O meu parecer sobre prós e contras No caminho da Geira e dos Arrieiros.
Cuidados, dificuldades e
alertas que encontrei e como as superei no meu Caminho da Geira e dos
Arrieiros,
em maio de 2023.
Na verdade, constatei que
é impossível …É IMPOSSIVEL ! fazer este caminho sem a orientação de uma
aplicação com GPS de todo o caminho. Por várias opiniões de outros peregrinos e
apoiantes do caminho, instalei no meu telemóvel o Wikiloc e foi, sem sombra de
dúvida, o meu guia e o meu melhor amigo do caminho, até porque o percorri
sempre sozinho.
E, se o caminho correto é
de 239 km, se caminhei 276,55 km, é fácil de entender as razões porque andei
mais 37.55 km: Porque andei para a frente e para trás por diversas vezes,
seguindo por trilhas erradas, por vezes sem saída, das quais, de algumas, tive
que voltar para trás, noutras fui ao encontro da trilha certa. Do caminho
certo.
Por diversas vezes, o GPS
do Wikiloc me mandou seguir pelo caminho à direita, à esquerda ou em frente,
mas não havia seta amarela nem sinalética,
Noutros casos, a seta
amarela está direcionada para a estrada.
… mas o Wikiloc manda-me para o monte, sigo pela “quelha” conforme a sua
linha verde de orientação. Mas!!! Se esta trilha que sigo está cheio de matagal
e silvados, abro o mapa no telemóvel e procuro alternativas. Se não há, volto
para trás, se há sigo na direção de outros pequenos caminhos que nos tiram do
mato e do perigo da estrada, e que mais adiante se cruzam com a trilha do
CAMINHO de novo. Com o caminho certo.
A aplicação do Wikiloc,
logo dá sinal a VERMELHO, alertando-nos que saímos da trilha, mas nós sabemos
isso, porque já vimos que mais à frente voltamos a entrar na trilha, vamos tranquilos,
e quando lá chegarmos, o sinal sonoro de sininho, desperta-nos a lembra-nos que
estamos na trilha de novo.
Fui-me habituando a este
cuidado e perspicácia ao fim de dois dias de caminho. Por vezes acontece que a
vermelho a aplicação nos diz que estamos a ir em sentido contrário. Verifiquei,
que a maioria das vezes não correspondia à verdade, pois se há mais de um km
que seguia sempre em frente, sem caminhos alternativos à direta ou à esquerda,
como é que de um momento para o outro me diz que estou a ir em sentido
contrário!? Cheguei à conclusão que isto seria devido a interferências no GPS
devido a certas localizações. (!?)
Inicialmente segui sempre
“às segas” e à risca, o Wikiloc, por isso muitas vezes entrei por caminhos
“esquisitos”, sempre atento a ver se via erva calcada, vestígios de passagem de
pessoas, nomeadamente de peregrinos, e, aconteceu por mais do que uma vez, que
não havia nada, com erva daninha, arbustos e silvado a barrar o caminho. Como
concluía que por ali, há muito, muito tempo, que não passava ninguém, voltava
para trás e logo a aplicação do GPS soava o alarme. “SAIU DA TRILHA”, OU VAI EM
SENTIDO CONTRÁRIO!”. – Isto por vezes acontece, porque, entretanto, fizeram-se
desvios, por várias razões, por segurança, ou para os peregrinos verem e
admirarem motivos diversos dignos de serem vistos.
A aplicação é excelente e
infalível, com todo o traçado bem definido, mas, se entretanto, por segurança
dos peregrinos, em determinado percurso de estrada, as entidades resolveram
fazer um desvio, pelos campos, pela serra, tirando os peregrinos do perigo da
estrada com curvas apertadas, mais movimento de carros e de pouca visibilidade,
colocando setas amarelas noutros sentidos, desviando o peregrino para o monte
ou campos, traçado alternativo que mais à frente voltará a entrar na rota, nos
trilhos do Caminho da Geira e dos Arrieiros,… logicamente que a aplicação de
GPS vai disparar cinco ou dez passos mais à frente, dizendo sonoramente a
vermelho “VOCÉ SAIU FORA DA TRILHA”!
Ora, volto a referir,
nessas alturas, com os dedos abria a imagem do mapa no telemóvel, para ver
pequenos caminhos com que possivelmente me iria cruzar e sobretudo, onde é que
eu voltaria a encontrar a trilha do caminho. Por vezes, era um desvio de 50,
100 ou 500 metros.
Face a este despertar e
ensinamento constante do Wikiloc, fiquei mais atento e perspicaz e, sempre que
ele me dava sinal de trilha errada, verificava se era melhor e mais seguro
continuar na trilha errada, sabendo que 200, ou 500 metros à frente voltava a entrar
na trilha, de que me avisava a aplicação quando lá chegasse, com um toque
diferente, tipo Sininho, e que tanto me agradava.
Ora, para superarmos a
falta de sinalética, ou sinalética a mais e confusa, muitas vezes por malvadez,
como verifiquei nalguns pontos; ou pela apresentação de “dois” caminhos (!?),
pois também fui confrontado com isso, nestas situações, inevitavelmente,
obedeci fielmente ao GPS do caminho que nos dá o Wikiloc.
Encontrei duas setas
amarelas, no mesmo local, uma enviando os peregrinos pela trilha da esquerda e
outra pela trilha da direita ou em frente; assim como encontrei para um lado
manda a “tabuleta do Camiño Miñoto Ribeiro, e para outro a seta amarela.
Cheguei a pensar: - “ O camiño miñoto Ribeiro” que que eu vá ver património histórico,
natural ou humano, enquanto a seta amarela me manda seguir caminho… (minha
opinião). Nestes casos, aconteceu, quase sempre que o Wikiloc me mandou seguir
a seta amarela.
Mas que entrei por
caminhos errados várias vezes, isso é verdade, mas na maioria dos casos, ao fim
de 25 ou 30 metros, voltava para trás para a trilha, ou então, verificava se
era mais conveniente continuar fora da trilha, e continuava, desde que tivesse
a certeza de estar mais seguro, admirar mais belas paisagens e de que a trilha
correta, assinalada a verde no mapa da aplicação, estaria logo mais à frente, o
que iria fazer despertar o AGRADÁVEL sininho. “VOCÉ VOLTOU À TRILHA”!
E com essa certeza, perspicaz e cuidadosa, fui
seguindo o meu grato caminho. Só nunca me senti só, pois durante todo o caminho
cumprimentei as vidas com que me deparei, falei com os corvos, as árvores, com
o sol, com o vento. Com répteis… com tudo que tem vida. Até assisti ao repasto
da cobra a engolir um melro, que filmei com cuidado sem a perturbar. E quando
quis ouvir mais da voz humana, declamei poesia e cantei e gravei em som e
imagens estes momentos.
Bom caminho peregrinos.
José Faria