EM SÃO MIGUEL O ANJO

terça-feira, 12 de agosto de 2025

FADO OU POESIA, O POETA É QUE DECIDE.

 


                  CANÇÃO OU DECLAMAÇÃO EX A QUESTÃO!

Os eventos ou tertúlias culturais de fado e de poesia, são os que mais condignamente defendem e promovem a mensagem cantada ou declamada do poema. Pois intercalam nos eventos o fado e a poesia, para que se entenda e se valorize ambas as formas de mensagem poética, cantada e declamada.

Apesar de sabermos que não há canção nem fado sem poema, nem poema sem poeta, a verdade é que há sempre muito mais audiência para se participar a ouvir fado do que para se ouvir declamação de poesia.


Embora o valor cultural mais elevado esteja na comunicação e mensagem em prosa e poesia, a poesia ainda é vista como melancólica cheia de melaço por excesso de manifestação de sentimentos de afetos íntimos, pessoais e alheios. Depois há poesia que exagera em falar do “eu”, da vida do poeta ou poetiza, das suas tristezas, maleitas e desamores, que no fado passava bem, mas em leitura de declamação, mais parece queixume. E isso não favorece nada o valor que a poesia exige, e a importância cultural que lhe pertence.

Mas é a falar, a declamar que a poesia comunica e transmite valores sociais e culturais. Se for a poesia cantada em fado, tem outra aceitação, tem maior auditório, mais pela voz e pelo cenário e som da viola e da guitarra, e, embora não se entenda a mensagem da letra, do poema que o poeta escreveu para o fado, dá-se valor ao fadista: -“Canta muito bem, tem uma linda voz de fado…sim senhor!” Nunca dizem “gostei do poema” e pior ainda, é que muitas vezes, nem o nome do poeta que escreveu o poema, é referido. Porque afinal, para muitos que amam o fado e dispensam o poeta, o fadista é que é o artista.

Claro que sempre foi assim e tende a piorar, porquanto há cada vez mais quem escreva versos, a rimar ou não, para dar desabafo às suas lamechas, aos passos da sua vida, às suas tristezas, pobrezas e desamores, empobrecendo a cultura da poesia.

Esta realidade constata-se quando se cria uma SESSÃO DE FADOS, E basta ter três ou quatro fadistas e seja lá onde for. A plateia fica cheia de público só para ouvir cantar o fado.

Quando se cria uma TERTÚLIA DE POESIA, mesmo com um músico cantor, a animar musicalmente a sessão de poesia, por muitos apelos à participação, a plateia até pode ficar razoável, mas raramente tem público, a não ser os próprios poetas e poetizas que vão ler e declamar poesia, uns para os outros, porque o único público são eles.

Depois tem a poesia também, o inconveniente do sistema político não gostar dos poetas por muito que digam, informem, despertem e esclareçam culturalmente.

Mas gostam do fado que não incomoda, mesmo do fado que não diz nada, mas foi bem cantado e bem acompanhado à viola e à guitarra.

José Faria

 

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