CAMINHO DE SANTIAGO PELA COSTA
A PARTIR DO PORTO.
Partirei com São
João Crisóstomo
e com Santiago.
"São João
Crisóstomo, arcebispo de Constantinopla, comemora-se liturgicamente a 13
de setembro.
São João Crisóstomo nasceu por volta de 347
em Antioquia, Síria, e morreu em 407 em Comana Pôntica, Ponto.
Crisóstomo, que significa "da boca
de ouro" em grego, é considerado o maior orador cristão da história.
Conhecido pelas suas inspiradas homilias, pela sua ímpar oratória e pela
acutilante denúncia dos abusos de poder na sua época, o santo foi proclamado
Doutor da Igreja. Junto com Basílio, o Grande e Gregório Nazianzeno, João
Crisóstomo forma os Três Grandes Hierarcas.
“Basta um só homem, para reformar todo um
povo” é uma das frases famosas de São João Crisóstomo que manteve uma prolífica
atividade literária e que combateu todos os abusos que conhecia no seio da
Igreja e da sociedade.
As suas homilias eram amadas pelo povo
pela explicação simples e prática das Sagradas Escrituras. As suas explicações
e acusações eram tão vívidas que as multidões se convertiam e saíam revoltadas
pela cidade mutilando estátuas do imperador. A construção de hospitais e a
ajuda que prestou aos pobres e doentes tornaram-no ainda mais popular junto do
povo.
Ao condenar e denunciar o luxo e a
imoralidade do clero e da nobreza, São João teve problemas com a alta nobreza,
em especial com a imperatriz Élia Eudóxia que ordenou o seu exílio por duas
vezes. O primeiro exílio foi contestado pelo povo e interrompido por um
terramoto que foi encarado pela imperatriz como insatisfação divina. O segundo
revelou-se fatal para São João, que não sobreviveu aos sofrimentos da longa
viagem.
São João Crisóstomo morreu a 14 de
setembro de 407. As suas últimas palavras foram “Glória a Deus por todas as
coisas”, em jeito de resumo da sua vida. Na Oriente o santo é celebrado a 14 de
setembro e no Ocidente a 13 de setembro.
Crisóstomo é o padroeiro de
Constantinopla, dos oradores, pregadores e da educação."
SÃO TIAGO
-"Na Bíblia é comumente
referido sob o nome de Jacob ou Jacó, termo que passou ao latim como Iacobus e
derivou em nomes como Iago, Tiago e Santiago (sanctus Iacobus). Tiago filho de
Zebedeu ou Santiago Maior foi um dos primeiros discípulos a derramar o seu
sangue e morrer por Jesus. Membro de uma família de pescadores, irmão de João
Evangelista -ambos apelidados Boanerges (‘Filhos do Trovão’), pelos seus
temperamentos impulsivos- e um dos três discípulos mais próximos de Jesus
Cristo, o apóstolo Santiago não apenas esteve presente em dois dos momentos
mais importantes da vida do Messias cristão – a transfiguração no monte Tabor e
a oração no Jardim das Oliveiras -, senão que também formou parte do restrito
grupo que foi testemunha do seu último milagre, a sua aparição já ressuscitado
nas margens do mar de Tiberíades.
Após a morte de Cristo, Santiago, apaixonado
e impetuoso, formou parte do grupo inicial da Igreja primitiva de Jerusalém e,
no seu labor evangelizador, adjudicou-se-lhe, segundo as tradições medievais, o
território peninsular espanhol, concretamente a região do noroeste, conhecida
então como Gallaecia. Algumas teorias apontam que o atual patrono de Espanha
chegou às terras do Norte pela desabitada costa de Portugal. Outras, no
entanto, traçam o seu caminho pelo Vale do Ebro e pela via romana cantábrica e
há inclusivamente as que asseguram que Santiago chegou à Península pela atual
Cartagena, desde onde prosseguiu a sua viagem até à esquina ocidental do mapa.
Após recrutar
os sete varões apostólicos, que foram ordenados bispos em Roma por São Pedro e
receberam a missão de evangelizar na Hispania, o apóstolo Santiago regressou a
Jerusalém, segundo os textos apócrifos, para, juntamente com os grandes
discípulos de Jesus, acompanhar a Virgem no seu leito de morte. Ali foi
torturado e decapitado no ano 42 por ordem de Herodes Agripa I, rei da Judeia.
Os supostos testamentos relatam que, antes de morrer, Maria recebeu a visita de
Jesus ressuscitado, a quem pediu passar os seus últimos dias rodeada dos
apóstolos, que se encontravam dispersos por todo o mundo. O seu filho
permite-lhe que seja ela mesma, através de aparições milagrosas, a avisar os
discípulos e, desta forma, a Virgem apresentou-se sobre um pilar de Zaragoza
perante o apóstolo Santiago e os sete varões, episódio hoje venerado na
basílica de Nuestra Señora del Pilar.
Foram estes
sete discípulos, relata a lenda, os que, após escaparem aproveitando a
obscuridade da noite, trasladaram o corpo do apóstolo Santiago numa barca até à
Galiza, onde chegaram através do porto de Iria Flavia (atual Padrón).
Os varões
depositaram o corpo do seu mestre numa rocha – que foi cedendo e cedendo, até
converter-se no Sarcófago Santo- para visitarem a rainha Lupa, que então
dominava desde o seu castelo as terras onde agora se assenta Compostela, e
solicitar-lhe à poderosa monarca pagã terras para sepultar Santiago. A rainha
acusou os recém-chegados do pecado da soberba enviou-os à corte do vizinho rei
Duyos, inimigo do cristianismo, que acabou por prendê-los.
Segundo a tradição,
um anjo – noutros relatos, um brilho luminoso e estrelado – libertou os sete
homens do seu cativeiro e, durante a sua fuga, um novo milagre acabou com a
vida dos soldados que os perseguiam ao cruzarem uma ponte. Mas este não foi o
único contratempo que os varões enfrentaram. Os bois que a rainha lhe havia
facilitado para guiarem o carro que transportaria o corpo de Santiago a
Compostela resultaram ser touros selvagens que, no entanto, também
milagrosamente, foram-se amansando por si sós ao longo do caminho. Lupa,
atónita perante tais episódios, rendeu-se aos varões e converteu-se ao
cristianismo, mandou derrubar todos os lugares de culto celta e cedeu o seu
palácio particular para enterrar o Apóstolo. Hoje ergue-se no seu lugar a
catedral de Santiago." (.../...)