimentações
entusiastas e revolucionárias, de grande motivação e participação das
populações na resolução dos seus problemas.
Os
ventos de mudança levavam na sua dianteira a célebre frase e citação de
Fernando Pessoa: “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce”.
E
assim foi. E assim foram surgindo obras e mais obras, e entre muitas delas, as
que mais humildemente ainda hoje bem simbolizam esses movimentos, são os
fontanários. Neles se encontram alusões ao pensamento de Fernando Pessoa: - “Quando
o homem quer, a obra nasce” ou “Quando os moradores querem, as obras fazem-se”.
Se
na sua maioria os fontanários já não tem a serventia que tinham, nem se veem
junto deles aquelas filas de baldes, regadores ou canecos para se abastecerem
de água, é muito bom sinal. Valeu a pena!
José
Faria
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