A CAPELA O CRISTO E A COBRA
Pedrouços – Maia
 
 Não há na Maia respeito pela
divulgação,
Dos valores culturais das suas
freguesias,
Até as ensacaram, chamaram-lhe
união,
Destruindo-lhes a história das
literacias.
 
 Pedrouços não entrou na parva inovação,
Destrutiva dos valores, de tantas
alegrias;
Mas continua tão servil, à má
divulgação,
Ao poder municipal feito de
burguesias.
 
 Pois a história verdadeira ou de
ficção,
Que os maiatos tem ao pé da porta,
É a que mais sentem no seu dia-a-dia;
 
 Mas só o apelo às missas de
religião,
De pastores e de políticos os
exorta,
A esquecerem o passado com
alegria.
José Faria
 
 As origens da capelinha construída
por promessa em louvor ao Senhor dos Aflitos, na cidade de Pedrouzos, remontam
ao ano de 1440, segundo me confidenciou Avelino de Moura Lopes, o membro da
Comissão Instaladora da Freguesia de Pedrouços, mais entusiasta e verdadeiro
sobre a história do lugar de “Petrauzos”.
“Reza a lenda que por volta de
1440, andava certo dia uma mulher do povo atarefada a estender roupa sobre
penedos, giestas e mato, no cimo do monte, quando foi surpreendida por uma
grande cobra.
 Como tinha uma criança ainda de
colo, deitou-a sobre uma manta à sombra de uns sobreiros junto de uns penedos,
onde habitualmente ia estender roupa a corar e a secar. A dada altura a criança
despertou com fome e começou a chorar num berreiro incessantemente, obrigando a
mãe a parar com a tarefa para a amamentar.
 Pegou na criança ao colo e
aconchegando-a ao peito, e sentou-se nos penedos, como habitualmente fazia.
 Ainda a mulher estava a descobrir
a mama e já a criança ansiosamente procura o mamilo da progenitora, que a abocanhou
sofregamente.
 Cansada e meia sonolenta a
amamentar o filho naquela manhã de verão, a mulher não se apercebeu que o
cheiro do seu leite atraíra uma cobra que deslizava junto a seus pés. Saíra de
uma abertura no penedo onde se sentara e deslizando silenciosamente, subiu-lhe
para o regaço. Quando se apercebeu da enorme cobra sobre o peito, ao lado do
filho, despertou e aflita, quase estática de medo, com a cobra perto da boca da
criança, e num estático desespero, pôs-se a rezar baixinho, quase sem respirar.
Pediu ao Senhor dos Aflitos que a
livrasse do bicho, da cobra que poderia matar e matar o seu filho.
Parecendo obedecer a ordem divina
ou à sua prece, a cobra sem lhe provar o leite nem a morder, deixou-se deslizar
lentamente do regaço abaixo até cair no chão, e foi de novo recolher-se,
entrando no buraco por onde saíra.
 Acreditando tratar-se de milagre,
a roupeira ajoelhou-se a rezar e a agradecer ao Senhor dos Aflitos por a
escutar, prometendo mandar construir uma capela junto ao caminho na encosta do
monte.
  
A lenda contada em verso:  
 
A lenda contada em verso:
Andava uma mulher na lida,
No cimo do monte a estender; 
A roupa lavada e espremida, 
Por
necessidade e dever.
 Lá no cimo junto à ermida
A São Pedro foi secar,
Roupa lavada, espremida,
Mas pôs-se o filho a chorar.
 
Deitado em fetos e rama,
Nuns sobreiros, a criança;
Chora por leite e mama,
E a roupeira logo a alcança
 
Pega o filhinho no colo,
Ficou a lida a esperar;
Deu-lhe a mama e consolo,
Já cansada e a dormitar.
 
Pela brecha do penedo,
Onde se fora sentar;
Uma cobra sai sem medo
E começou a deslizar.
Assustada a roupeira,
Pôs-se aflita a rezar,
Mas a serpente matreira,
Foi o seu leite cheirar.
Com a cobra junto ao peito,
A rezar naquela hora
Que milagre fosse feito,
Que o bicho fosse embora.
Pela graça recebida
A capela ali ergueu;
Foi pela fé construída,
Como ao senhor prometeu.
O milagre está presente,
Essa pequena, grande obra;
Pela promessa da crente,
Com capela, Cristo e cobra.
NÃO SÃO VERDADE NEM MENTIRA;
São arte cultural da literacia,
Como cereja no topo do bolo,
Transmitida aqui em poesia.
SOBRE A VIDA, ARTE, CULTURA, MÚSICA, ESTÓRIAS E LENDAS DE OUTROS POVOS… DO QUE DO SEU PRÓPRIO POVO.
(Enquanto sabemos e falamos dos outros, não falamos nem sabemos de nós!)
Medite e questione-se sobre a sua vida, o seu caminho,
A sua jornada…de vida. – PORQUE O RESTO É TRETA!
José Faria

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