EM SÃO MIGUEL O ANJO

terça-feira, 17 de novembro de 2020

LENDA DA GUADALUPE DA MAIA

A LENDA DA GUADALUPE

A história sobre as razões da construção do templo à Senhora da Guadalupe, assenta num facto invulgar, que tem como autor, um homem simples, maiato, residente no lugar do Paço, da freguesia de Águas Santas, do concelho da Maia.
A história começa por volta de 1720 e 1740, quando João (nome fictício) foi acusado de um crime de morte que não cometera. Receando pela perda de liberdade e pela sua vida, fugiu para Espanha, tendo-se refugiado junto do Mosteiro da Guadalupe, numa das margens do rio Guadalupe. Por lá ficou e quase vegetou durante alguns meses.

O crime ainda não havia sido esquecido em toda a Maia, mas já se sabia que ele estaria inocento, e que teria sido outro o autor desse crime de morte.

Junto ao rio e ao santuário da Guadalupe, onde se recolhera, o aguasantense, ansioso por voltar à sua terra, prometeu a Nossa Senhora de Guadalupe que, se um dia pudesse regressar ilibado do crime de que era inocente, mandaria erguer uma ermida em honra da Santa.  


Como tal se verificou, vindo a ser identificado e preso o verdadeiro autor do crime, o maiato regressou ao lugar do Paço, onde logo começou a reunir todas as condições para cumprir a promessa, construindo a ermida, com a capela em honra de Nossa Senhora da Guadalupe, cuja imagem criada por um santeiro, com o menino num braço e o bastão no outro, igual à do Mosteiro da Guadalupe de Espanha, ocupa o altar. 


 Ora, tem sido meu cuidado complementar estas lendas que na Maia vou encontrando, com quadras descritivas de cariz popular.


Assim, porque o número sete é o número sagrado e mágico que rege os mistérios ocultos, as cerimónias religiosas e também a clarividência, descrevo a LENDA DA SENHORA DA GUADALUPE, do lugar do Paço, da freguesia e vila de Águas Santas do concelho da Maia, com estas 
7 quadras, para culturalmente enriquecer esta bonita lenda.

 

PROMESSA A GUADALUPE

 

No século dezoito, no lugar do Paço,


Em Águas Santas, terra maiata;


Uma agitação de estardalhaço,


Estremeceu o povo, gente pacata.

--

 

Um homem humilde, um trabalhador,


Fora acusado de um crime de morte,


A sofrer de medo, mágoa e dor,


Fugiu do país, dessa má sorte.

--

 

Pois de nada sabia o pobre coitado,


Do que era acusado, tão inocente;


Fugiu para Espanha, viu-se obrigado,


P’ra não ser linchado pela sua gente.

--

 

Este homem humilde por lá andou,


A deambular e a passar fome;


Junto a Guadalupe se refugiou,


Ao pé do rio com o mesmo nome.

--

 

Por fim conseguiu o seu sustento,


Vivendo angústia, saudade e cansaço;


Com a sua terra no pensamento,


Ansiava voltar ao lugar do Paço.

--


Prometeu um dia à Santa Senhora,


A Guadalupe com fé e amor;


Se fosse ilibado, pudesse ir embora,


Faria uma ermida em seu louvor.


 --

Foi descoberto do crime o autor,


E o homem do Paço logo se apressa;


Corre para Águas Santas todo feitor


Onde cumpriu a sua promessa.

 José Faria – 17/11/2020

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