EM SÃO MIGUEL O ANJO

sexta-feira, 9 de dezembro de 2022

O MILAGRE DAS VELAS - CONTO DE NATAL

 

O MILAGRE DAS VELAS

Conto de Natal

 


Reza a história que um humilde sapateiro, pobre e muito bondoso, que vivia na rua Luís de Camões, a rua mais antiga, mais medieval do lugar de Petrauzos, por onde terá existido uma via-sacra  no tempo do feudalismo; era um devoto de São Pedro, por isso visitava muitas vezes a ermida a São Pedro, no cimo do monte, mesmo frente onde morava.

Como gostava de ajudar os viajantes que passavam junto à sua casa, mesmo em frente à capelinha do Sr. dos Aflitos, construída por volta de 1440, o sapateiro deixava sempre uma vela acesa todas as noites no parapeito da sua janela, para lhes iluminar o caminho.


A entrada da rua era um pouco inclinada, junto à rua António Feliciano de Castilho, nome do escritor e poeta que cegou aos seis anos. Por isso, e pela sua bondade, mais se justificava o seu gesto de iluminar o caminho, num tempo feudal ainda sujo por atos de esclavagismo, em que a eletricidade nem era sonhada.

Certa altura, deu-se uma grande guerra, muito antes das invasões francesas sobre o comando do general Junot, que atravessaram as terras da Maia e que deixaram um rasto de destruição e pilhagem.

Essa guerra, fez com que muitos os jovens partissem, deixando a aldeia de Petrauzos pobre e triste.

Nesse tempo feudal e esclavagista, o lugar de Petrauzos era o segundo lugar agrícola mais importante das terras de Santa Maria de Águas Santas, com 19 casais, pois o mais importante era o lugar de Ardegães, com 21 casais e com muitos moinhos em movimento constante nas margens do rio Leça, onde era moído o milho e os cereais da intensa atividade agrícola na época.

A ausência da juventude que partiu para a guerra, muito sentida pela falta de mão de obra, e ainda mais triste pela ausência da alegria e da vivacidade dos jovens em Petrauzos; levou os aldeões pedroucenses, para atenuarem a tristeza, a imitarem o bom sapateiro, que continuava a viver a sua vida cheia de esperança e de bondade, e a colocar todas as noites uma vela a arder para iluminar o caminho.

Como se aproximava o Natal, a tristeza mais se acentuou face à ausência da juventude que fora combater.


Então as pessoas começaram a acender também velas, e na véspera de Natal, com maior intensidade, todos acenderam velas dentro de casa e colocadas às janelas, às portas. Toda a aldeia de petrauzos ficou iluminada, de luzinhas cintilantes.

Ao aproximar-se a meia-noite, os sinos da igreja de Nossa Senhora do Ó, do Mosteiro de Santa Maria de Águas Santas, (que ainda não existia a igreja da Natividade, só construída em 1741) começaram incessantemente a tocar.

O povo saiu à rua sem saber o que se estava a passar, até que se ouviram alguns moradores a gritar: “A guerra acabou! A guerra acabou! Acabou a guerra!

O sino, incessantemente badalado, anunciava essa boa notícia: a guerra tinha finalmente terminado e os jovens regressavam às suas casas! Todos gritaram: “É um milagre! É o milagre das velas!”.

A partir daquele dia, acender uma vela na véspera de Natal, tornou-se tradição em quase todas as casas.

(Por isso, não se esqueçam deste momento e desta lenda. Na noite de Natal acendam uma vela pelo milagre da paz no Mundo.

 

Lenda de origem austríaca – Autor desconhecido

Adaptada a Pedrouços, da Maia, por José Faria 

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