EM SÃO MIGUEL O ANJO

sexta-feira, 20 de julho de 2018

OS FONTANÁRIOS DO POVO


OS FONTANÁRIOS DO POVO
Com o fim do regime de ditadura em Abril de 1974, que desabrochou em democracia e liberdade na procura de progresso e justiça social dos portugueses; despoletou-se um despertar na intervenção individual e coletiva na procura de soluções imediatas para as necessidades mais prementes das populações.
Entre essas necessidades estavam o abastecimento de água e o saneamento. 
Por isso, por todo o país foram surgindo movimentos populares, muitos organizados em comissões e associações de moradores. O voluntariado andava em movimento constante na resolução de problemas das populações, muitos com a ajuda das Câmaras Municipais, e muitos mais, com a única ajuda coletiva dos moradores, com a sua unidade, força e empenho na solução de problemas que eram seus e sentidos por todos.
Os fontanários, para além dos já existentes criados pelas Câmaras municipais, muitos outros foram construídos por esses movimentos populares locais, para aproximarem ainda mais o abastecimento de água das suas habitações.
Numa curta caminhada pela freguesia de Pedrouços, cortando por Sangemil, dos seis que fontanários que fotografei, 3 são obra do povo, símbolos dessas movimentações entusiastas e revolucionárias, de grande motivação e participação das populações na resolução dos seus problemas.

Os ventos de mudança levavam na sua dianteira a célebre frase e citação de Fernando Pessoa: “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce”.
E assim foi. E assim foram surgindo obras e mais obras, e entre muitas delas, as que mais humildemente ainda hoje bem simbolizam esses movimentos, são os fontanários. Neles se encontram alusões ao pensamento de Fernando Pessoa: - “Quando o homem quer, a obra nasce” ou “Quando os moradores querem, as obras fazem-se”.

Se na sua maioria os fontanários já não tem a serventia que tinham, nem se veem junto deles aquelas filas de baldes, regadores ou canecos para se abastecerem de água, é muito bom sinal. Valeu a pena!
José Faria

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