sexta-feira, 31 de outubro de 2025

LENDA DA SENHORA DO SALTO

LENDA DA SENHORA DO SALTO

Fui dar um salto à Senhora do Salto,
Reviver a lenda, fui a pedalar;
Dou-vos imagens do baixo e do alto,
E trago a história para vos contar:

Reza a lenda que numa certa manhã de nevoeiro um cavaleiro perseguia uma lebre no alto da “Boca do Inferno” na serra de Abelheira, na freguesia de Aguiar de Sousa do concelho de Paredes. A lebre (ou o diabo disfarçado de lebre) correu na direção do abismo na escarpa do rio Sousa.

Quando o cavaleiro se apercebeu que estava prestes a cair no abismo, evocou a nossa Senhora do Salto para que o salvasse de morte certa.

O cavalo num último folgo de impulso, com o cavaleiro abraçado ao seu pescoço, galgou o precipício e foram cair na outra margem do rio Sousa sobra as rochas lapidadas e polidas pelas águas ao longo dos anos.


Como se por milagre a o chão rochoso transformou-se em cera onde o cavalo ao cair cravou as patas e o focinho fazendo aí cinco buracos que ainda hoje se podem ver.

Diz a lenda que por esse milagre da salvação, o cavaleiro mandou construir a capela em devoção e agradecimento à Senhora do Salto.

Todos os contos e lendas do povo enraizadas na história, são património cultural da terra e das suas gentes a preservar.

Na divulgação desta lenda, estão as quadras descritivas, do botânico e poeta, Augusto Luso da Silva, procedimento que influenciou também o meu último trabalho literário de Lendas da Maia.

O MILAGRE DA SENHORA DO SALTO

Pela serra d’Abelheira
Montado em nédio corcel
Leva seguida carreira
Um cavaleiro donzel
 
A barba luzente brilha
Do orvalho que em gotas cai
Fareja veloz matilha
Que em roda saltando vai
 
Não vê dez braças em frente
Com tamanha névoa assim
Ouve saltar de repente
Os cães a latir. Enfim.
 
Rompe-lhe rápida lebre
Que ali lhe escapa do pé
Deita a correr com tal febre
Que nada teme nem vê
 
A lebre corria adiante
E ele atrás, sempre a correr
Ia o cavalo ofegante
Já em suor a escorrer
 
Ela ia de rabo alçado
E o via a seguir atrás
Por ter os olhos de lado
Que fino que é Satanás
 
Mas eis que chegando à beira
Daquele abismo… saltou
E no inferno matreira
Pelo rio se escapou.
 
Ele ia, enfim, sem receio
E cego, a bom galopar
Não pode reter o freio
E sente o cavalo saltar
 
Sente no ar a corrente
Que as faces cortar-lhe vem
Vê-se suspenso e pendente
Sobre o abismo também
 
Valei-me Virgem Senhora
Valei-me sou pecador
Por mim não, por ela agora
Que sois todo o seu amor
 
E sem o menor abalo
(Tal não viu Nazaré)
Firme se achou no cavalo
Na parte oposta, de pé
 
Mui contrito e arrependido
Feria o peito co’a mão
E se votou decidido
Da Virgem à devoção.

Lenda registada e contada pelo botânico e poeta,

Augusto Luso da Silva

 

terça-feira, 28 de outubro de 2025

ÀS PORTAS DA CIDADE

ÀS PORTAS DA CIDADE

A minha aldeia encosta-se à cidade
Da agitação do Porto, em reboliço,
De movimento urbano, desembaraçada…
Como o frenesim de abelhas no cortiço.
 
A cidade não dorme, não descansa;
De noite e de dia cheia de gente,
Em passos apressados, em pé de dança.
Num despertar, continuamente,
 
Almas apressadas, urgentes, estranhas,
Enchem as superfícies comerciais,
Como térmitas dentro das suas montanhas,
Percorrendo todos os seus canais.
 
E do lado de cá, na minha terra sossegada,
Dorme o silêncio embrulhado em marasmo…
De noite ou de dia não se passa nada,
Nem um despertar com entusiasmo.
 
Dorme o progredir e o desenvolver…
Cedo se calam as ruas desumanizadas;
O silêncio obriga a terra a adormecer,
E as portas da cidade, escancaradas.
 
Desperta a recordação, tristeza e saudade,
De outras vivências que ficaram para trás;
De um outro tempo, mais pobre de idade,
De fome e trabalho e de horas más.

José Faria

 

domingo, 26 de outubro de 2025

MUITO OBRIGADO DR. MAIA MARQUES - MAIA

 

Nunca mais teremos um senhor Historiador na Maia, como o Dr. José Maia Marques. A maioria dos políticos eleitos, nada mais fazem do que dar-se à política, entusiasmados (partidariamente) pelo seu protagonismo, vaidades, e sobretudo pelo rendimento político em euros, que usufruem mensalmente, independentemente da sua utilidade social, cultural e pública. Sempre vi, ouvi e li, e aceitei o Dr. Maia Marques como o meu melhor "Vereador" da cultura da Maia e dos maiatos, embora ele não desempenhasse esse cargo na política municipal maiata, cargo que foi sempre ocupado por espertos sem qualidades, sem abrangência e sem capacidades de diálogo cultural, sem um pouco de humildade, capaz de ouvir e aprender com o meu povo, tal o seu altruísmo! 😡

E até sem postura diplomática e educada, para exercer esse cargo de vereador da cultura, que considero o mais importante de todas as pastas da vereação, de uma região administrativa, seja de concelho ou de freguesia. Um bom vereador da CULTURA, deve ser o suporte de todos os valores culturais regionais e até "consultor" de outras pastas de vereadores com menos conhecimentos culturais e da história da Maia, (ou da região em causa) e da vida social e cultural da sua comunidade. Maia Marques divulgou-nos e deixou-nos a história da Maia desde tempos ancestrais, ao passado mais recente e também sobre o que vivemos no presente, com capacidades intelectuais capazes de  orientar social e culturalmente, o bom povo maiato e os destinos da região da Maia nos tempos modernos.
Foi isso que o Senhor Dr. Maia Marques sempre fez e sempre teve muito gosto e muito amor em fazer e oferecer, à Maia e aos maiatos, enquanto aqueles mal eleitos e mal colocados no pelouro da cultura, iam aprendendo com ele, só divulgando o que pessoalmente lhes convinha, quantas vezes, como ideia sua quando a colheram de Maia Marques.
E assim continua. Hoje mandam mais os eleitos, do que aqueles que os elegeram e mais sabem.

Obrigado bom amigo e meu maior MESTRE maiato, (depois de Vieira de Carvalho) grande maiato da história, social, política e cultural, e meu professor da história da terra de Gonçalo Mendes da Maia, de Visconde de Barreiros e de tantos outros beneméritos exemplares, como o do comendador Augusto Simões de Pedrouços.

 Obrigado Dr. Maia Marques.🤲📖📚

domingo, 19 de outubro de 2025

BALNEÁRIO DE MONDARIZ E O RIO TEA

 PELAS MARGENS DO RIO TEA
O BALNEÁRIO DE MONDARIZ
 
É em Mondariz, município da província de Pontevedra , na Galiza, em Espanha, precisamente na Av. Enrique Peinador Vela, que se apresenta 
o majestoso Balneário de Mondariz.

Rico na sua história e nas suas águas, é o Ex-libris deste município situado no sopé da vertente sudoeste da serra do Suido, tendo a seus pés o vale do gracioso rio Tea, repleto de fantasia sorridente.

“O balneário de excelência, foi inaugurado em 1


873 e foi o primeiro termalismo galego de grande referência a nível europeu.

Atualmente é o maior centro termal de Galicia. Conta com Campo de Golf, Centro de Congressos, restaurante de comida Galeza.

Foi Enrique Peinador Vela o grande promotor do balneário em 1873. Este maravilhoso balneário teve grande esplendor enriquecido com a visita de ilustres personalidades públicas em finais do Século XIX e início do Século XX, personagens como Emili Pardo-Bazán e de Rua-Figueroa ou Castelao, e de outros países, como a Rainha Isabel de Portugal.”

E são estes conhecimentos riquíssimos em história do património humano e natural, que a Wildest nos leva a conhecer nas suas viagens de aventura e caminhadas de grupo pelo coração da natureza, realçando sempre que as montanhas escondem segredos, tal como toda a sua envolvência humanizada.

Esta revelação é por isso, fruto da caminhada, aventura pelas margens do rio Tea aos pés de Mondariz.

18/10/2025
José Faria
 

 

 

PELAS MARGENS DO RIO TEA - MONDARIZ

PELAS MARGENS DO GRACIOSO RIO TEA
 
Descansa a natureza docemente,
Enquanto vai mudando de folhagem;
Todo o bosque se desnuda lentamente,
Por um porvir que trará nova roupagem.


 Desprendem-se as folhas graciosamente,
Já deram sombra, dançaram na aragem;
As águas do rio Tea leva-as na corrente,
Vão sem destino, sem fim de viagem.
 

Terras de Mondariz sempre sossegadas,
Atentas às mudanças, que traz o outono,
Falam do passado aos velhos moinhos;
 
As águas nas poldras não estão caladas,
A folhagem do bosque dá-se ao abandono,
Há exuberância em todos os caminhos.
18/10/2025
José Faria

segunda-feira, 13 de outubro de 2025

CAMINO DE HIERRO - ROTA DOS TÚNEIS

 


CAMINHADA PELO “CAMINO DE HIERRO”

FURANDO MONTANHAS COM 20 TÚNEIS

 

Conhecida como a Linha do Douro, este desativado caminho-de-ferro, percorre os últimos 17 quilómetros de pontes e túneis. Com início na Estação da Fregeneda, são 17 quilómetros da antiga linha de La Fuentede San Esteban-Barca d’Alva. É nesta região, que o Grifo sobrevoa no silêncio deslumbrante e imponente das montanhas, com o rio Águeda serpenteando sorridente a seus pés, prestes a abraçar o Douro no Cais de Castilla y León.

Outras espécies nidificam nas escarpas fluviais mais isoladas, como o abutre do Egipto, a Águia-real, a Águia de Bonelli, a Cegonha-preta e o Andorinhão-real.

É aqui que se encontra uma das maiores colónias de morcegos, que fazem do túnel 1 e túnel 3 a sua casa. Daí que estes túneis possam fechar e impedir a passagem temporariamente, pelo menos durante o período de hibernação do túnel 1, e no período de reprodução do túnel 3, para não haver interferência na sua vida reprodutiva. Mesmo quando abertos, nestes túneis é expressamente proibido apontar as lanternas na sua direção para não os perturbar.

Percorrer todo este caminho, requer bom calçado para caminhadas de piso muito irregular, já que todo o percurso é feito pela linha do comboio e caminhos laterais, logicamente todo ele de pedras soltas, durante todo o percurso que passa por 20 túneis.

As várias pontes apresentam-se como “autênticos” miradouros, elevadas a grandes altitudes sobre o rio Águeda, podendo causar vertigens a caminheiros mais sensíveis.


O Parque Natural do Camino de Hierro, requer silêncio, contemplação e respeito…como toda a natureza.

Camino de Hierro: Pela Rota dos Tuneis.

Camino de hierro, por vales e montes,
De olhar tranquilo sobre a natureza;
Por túneis calados ligados por pontes,
Contempla o outono com a sua beleza.
 
É o mês de outubro, o de mil fontes,
E nos vales no fundo, na profundeza,
Perdem-se os bosques no horizonte.
Na memória do tempo, de grandeza.
 
Grifos e abutres sempre a planar,
Perseguem presas, o seu alimento,
Na paz selvagem do tempo calado;
 
Nada lhes escapa nesse seu voar.
Sobre o rio Águeda, em movimento,
Rasgando o vento de bico afiado.

José Faria

Obrigado Andreia Xará, e demais guias, companheiros da jornada e motoristas – e à Wildest

 

SONETOS DE FARIA