DESPERTAR
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Mantém-se em voga todo o legado,
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Nas comunidades, nada de novo;
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Em todos os governos e formas de estado,
- De soberano somente o povo.
- Princípios dos regimes
de governação
“Como cada forma de
governo deve ter um princípio, uma ideia geral que o inspire, tem sido
constante objeto de curiosidade o determinar-se qual o regime que corresponde a
cada um dos diversos governos que vão tomando ou ocupando o poder da
governação.
Já Montesquieu dizia, por
exemplo, que o princípio da monarquia é a honra, o do despotismo (governo
absoluto e de prepotência), o terror e o da república a virtude, ou seja, o
patriotismo, mas lembrando que os governos declinam e caem pelo excesso ou
abandono do princípio em que se baseiam.
Semelhante asserção,
embora paradoxal, é verdadeira. De facto, à primeira vista, não se compreende
como o despotismo pode cair por inspirar terror excessivo, a monarquia moderada
por desenvolver excessivamente o sentimento da honra, e a república por um
aumento de virtude, e, contudo, repetimos, nada há mais conformidade que esta
verdade.
O abuso do terror traz o
esgotamento deste, pois quando se quiser lançar mão do terror, é necessário
ter-se a certeza de que poderá ser sempre empregado.
Por outro lado, a honra
nunca é demais; mas sempre que apenas se apela para esse sentimento e se multiplicam
as dignidades, as distinções, os penachos, os galões, as honrarias… como
estas não podem aumentar indefinidamente, suscitam a hostilidade dos que as
não possuem e dos que, fruindo-as, nunca se consideram, todavia,
suficientemente galardoados.
Por isso, é
fora de dúvida que a virtude e, especialmente, o patriotismo, por maiores que
sejam, nunca são prolixos, sendo a queda dos governos, neste caso, devida mais
ao abandono do que ao excesso do seu princípio basilar.
Apesar disso, quando se exige
de um país excessiva dedicação, acaba-se por ultrapassar as forças humanas e
estancar as mais pródigas virtudes.
Foi o que aconteceu
exatamente com Napoleão, que porventura involuntariamente, teve exigências
excessivas para a construção da França maior e mais grandiosa.
Apesar do governo de
Napoleão ser uma república, pecou pelo excesso de sacrifícios exigidos aos
cidadãos em prol da pátria, pois era mais uma república análoga à romana e à
francesa de 1792. O seu lema era: “Tudo pela glória do país” e “heroísmo sempre
e através de tudo”.Por isso, a virtude cívica
exigida excessivamente, acaba por se esgotar.
E é assim que os governos
se arruínam pelo excesso como pelo abandono dos seus princípios fundamentais.”
(…/…)
DESPERTAR - Parte 2
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Mantém-se em voga todo o legado,
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Nas comunidades, nada de novo;
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Em todos os governos e formas de estado,
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De soberano é somente o povo.
“Disse um dia Aristóteles
a Montesquieu que “Os que creem ter encontrado a base de um governo, levam ao
extremo as consequências do princípio que estabeleceram, ignorando que, embora
o nariz, afastando-se um pouco da sua linha reta, de todas a mais bela, se
transforme em aquilino ou arrebitado, conserva ainda parte da sua beleza; mas
que, se o afastamento for excessivo, esta parte componente da pessoa perderá as
suas justas proporções, podendo até dar-se o caso, de o nariz deixar de o ser.”
Esta comparação aristotélica
aplica-se com muita propriedade a todos os governos.
Partindo destas ideias
gerais, muitas vezes perguntamos a nós mesmos qual seria o princípio dos
democratas no relativo ao seu governo interno, e não tivemos necessidade de
empregar grandes esforços para percebermos que esse princípio era o culto da
incompetência. (…/…)”
(Fragmentos de “O culto
da Incompetência” de Émile Faguet, 1919.)
Por José Faria
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