EM SÃO MIGUEL O ANJO

quarta-feira, 17 de outubro de 2018

MORRER DE ÓCIO

Pela presente data, e porque me despertou profundamente esta frase de Damião de Góis: - "porque estou apodrecendo de ociosidade e com o ler se me passam muitos pensamentos", dei-me ao trabalho cultural de vos recordar esta data ligada à vida do grande Damião de Góis.
Já se passaram 446 anos (17/10/1572) desde que o Tribunal do Santo Ofício mandou encarcerar o cronista Damião de Góis, só porque a sua literacia incomodava a nobreza de então. Para a inquisição, todos os escritores, cronistas poetas da época que escrevessem direito por linhas tortas, eram considerados hereges e aniquilados.
“O seu trabalho historiográfico e de cronista de elevado valor cultural e social para o seu tempo, trouxe-lhe muitos problemas com a Inquisição e com algumas famílias nobres, e em abril de 1571 Damião de Góis, como já antes acontecera, voltou a cair nas garras do Santo Ofício (Inquisição). Já sem a proteção real, abandonado pelo cardeal-regente, foi preso, sujeito a processo a 17 de outubro de 1572 condenado a cárcere perpétuo como hereje, luterano, pertinaz e negativo. (Eram assim tratados e calados todos quantos culturalmente pela sua literacia incomodasse os poderes de então).
Transferido para o Mosteiro da Batalha, esteve preso de Abril de 1571 a Dezembro de 1572, em condições particularmente duras, sendo-lhe confiscados todos os bens. 

Com 69 anos de idade, prisioneiro, sente-se muito velho e doente, tão cheio de feridas e sarna por todo o corpo que me falta pouco para me julgarem leproso e quase não tenho já forças para me suster sobre as pernas. No silêncio e incomunicabilidade escreve: peço-lhes que me mandem emprestar um livro em latim para ler, qual lhes parecer, porque estou apodrecendo de ociosidade e com o ler se me passam muitos pensamentos. 

Finalmente, muito doente, coberto de sarna, em meados de 1573 foi libertado e autorizado a recolher-se à sua casa de Alenquer. Aí, abandonado pela sua família, apareceu morto, com suspeitas de assassinato, em 30 de Janeiro de 1574, tinha 71 anos.
Foi enterrado na igreja de Santa Maria da Várzea, da mesma vila, que mandara restaurar em 1560 e onde adquirira o direito de ser enterrado na capela-mor.”
Muito interessante a sua vida e a sua história.
Extrato de wikipedia.

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