A LENDA DA GUADALUPE
O crime ainda não havia sido esquecido em toda a Maia, mas já
se sabia que ele estaria inocento, e que teria sido outro o autor desse crime
de morte.
Junto ao rio e ao santuário da Guadalupe, onde se recolhera, o aguasantense, ansioso por voltar à sua terra, prometeu a Nossa Senhora de Guadalupe que, se um dia pudesse regressar ilibado do crime de que era inocente, mandaria erguer uma ermida em honra da Santa.
Como tal se verificou, vindo a ser identificado e preso o verdadeiro autor do crime, o maiato regressou ao lugar do Paço, onde logo começou a reunir todas as condições para cumprir a promessa, construindo a ermida, com a capela em honra de Nossa Senhora da Guadalupe, cuja imagem criada por um santeiro, com o menino num braço e o bastão no outro, igual à do Mosteiro da Guadalupe de Espanha, ocupa o altar.
Ora, tem sido meu
cuidado complementar estas lendas que na Maia vou encontrando, com quadras
descritivas de cariz popular.
7 quadras, para culturalmente enriquecer esta bonita lenda.
PROMESSA A GUADALUPE
No século
dezoito, no lugar do Paço,
Em Águas Santas,
terra maiata;
Uma agitação de
estardalhaço,
Estremeceu o
povo, gente pacata.
--
Um homem
humilde, um trabalhador,
Fora acusado de
um crime de morte,
A sofrer de medo, mágoa e dor,
Fugiu do país, dessa
má sorte.
--
Pois de nada
sabia o pobre coitado,
Do que era
acusado, tão inocente;
Fugiu para Espanha, viu-se obrigado,
P’ra não ser linchado pela sua gente.
--
Este homem
humilde por lá andou,
A deambular e a
passar fome;
Junto a Guadalupe se refugiou,
Ao pé do rio com o mesmo nome.
--
Por fim conseguiu
o seu sustento,
Vivendo
angústia, saudade e cansaço;
Com a sua terra
no pensamento,
--
Prometeu um dia
à Santa Senhora,
A Guadalupe com
fé e amor;
Se fosse
ilibado, pudesse ir embora,
Faria uma ermida
em seu louvor.
Foi descoberto
do crime o autor,
E o homem do Paço
logo se apressa;
Corre para Águas
Santas todo feitor
Onde cumpriu a
sua promessa.
José Faria – 17/11/2020
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