DEMOCRACIA NA FILOSOFIA
AS
NÓDOAS NO PODER POLÍTICO
ESTÁ
NO CULTO DA INCOMPETÊNCIA
O exercício,
uso e usufruto da democracia e da liberdade inseparáveis, tem pilares difíceis
de definição e até de interpretação sobre o que é mais ou menos correto, no que
toda a direitos e deveres dos cidadãos.
Na minha
leitura, análise e conclusões sobre o livro “O Culto da Incompetência”, de
Émile Faguet, da Academia Francesa, traduzido por Agostinho Fortes, constato
que já em 1919, data em que foi editado este livro, o pensamento e juízos de
valor sobre as sociedades democráticas, assetam como uma luva nas idênticas questões
atuais, em 2024.
Refere-se
aí, que “o culto da incompetência”, é como uma nódoa de azeite; propaga-se por
contágio, sendo, portanto, bastante natural que, sendo endémico, seja também
epidémico, e que, encontrando-se no centro e núcleo do Estado, e na sua
constituição, se transmita e alastre nos hábitos e costumes.
Logicamente
que o teatro é a imitação da vida, e a vida, porventura, ainda mais a imitação
do teatro; da mesma forma que as leis saem dos costumes, mas ainda mais estes
proveem das leis.
Como
bem disse Montesquieu, governam os homens, tais como o clima, a religião, as
leis, as máximas do governo, os exemplos das coisas passadas, os costumes, as
maneiras, resultando de tudo isto um espírito geral”.
As
leis dão origem a costumes e estes a hábitos. O carácter não mudou nem nunca
mudará, embora pareça e seja um tanto modificado, porque algumas das partes que
estavam ocultas, vieram para o primeiro plano e as que estavam neste, passaram
para segundo, verificando, pois, uma deslocação.
Veja-se
este exemplo:
O
sentir-se desde a infância, abaixo do pai, um chefe, alguém que domine e mande,
que seja mais do que nós por direito de nascimento, dá-nos uma mentalidade
particular. Claro está que os países em
que exista o direito de testar, têm costumes familiares muito diferentes
daqueles em que a criança seja considerada como co-proprierária do património.
E lã
está a “nódoa” de azeita a alastrar e expandir-se, tantas vezes de forma
nefasta para a sociedade e contra a união da família:
Pois,
notou-se já em 1919 que depois da lei do divórcio, apesar de muito justa e
necessária, (embora seja uma triste necessidade), há incomparavelmente um número
cada vez maior de pedidos de divórcio…e chagamos a 2024, e já o divorcio é uma
coisa perfeitamente normal, quase faz parte dos usos e costumes.
Mas
há outros “usos, costumes e hábitos”, que para além dos “lesa famílias”, há os
lesa Estados e a democracia, face à liberdade sem responsabilidade.
Já
em 1919, neste livro “O Culto da Incompetência”, os filósofos realistas e
transparentes nas sua afirmações, evidenciavam incompetência dos governantes “fazedores”
de leis criadores de (maus) hábitos e direitos sem deveres aos cidadãos.
- É
por este processo que a democracia alarga e espalha o amor da incompetência que
a caracteriza e é, por assim dizer, a sua faculdade primacial.
Foi uma
distração tradicional nos filósofos Gregos descrever alegremente os costumes
domésticos e pessoais que eles consideravam inspirados e mantidos pelos estados
democráticos. Todos eles no assunto rivalizam com Aristofanes:
-“Estou
contente comigo mesmo, diz uma personagem Xenofonte, por causa da minha
pobreza:
Quando
era rico, via-me obrigado a cortejar os caluniadores, com a consciência de que
eu estava mais sujeito a receber deles o mal do que a fazer-lho. E depois a
República exigia-me sempre alguma importância a mais, ao que eu não podia
esquivar-me, porque nem licença tinha para me ausentar.
Desde
que sou pobre, ganhei autoridade, ninguém me ameaça, eu é que ameaço os outros
e tenho liberdade plena de me retirar ou ficar. Os ricos levantam-se quando me
veem e cedem-me o passo. Era escravo, hoje sou rei; pagava tributos à República,
hoje é ela que me sustenta; nada receio perder, só espero ganhar…”
“O
Culto da Incompetência” do passado “democrático”, é a mesma doutrina política
no presente.
(Por
José Faria)
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