A
LENDA DE CAYO CARPO
A lenda de Caio Carpo
vem do tempo em que o território de Matosinhos ainda não era cristão. Pois
casando-se ele, nobre senhor maiato com Cláudia Lobo, gaiense e descendente de
um pretor romano, fizeram-se grandes festas junto ao mar. Cayo Carpo e os
patrícios que o acompanhavam estavam na Praia a cavalo, quando avistaram uma
embarcação. O cavalo de Carpo corre para a água, ele tenta pará-lo, mas o
cavalo entra no mar e desaparece na escuridão.
Cayo Carpo, a galopa
mar adentro, pelo fundo do mar até entrar numa nau que transportava o corpo de
Santiago para Compostela. Às vestes de noivado de Caio, agarram-se lhe algumas
vieiras. Da praia todos os olham à distância.
Cayo Carpo, ante o
cadáver do apóstolo, ficou deslumbrado e logo ali quis ser batizado.
Regressando noutra cavalgada à praia, anunciou a boa nova. E todos os seus
convidados, emocionados com o que se passara, também se batizaram à vista do
corpo daquele que seria Santiago de Compostela.
Matosinhos regista
assim na sua história, todo este simbolismo inserido na lenda e nos caminhos de
Santiago, simbolismo e registo, que tiveram origem nas praias deste maravilhoso
concelho banhado pelo atlântico.
CAYO
CARPO – CLAUDIA LOBO
E
A LENDA DE SANTIAGO
EM
MATOSINHOS
Reza
a lenda, que consta na história,
Que
Cayo Carpo, um maiato romano;
Casou
em Matosinhos cheio de glória,
Com
Claúdia Lobo, junto ao oceano.
Nas
areias da praia em boda festiva,
De
grande repasto e danças do ventre;
Toda
a atenção no noivo e na diva,
Transbordava
alegria em toda a gente,
Ao
longe de repente, uma embarcação,
Apareceu
distante dançando no mar,
E a
todos criou estranha admiração,
Que
o cavalo do nobre quis alcançar.
Correndo
a galope sem se quedar,
O
cavalo com Cayo Carpo não parou;
Desapareceu
na noite, no fundo do mar,
E
entrou numa nau que ali encontrou.
A
nau transportava o corpo de Santiago,
A
caminho de Espanha, de Compostela;
Navegava
no fundo, parecia naufrago,
Tudo
era mistério nessa nau tão bela.
Foi
então que o noivo fez o pedido,
E o
apóstolo ali mesmo o batizou;
Ao
Cristianismo ficou convertido,
E a
Península Ibérica o acompanhou.
Ao
regressar do mar, vinha agradado,
Ainda
na praia todos festejavam;
Às
suas vestes tinham-se agarrado
Muitas
vieiras que o adornavam.
Durante
séculos, desde esse batismo,
Seguem
os peregrinos muitos caminhos;
A
vieira acompanha-os, é o simbolismo,
Da
lenda de Cayo Carpo de Matosinhos.
17/03/2025
José Faria
O MILAGRE DO SENHOR DE BOUÇAS
MATOSINHOS.

Reza
a lenda que a imagem esculpida em madeira oca, para esconder os instrumentos da
Paixão de Cristo, foi atirada ao mar Mediterrâneo, pelo próprio escultor,
Nicodemos, para escapar à fogueira, vindo, mais tarde, ter à praia de Matosinhos,
já sem um braço.
Meio século se passou, sem que nenhum artista
conseguisse reproduzir o braço que faltava à milagrosa imagem de Nosso Senhor
de Bouças, até então guardada e venerada pela população de Bouças.
Mais
tarde, uma menina surda-muda, que andava a apanhar lenha na praia, notou que um
pedaço de madeira lhe pareceu de formas estranhas, levando para casa o feixe de
lenha para alimentar lareira. Contudo, quando lançou ao fogo esse pedaço de
madeira, de formas estranhas, misteriosamente, ele saltava para fora da
lareira, o que leva a filha, muda de nascença, a gesticular e acabar por falar,
pela primeira vez, indicando à mãe o sucedido.
Foi então que a mãe viu que aquele pedaço de madeira era o braço do Nosso
Senhor de Bouças, que veio a ser colocado e ajustado à imagem.
Desta
forma, o achado do braço e o milagre que deu fala à menina surda-muda, deixou a
população ainda mais devota ao Senhor de Matosinhos.
Após a mudança da imagem para a nova igreja,
construída em Matosinhos no século XVI, o Nosso Senhor de Bouças passou a ser
conhecido por Nosso Senhor de Matosinhos, vindo daí a tradição das festas, que
em sua honra se realizam todos os anos, passadas sete semanas a seguir à
Páscoa.
O MILAGRE DO SENHOR
DE BOUÇAS
Certo dia uma
menina surda-muda,
Conhecida por
Maya da Purificação;
Andava a
prestar aos pais a sua ajuda,
A apanhar lenha
na praia para o fogão.
Entre a madeira
que na areia recolheu,
Um pedaço de
pau pareceu-lhe estranho;
Um pouco tosco,
um braço lhe pareceu,
Quer pela forma
e quer pelo tamanho.
Regressou a
casa, estranha e contente,
Ia alimentar o
fogo, a sua canseira;
Mas quando
lançou aquele pau diferente,
Assustou-se ao
vê-lo saltar da lareira.
Várias vezes o
lançou àquela chama,
Mas ele para
fora sempre saltou;
Admirada, por
gestos logo chama,
Pela mãe, a
quem por milagre, falou.
Nesse instante
a mãe então entendera,
Que aquele pau,
o braço que ali estava;
Era do santo,
que há muito se perdera,
E ao Nosso
Senhor de Bouças faltava.
Tão gratos pelo
milagre, e pelo achado,
Acorreram ao
Senhor de Matosinhos;
Onde o braço de
madeira foi ajustado,
No Senhor de
todos os caminhos.
17/03/2025 - O nome de Maya da Purificação é invenção do poeta.
José Faria
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