EM SÃO MIGUEL O ANJO
sábado, 24 de fevereiro de 2024
TUDO TEM UM TEMPO!
quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024
DEMOCRACIA NA FILOSOFIA
AS
NÓDOAS NO PODER POLÍTICO
ESTÁ
NO CULTO DA INCOMPETÊNCIA
O exercício,
uso e usufruto da democracia e da liberdade inseparáveis, tem pilares difíceis
de definição e até de interpretação sobre o que é mais ou menos correto, no que
toda a direitos e deveres dos cidadãos.
Na minha
leitura, análise e conclusões sobre o livro “O Culto da Incompetência”, de
Émile Faguet, da Academia Francesa, traduzido por Agostinho Fortes, constato
que já em 1919, data em que foi editado este livro, o pensamento e juízos de
valor sobre as sociedades democráticas, assetam como uma luva nas idênticas questões
atuais, em 2024.
Refere-se
aí, que “o culto da incompetência”, é como uma nódoa de azeite; propaga-se por
contágio, sendo, portanto, bastante natural que, sendo endémico, seja também
epidémico, e que, encontrando-se no centro e núcleo do Estado, e na sua
constituição, se transmita e alastre nos hábitos e costumes.
Logicamente
que o teatro é a imitação da vida, e a vida, porventura, ainda mais a imitação
do teatro; da mesma forma que as leis saem dos costumes, mas ainda mais estes
proveem das leis.
Como
bem disse Montesquieu, governam os homens, tais como o clima, a religião, as
leis, as máximas do governo, os exemplos das coisas passadas, os costumes, as
maneiras, resultando de tudo isto um espírito geral”.
As
leis dão origem a costumes e estes a hábitos. O carácter não mudou nem nunca
mudará, embora pareça e seja um tanto modificado, porque algumas das partes que
estavam ocultas, vieram para o primeiro plano e as que estavam neste, passaram
para segundo, verificando, pois, uma deslocação.
Veja-se
este exemplo:
O
sentir-se desde a infância, abaixo do pai, um chefe, alguém que domine e mande,
que seja mais do que nós por direito de nascimento, dá-nos uma mentalidade
particular. Claro está que os países em
que exista o direito de testar, têm costumes familiares muito diferentes
daqueles em que a criança seja considerada como co-proprierária do património.
E lã
está a “nódoa” de azeita a alastrar e expandir-se, tantas vezes de forma
nefasta para a sociedade e contra a união da família:
Pois,
notou-se já em 1919 que depois da lei do divórcio, apesar de muito justa e
necessária, (embora seja uma triste necessidade), há incomparavelmente um número
cada vez maior de pedidos de divórcio…e chagamos a 2024, e já o divorcio é uma
coisa perfeitamente normal, quase faz parte dos usos e costumes.
Mas
há outros “usos, costumes e hábitos”, que para além dos “lesa famílias”, há os
lesa Estados e a democracia, face à liberdade sem responsabilidade.
Já
em 1919, neste livro “O Culto da Incompetência”, os filósofos realistas e
transparentes nas sua afirmações, evidenciavam incompetência dos governantes “fazedores”
de leis criadores de (maus) hábitos e direitos sem deveres aos cidadãos.
- É
por este processo que a democracia alarga e espalha o amor da incompetência que
a caracteriza e é, por assim dizer, a sua faculdade primacial.
Foi uma
distração tradicional nos filósofos Gregos descrever alegremente os costumes
domésticos e pessoais que eles consideravam inspirados e mantidos pelos estados
democráticos. Todos eles no assunto rivalizam com Aristofanes:
-“Estou
contente comigo mesmo, diz uma personagem Xenofonte, por causa da minha
pobreza:
Quando
era rico, via-me obrigado a cortejar os caluniadores, com a consciência de que
eu estava mais sujeito a receber deles o mal do que a fazer-lho. E depois a
República exigia-me sempre alguma importância a mais, ao que eu não podia
esquivar-me, porque nem licença tinha para me ausentar.
Desde
que sou pobre, ganhei autoridade, ninguém me ameaça, eu é que ameaço os outros
e tenho liberdade plena de me retirar ou ficar. Os ricos levantam-se quando me
veem e cedem-me o passo. Era escravo, hoje sou rei; pagava tributos à República,
hoje é ela que me sustenta; nada receio perder, só espero ganhar…”
“O
Culto da Incompetência” do passado “democrático”, é a mesma doutrina política
no presente.
(Por
José Faria)
domingo, 18 de fevereiro de 2024
A GAMELA - DE HENRIQUE O'NEIL - Séc. XIX
A GAMELA
Homem mui velho e já
tonto,
Um filho casado e um
neto,
Debaixo do mesmo teto,
Nos diz um conto,
Viviam.
Juntos, porém, não
comiam;
O velho, pois que a
tigela
Quebrava
E o caldo entornava,
Comia numa gamela
De pau, e fora
Da mesa;
Com asp’reza
Era tratado
Pelo filho, e pela nora
Desprezado.
Um dia, ao canto da casa,
Estando o neto entretido
- era ainda pequenote –,
Muito atento a ver se
vaza
Com uma goiva e um
serrote
Um pedaço de madeira,
Interrompido
Pelo pai foi, que indagou
O fim de tal brincadeira.
- Aqui ‘stou –
Lhe responde o inocente –
A fazer uma gamela,
Qual aquela
Em que come o meu avô,
Para meu pai comer nela,
Quando for velho e
demente.
Acrescenta mais o conto:
Revirou
O coração
Ao pai aquela lição;
Cuidadoso
E respeitoso
Desde então
Tratou
Do velhinho tonto.
Filhos que não respeitais
Vossos pais,
Como heis-de neles achar
Quem vos saiba respeitar?
Henrique O’Neil,
Fabulário (Sec. XIX)
Do Livro de Leitura,
Parte II 2º Ano
Diário do Governo, II
série,
de 24-VI—1950 - preço, 22$50
(5 coroas)
O FRANGO, A PÉROLA E AS ALDEIAS
O FRANGO E A PÉROLA
Um pintainho andava na
estrumeira,
Debicando, à procura de
alimento,
Quando achou, misturado
na estrumeira,
Uma formosa pérola, um
portento!
O pinto era filósofo,
decerto,
Pois afirma o honrado
fabulista
Que ele ficou ali, de
bico aberto,
Meditando em tal coisa
nunca vista.
E depois exclamou, triste
e mesquinho,
Cismando nos contrastes
deste mundo
- e falava latim o
pintainho! -,
- Tão linda coisa num
lugar imundo!
Se algum homem te
achasse, o antigo brilho
Recobraras, ó pérola
manchada!
Mas eu prefiro a ti um
grão de milho;
Para mim, que te achei,
não vales nada.
Visconde de Santo Tirso
(Séc. XIX)
AS ALDEIAS
Eu gosto das aldeias
sossegadas,
Com o seu aspeto calmo e
senhoril,
Erguidas nas colinas
azuladas,
Mais frescas que as manhãs
finas de abril.
Pelas tardes das eiras,
como eu gosto,
Sentir a sua vida ativa e
sã,
Vê-las na luz dolente do
sol-posto,
E nas suaves tintas da
manhã.
Alegram as paisagens, as crianças,
Mais cheias de murmúrios
do que um ninho,
E elevam-nos às coisas
simples, mansas,
Ao fundo, as brancas
velas de um moinho.
Pelas noites de estio,
ouvem-se os ralos
Zunirem as suas notas
sibilantes;
E misturam-se o uivar dos
cães distantes
Com o cântico metálico
dos galos.
Gomes Leal. Claridades do
sol. (Século XX)
Do Livro de Leitura,
Parte II 2º Ano
Diário do Governo, II
série,
de 24-VI—1950 - preço, 22$50
(5 coroas)
sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024
O CICLO RENOVA-SE!
O CICLO REPETE-SE OU RENOVA-SE!
Certo dia, pelas energias da vida regadas de fé, esperança e sofrimento, rompes
para a vida envolto em placenta, por entre gemidos e lamentos ansiosos da tua
mãe.
Os
delicados cuidados de proteção inicia-se como propósito de entrega e
guarda de quem te deu à luz da vida e aconchega-te como um Deus.
O
tempo vai passando e vais crescendo, rodeado de cuidados, de ensinamentos, de
educação.
A
ama e o infantário, trabalho e mais trabalho, obrigam os teus progenitores a
mais corridas, despesas, cuidados, diariamente, e a consumições perante aquelas
maleitas juvenis: Chega o sarampo, o tesorelho ou papeira…
E
tu, menino, ficaste com febre, toda a noite choraste e os teus pais não
descansaram nem puderam ir trabalhar no dia seguinte. Correram contigo para o
hospital, para o centro de saúde e para médicos particulares, tantas vezes…
E
lá foste crescendo saudável, com todos os cuidados e educação.
Passas-te
a escola primaria, depois o secundário e continuaste para orgulho dos teus pais,
e, tal como com eles aconteceu, começaste a olhar mais para o espelho e
saboreares os prazeres da juventude e a alimentar a ansiedade natural da ilusão,
da amizade e do amor.
A
verdadeira e séria companhia de amizade e de amor para formar família, surgiu
no seu tempo. E consolidou-se o propósito de ambos na união matrimonial.
A
satisfação e orgulho dos progenitores elevou-se como que se o objetivo
alcançado fosse também seu.
Maior
alegria foi sentida pelos parceiros quando chegou o “rebento” daquela união, da
vossa união, que os fizeram avós pela primeira vez.
O
ciclo repete-se ou renova-se.
A
nova família segue o seu curso natural, tal como aconteceu com os vossos pais, de
entrega, de empenho e cuidado para com a sua primeira descendência.
Para
trás ficaram as lembranças, recordações e ensinamentos dos cuidados que
receberam.
O
ciclo repete-se ou renova-se.
O
tempo não para de seguir o seu curso de ensinamento, de valores de união, de
família, de sangue da mesma estirpe.
Só
na mente, no pensamento distraído e orgulhoso, tantas vezes evidente na
juventude, minado de vaidade e de alguma ostentação, leva ao temporário
esquecimento do caminho percorrido e de entrega, da luta constante por aqueles
que os trouxeram ao mundo.
O
rever, reconhecer e o despertar da história, dos seus primeiros passos de vida
até à juventude, só acontecerá quando, já sós ou só, se encontrarem próximos do
fim da sua jornada existencial.
José Faria
quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024
CAMINHO PRIMITIVO
CAMINHO
PRIMITIVO
OVIEDO
- SANTIAGO
O Caminho Primitivo é o primeiro
itinerário de peregrinação, o mais antigo. Liga Oviedo a Santiago de Compostela e corre em boa
parte por traçados de calçadas romanas. O primeiro rei peregrino foi
precisamente o monarca asturiano-galaico Alfonso II o Casto, que, no primeiro
terço do século IX, quis viajar até Santiago para
confirmar que os restos que acabavam de aparecer em Compostela eram realmente os do
apóstolo.
A devoção do rei pela causa jacobeia — tinha sido criado no mosteiro lucense de Samos e era seguidor do Beato de Liébana — foi decisiva para cimentar o novo culto. Alfonso II mandaria construir, na nascente urbe, a primeira igreja. Além disso, concedeu diversas doações e promoveu o estabelecimento da primeira comunidade monástica destinada a atender as necessidades do culto no altar de Santiago, o mosteiro de Antealtares.
O Caminho Primitivo foi
um itinerário muito frequentado pelo povo asturiano-galaico durante o século IX
e boa parte do X, e atraiu também peregrinos provenientes de outras partes do
norte de Espanha e da Europa. E por ele caminhou — em duas ocasiões — o
sucessor de Alfonso II: Alfonso III o Magno, artífice da consagração em Santiago da
segunda basílica no ano 899.
Depois, ao tornar-se Leão a nova
capital do reino, os monarcas potenciaram (séculos XI-XII) o Caminho
Francês como itinerário privilegiado. Mesmo assim, o itinerário
primitivo continuou a ser uma alternativa para os peregrinos devotos da grande
coleção de relíquias da catedral de San Salvador de Oviedo e de Lugo, que goza
do privilégio papal de expor dia e noite o Santíssimo Sacramento. Além disso,
da sua importância dão hoje fé os vestígios de muitos hospitais de atendimento
ao peregrino: alguns em altas zonas de montanha, enquanto outros na própria
cidade de Lugo.
Em 2015 foi reconhecido pela
Unesco, juntamente com o Caminho do Norte, como Património da
Humanidade, a máxima distinção que um bem cultural pode receber.
+ INFORMAÇÃO
LIGAÇÕES
§ Botelo n’A
Fonsagrada
DOCUMENTOS
§ Caminho Primitivo PDF / 4525 KB
§ Albergues. Hostels PDF / 4065 KB
§ Fisioterapia no Caminho
§ Guia de conselhos do Caminho de
Santiago PDF / 801 KB
§ Arquivo KML do itinerário KML / 241 KB
CÂMARAS
MUNICIPAIS NO ITINERÁRIO
§ Município da Fonsagrada
§ Município de Baleira
§ Município de Castroverde
§ Município de Lugo
§ Município de Guntín
§ Município de Friol
§ Município de Palas de Rei
§ Município de Toques
§ Município de Melide
§ Município de Arzúa
§ Município de O Pino
§ Município de Santiago de
Compostela
Fonte: - https://www.caminodesantiago.gal/pt/planifique/os-itinerarios/caminho-primitivo
(Por José Faria)
CAMINHOS DO PEREGRINO JOSÉ FARIA
POESIA DO CAMINHO
DO PEREGRINO
2015/2016/2017/2021/2022/02023.
Os caminhos que
trilhamos,
São muitos e
verdadeiros,
É o Mundo que
criamos,
Só nosso de
caminheiros.
E nem sempre
acreditamos,
Que somos
aventureiros;
Desde que nascemos
estamos,
Destinados a obreiros.
Que importa se a caminhada,
É curta ou
alongada,
Menor ou de
grandeza;
O importante é ser
sagrada,
Ser feliz e
venerada,
Por respeito à
natureza.
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OS RASGOS DO CAMINHO
Os rasgos das rodas de carros
puxados,
Por bois e cavalos e outros
animais;
Mostram a força e a dor de
cansados,
Dessa tração que não se vê mais.
Aqui peregrinei em tempos
marcados,
Por cinco caminhos e quero ir mais;
Só no caminho somos
consagrados,
Nos libertamos de coisas
banais.
Volto em dois mil e vinte e
três,
Se a vida e a saúde o
permitir,
De volta ao caminho de
Santiago.
Dar-me sozinho mais uma vez,
Que me liberte da urbe e
fugir;
Pura ansiedade que em mim
trago.
-----------
RETOMAR O CAMINHO
Quero voltar ao caminho,
Em dois mil e vinte e quatro;
E de novo caminhar sozinho,
Saber mais de mim não me farto.
Aventura é o caminho de Santiago,
Por qualquer um como o da costa,
Sentir o marinheiro que em mim trago,
E abraçar o monte que se gosta.
A Santiago caminhei pelo interior,
Pelo central fui lá ter também;
Pela costa vê-se o mar ainda maior,
Pelo da Geira ainda é ir mais além!
Vastidões de oceanos, tanto alento,
Quase todos de ventos lusitanos;
São do planeta terra o alimento,
De tanta história que guardamos.
O caminho de Santiago é de pujança,
De paz, descoberta e de compreensão;
Onde há força, há vida e há esperança,
Onde a liberdade desperta em gratidão.
Universo pessoal de independência,
No caminhar constante de felicidade;
Por mais respeito à vida, à existência,
Por amor à natureza com mais verdade.
-----------
LIBERTAÇÃO PEREGRINA
Segue em frente peregrino,
Nos passos da liberdade;
A Catedral é o destino,
De Compostela, a cidade.
Santiago lá te espera,
E contigo vai presente;
Vive e ama essa quimera,
Leva tua graça em frente.
O caminho, é descoberta,
Da vida, da natureza;
Da existência, alma aberta,
À gratidão e à beleza.
Segue as setas amarelas,
O Caminho é a tua ida;
Entre montes e vielas,
Segue o milagre da vida,
Da existência, passo errante,
Segue o cajado, o bastão;
Vive a tua fé constante,
Na alma e no coração.
A mochila é a segurança,
O conforto, a companhia;
Presa ao corpo não se cansa,
Tão servil no dia a dia.
O cansaço e o ardume,
Das bolhas, desse mancar;
São vitórias sem queixume,
Do teu tanto caminhar.
Vai na mochila a vieira,
O bastão leva a cabaça;
P’ra ter sorte na canseira,
E à sua sede dar graça.
Não há adversidade,
A natureza é pura e bela;
Só Gratidão e felicidade,
Por Santiago de Compostela.
Na aventura e na experiência,
Voa o nosso pensamento;
Saber mais sobre a existência,
Por muito mais conhecimento.
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A ALDEIA FANTASMA
- Caminho da Geira e dos Arrieiros -
Muito gostaria de neste meu caminho,
Que fiz só, da Geira e dos Arrieiros;
Permanecer nesta aldeia, aí sozinho,
Descobrir pormenores de garimpeiros.
Descobrir como foi, do povo a entrega,
A sua criação de aldeia na floresta;
Encontrar nessas ruínas que hoje nos lega,
Valores e descobertas por outra fresta.
Fiquei possuído, mas não pude parar,
Neste caminho, místico e ancestral,
No seio de florestas e bosques sem fins;
O caminho da Geira e dos Arrieiros,
Tão primitivo entre os primeiros,
Está cheio de histórias, boas e ruins,
----------
No caminho da Geira e dos Arrieiros
ALMOÇO DA COBRA
- Um melro saboroso.
No caminho, entre vales e montes,
As descobertas são constantes;
Nas encostas cantam as fontes,
E surgem surpresas fascinantes.
Uma linda e bela cobra almoçava,
Atravessada no estreito caminho,
Um melro aos poucos abocanhava,
Eu fiquei a filmá-la caladinho.
Não a importunei, parei de caminhar,
Tive cuidado e estava sozinho;
Contorneia-a para a não incomodar,
Filmei-a e segui o meu caminho.
---------
É já ali...
A Catedral de Santiago de Compostela!
Pausa em Pontevea, calma, descontração!
Aguardo aqui a noite dormitar;
Como me disse António Castro com razão,
"Faria, não tenhas pressa em chegar!"
Cruzou-se comigo o português João,
Bicigrino só no seu caminho,
Duas de conversa foi consolação,
Voltou a pedalar, fiquei sozinho
No dia seguinte, mais dois ciclistas,
Vindos de Vila Nova de Gaia;
Trocamos impressões e boas vistas,
Seguiram o meu caminho, a mesma raia.
Paulo Pinto e José Lamas, juntamente,
Companheiros bicigrinos da jornada;
Seguiram pedalando sempre à frente,
Só no caminho ficou minha passada.
Sábado de manhã estarei em Santiago,
No caminho não há último nem primeiro;
Assim respondo ao desejo que em mim trago,
De assistir ao Botafumeiro.
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MAIS UM PEDAÇO DO CAMINHO.
Cheirou-me a velho, a tempo suado,
No descanso em Béran onde me entreguei;
Do caminho distante, do corpo cansado,
Da velha dormida que atrás deixei.
E aquela incerteza do que vem a seguir,
Que outros caminhos vou percorrer!?
E onde será que irei dormir,
Com algum conforto de me recolher?
Passos de Arenteiro, tanta elevação,
Passo ofegante, tão inclinado;
Por entre ruínas de habitação,
De povo e labuta, distante passado.
Serra mais serra, tanta floresta,
Grasnam os corvos no meu caminho,
Corre um sardão num penedo do monte,
Com a natureza nunca estou sozinho.
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Pululam ainda em meu pensamento,
E vão pulular até ao meu fim;
Os caminhos que fiz com sentimento,
E que continuam dentro de mim.
São de pureza a que me acorrento,
Porque a vida que se vive é assim;
A mãe natureza é o nosso alimento,
Sem caminho a vida encontra o fim.
Toda a energia deste caminhar,
Ganha nos caminhos de Santiago,
São de gratidão e de felicidade;
O “Geira e dos Arrieiro” veio reforçar,
Mais cinco caminhos que fiz e trago;
Que vão comigo para a eternidade.
--------
ESPERO VOLTAR A SANTIAGO
PELO CAMINHO DA COSTA
Hei de voltar ao caminho,
Em dois mil e vinte e
quatro;
Ter da maresia o cheirinho,
Que do mar nunca me farto.
Junto ao mar para Santiago,
Seguindo o caminho da costa;
Que o marinheiro que trago,
Além do monte, do mar gosta.
Já pedalei pelo interior,
E pelo português também;
Junto ao mar eu sou maior,
Na imensidão que ele tem.
Peregrino é quem mais gosta,
De caminhos e carreiros,
Caminhei o central, o da
costa,
O da Geira e dos Arrieiros.
O nosso mar bem português,
Cheio de mistério e de
magia;
Chama-me de novo outra vez,
Para o ter por companhia.
De aventura e meu fadário,
No caminho que me ilumina,
Onde já tive um aniversário,
Na Casa da Carolina.
Quero de novo lá voltar,
Com gratidão e liberdade;
Para de novo festejar,
Agora os setenta de idade.
José Faria