terça-feira, 28 de outubro de 2025

ÀS PORTAS DA CIDADE

ÀS PORTAS DA CIDADE

A minha aldeia encosta-se à cidade
Da agitação do Porto, em reboliço,
De movimento urbano, desembaraçada…
Como o frenesim de abelhas no cortiço.
 
A cidade não dorme, não descansa;
De noite e de dia cheia de gente,
Em passos apressados, em pé de dança.
Num despertar, continuamente,
 
Almas apressadas, urgentes, estranhas,
Enchem as superfícies comerciais,
Como térmitas dentro das suas montanhas,
Percorrendo todos os seus canais.
 
E do lado de cá, na minha terra sossegada,
Dorme o silêncio embrulhado em marasmo…
De noite ou de dia não se passa nada,
Nem um despertar com entusiasmo.
 
Dorme o progredir e o desenvolver…
Cedo se calam as ruas desumanizadas;
O silêncio obriga a terra a adormecer,
E as portas da cidade, escancaradas.
 
Desperta a recordação, tristeza e saudade,
De outras vivências que ficaram para trás;
De um outro tempo, mais pobre de idade,
De fome e trabalho e de horas más.

José Faria

 

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