DE SÃO PEDRO DE AVIOSO – MAIA
Depois daquela visita às terras de São Pedro de Avioso, na Maia, nomeadamente à sua monumental igreja no seio do povoado e dos milhais, segui adiante até atravessar o parque de lazer, merendas, desportos de manutenção física e demais atividades lúdicas oxigenadas e sombreadas ao ar livre, e à brisa suavizante do Parque de Avioso, da Maia.
À saída, ao contrário de virar à direita em direção ao Castêlo da Maia e Quinta da Gruta, pedalei à esquerda e fui ter a Guilhabreu, Azevedo e Vilar do Pinheiro. De visita demorada à igreja paroquial de S. Martinho de Guilhabreu, mandada edificar em 1885, verifiquei que é um dos mais belos e grandiosos templos do concelho de Vila do Conde.
Das pesquisas efetuadas, constatei que “exteriormente sobressai a Torre Sineira em posição central, e a frontaria divida em três tramos por molduras lisas verticais de cantaria. O interior do templo é de uma só nave e está subdividido em capelamor e corpo da igreja com seis altares em talha dourada de excelente qualidade.
Do adro da igreja o visitante pode contemplar a extensa e multifacetada paisagem de casario, quintas, hortas, pomares e floresta cheia de cor e brilho que se espraia terra fora e pelo mar dentro. No Centro Paroquial inaugurado a 11 de maio de 1986, estão instaladas múltiplas valências e entre elas um pequeno Museu de Arte Sacra onde é possível apreciar objetos litúrgicos de antigos usos, tais como esculturas, mobiliário, custódias, cofres relicários, paramentaria e livros, o primeiro relógio da igreja paroquial etc., indo os principais destaques para a imagem do “Pai Eterno” que foi trazida da igreja antiga e já conta mais de 500 anos de idade, e para o resplandecente vestido de Nossa Senhora das Dores comprado em Paris no ano de 1907 pelo benemérito a residir no Brasil, Joaquim de Oliveira Maia”.
Depois da visita, fotos e filme sobre toda a riqueza histórica e
religiosa dos povos aqui patentes, que aqui vos deixo, desci
tremidamente uma longa estrada de paralelo a grande velocidade,
como podem constatar no meu registo da aplicação STRAVA, até
curvar à esquerda à procura de caminho em direção à Maia.
Ao atravessar uma longa rua silenciosa impregnada de solidão,
entre bouças e campos de milho sem fim, eis que chego a um vasto cultivo a céu aberto
entre milheirais, de produção de hortenses, como alfaces, cebolo, tomate,
rabanetes….
Se me admirei com a forma e alinhamento geométrico como cada pé de
espécie era introduzido na terra, em longas áreas de terreno nivelado, estupefacto
fiquei ao ver mais de trinta homens de cor, curvados sobre a terra num
movimento mecânico,… para não dizer robótico, introduzindo na terra os pequenos
rebentos hortícolas, alfaces e outros.
Na verdade, levou-me essa imagem ao tempo das grandes explorações em Africa, no Brasil e noutras paragens. Quis fotografar ou filmar, mas temi… e ao passar pedalando, ao ver aqueles homens (negros escravos) em Guilhabreu de Portugal, apenas soltei um sonoro BOM DIA!.. Como sempre faço com todos os lavradores que encontro no caminho, e que me respondem sempre, alto e bom som.
Os trabalhadores de cor olharam-se e olharam-me admirados, mas
nada disseram… e o capataz, o único homem de pé e de costas direitas a
controlar a prol, olhou-me de soslaio, mas fez de conta que não me viu nem ouviu.
Ainda pedalei devagarinho e a olhar para trás, a pensar no filme
ou foto, mas temi… não fosse encravar-me num mundo isolado que desconheço.
Um pouco à deriva, passei por Vilar de Pinheiro, e não pedalei
muitos mais quilómetros para me sentir em casa, na Maia, ao alcançar a estrada
nacional 13 já perto de Moreira.
Depois de atravessar o coração da cidade da Maia, depressa me pus
em Parada, subi o Boi Morto, e logo concluí mais esta minha brilhante, saudável
e cultural aventura.
Vale sempre a pena…
José Faria
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