segunda-feira, 3 de novembro de 2025

CAPELINHA VELHA DE PEDROUÇOS

 


A CAPELA O CRISTO E A COBRA
Pedrouços – Maia
 
Não há na Maia respeito pela divulgação,
Dos valores culturais das suas freguesias,
Até as ensacaram, chamaram-lhe união,
Destruindo-lhes a história das literacias.
 
Pedrouços não entrou na parva inovação,
Destrutiva dos valores, de tantas alegrias;
Mas continua tão servil, à má divulgação,
Ao poder municipal feito de burguesias.
 
Pois a história verdadeira ou de ficção,
Que os maiatos tem ao pé da porta,
É a que mais sentem no seu dia-a-dia;
 
Mas só o apelo às missas de religião,
De pastores e de políticos os exorta,
A esquecerem o passado com alegria.
José Faria
 
As origens da capelinha construída por promessa em louvor ao Senhor dos Aflitos, na cidade de Pedrouzos, remontam ao ano de 1440, segundo me confidenciou Avelino de Moura Lopes, o membro da Comissão Instaladora da Freguesia de Pedrouços, mais entusiasta e verdadeiro sobre a história do lugar de “Petrauzos”.
“Reza a lenda que por volta de 1440, andava certo dia uma mulher do povo atarefada a estender roupa sobre penedos, giestas e mato, no cimo do monte, quando foi surpreendida por uma grande cobra.
Como tinha uma criança ainda de colo, deitou-a sobre uma manta à sombra de uns sobreiros junto de uns penedos, onde habitualmente ia estender roupa a corar e a secar. A dada altura a criança despertou com fome e começou a chorar num berreiro incessantemente, obrigando a mãe a parar com a tarefa para a amamentar.
Pegou na criança ao colo e aconchegando-a ao peito, e sentou-se nos penedos, como habitualmente fazia.
Ainda a mulher estava a descobrir a mama e já a criança ansiosamente procura o mamilo da progenitora, que a abocanhou sofregamente.
Cansada e meia sonolenta a amamentar o filho naquela manhã de verão, a mulher não se apercebeu que o cheiro do seu leite atraíra uma cobra que deslizava junto a seus pés. Saíra de uma abertura no penedo onde se sentara e deslizando silenciosamente, subiu-lhe para o regaço. Quando se apercebeu da enorme cobra sobre o peito, ao lado do filho, despertou e aflita, quase estática de medo, com a cobra perto da boca da criança, e num estático desespero, pôs-se a rezar baixinho, quase sem respirar.
Pediu ao Senhor dos Aflitos que a livrasse do bicho, da cobra que poderia matar e matar o seu filho.
Parecendo obedecer a ordem divina ou à sua prece, a cobra sem lhe provar o leite nem a morder, deixou-se deslizar lentamente do regaço abaixo até cair no chão, e foi de novo recolher-se, entrando no buraco por onde saíra.
Acreditando tratar-se de milagre, a roupeira ajoelhou-se a rezar e a agradecer ao Senhor dos Aflitos por a escutar, prometendo mandar construir uma capela junto ao caminho na encosta do monte.
 
A lenda contada em verso:
 

Andava uma mulher na lida,
No cimo do monte a estender; 
A roupa lavada e espremida, 
Por necessidade e dever.

Lá no cimo junto à ermida
A São Pedro foi secar,
Roupa lavada, espremida,
Mas pôs-se o filho a chorar.
 
Deitado em fetos e rama,
Nuns sobreiros, a criança;
Chora por leite e mama,
E a roupeira logo a alcança
 
Pega o filhinho no colo,
Ficou a lida a esperar;
Deu-lhe a mama e consolo,
Já cansada e a dormitar.
 


Pela brecha do penedo,
Onde se fora sentar;
Uma cobra sai sem medo
E começou a deslizar.
 
Assustada a roupeira, 
Pôs-se aflita a rezar,
Mas a serpente matreira,
Foi o seu leite cheirar.
 
Com a cobra junto ao peito,
A rezar naquela hora
Que milagre fosse feito,
Que o bicho fosse embora.
 
Pela graça recebida
A capela ali ergueu;
Foi pela fé construída,
Como ao senhor prometeu.
 
O milagre está presente,
Essa pequena, grande obra;
Pela promessa da crente,
Com capela, Cristo e cobra.
 
A LENDA, TODAS AS LENDAS,
NÃO SÃO VERDADE NEM MENTIRA;

São arte cultural da literacia,
Como cereja no topo do bolo,
Transmitida aqui em poesia.
 
CADA VEZ MAIS A MAIA SABE MAIS E DIVULGA MAIS,
SOBRE A VIDA, ARTE, CULTURA, MÚSICA, ESTÓRIAS E LENDAS DE OUTROS POVOS… DO QUE DO SEU PRÓPRIO POVO.

(Enquanto sabemos e falamos dos outros, não falamos nem sabemos de nós!)
 
Mas não reze por contos e ditos, por estórias ou lendas.
Medite e questione-se sobre a sua vida, o seu caminho,
A sua jornada…de vida. – PORQUE O RESTO É TRETA!
José Faria

Sem comentários:

Enviar um comentário

CAPELINHA VELHA DE PEDROUÇOS

  A CAPELA O CRISTO E A COBRA Pedrouços – Maia   Não há na Maia respeito pela divulgação, Dos valores culturais das suas freguesias, Até as ...