EM SÃO MIGUEL O ANJO

segunda-feira, 20 de maio de 2024

O MILAGRE DE SILVA ESCURA - MAIA

 

 LENDA DO MILAGRE DE SANTO ANTÓNIO

Silva Escura/Nogueira


Reza a lenda que por volta de 1770, um lavrador que transportava uma pipa de vinho em cima de um carro puxado por uma junta de bois, foi surpreendido por um insólito acidente quando passava em Silva Escura, na encosta do Monte de Santo António. Transitando pela estrada real, um caminho medieval que ligava o Porto a Guimarães e Braga, que passava no sopé do Monte Calvário, devido à inclinação do piso e ao provável mau acondicionamento da pipa cheia de vinho, esta terá deslizado para a traseira, provocando o desequilíbrio do carro. Os bois, apoiados apenas pelas patas traseiras, estavam na iminência de morrerem asfixiados.

Ante a tragédia, o lavrador ajoelhou-se juntamente com o moço da soga e suplicaram ajuda a Santo António de quem eram devotos. O Santo apareceu, a pipa endireitou e assim o carro nivelou, permitindo a retoma da viagem. Este milagre ocorreu na primeira metade do século XVIII. No local foi construído um nicho para perpetuar o acontecimento. A fé do povo levou a erigir, por volta de 1770, uma capela no cimo do monte do Calvário em honra de santo António. Desde então, o monte passou a chamar-se Monte de Santo António e o nome de Monte do Calvário caiu no esquecimento.”

LENDA DO PIPO DE VINHO
 
O lavrador bom João,
Ia seguindo caminho;
Guiando um carroção,
Com uma pipa de vinho.


De Silva Escura a Nogueira,
Com destino a S. Romão;
Tomou cedo essa canseira,
Que era o seu ganha-pão.
 
Bem amarrado aos fueiros,
No carro de bois deitada;
Ao passar por atoleiros,
A carga mais balançava.
 
Até que o carro empinou,
Ao resvalar de repente,
Quando a pipa recuou,
Fez subir o carro à frente.
 
Assustado o bom João,
Ao ver os bois pendurados;
Ficou em aflição,
Ao ver os bois sufocados.
 
Chorando o pobre campónio,
Ajoelhou-se a pedir;
Ajuda ao seu Santo António,
Que o viesse acudir.
 
Logo o Santo lhe apareceu,
E o lavrador acalmou,
A frente do carro desceu,
E tudo se estabilizou.
 
Pelo milagre que se deu,
E o livrou da fome e dor;
No monte a capela ergueu,
Ao seu santo protetor.
 
Pelo milagre solidário,
Deste Santo milagreiro;
Está a capela no calvário,
Ao pé de um velho sobreiro.
 
Já na encosta do monte,
Um nicho aí foi erguido
P’ra que a estória se conte,
Não seja o conto esquecido.
 
Do livro “LENDAS DA MAIA” de José Faria
 

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