EM SÃO MIGUEL O ANJO

terça-feira, 27 de maio de 2025

RUA MEDIEVAL LUIS DE CAMÕES

 
A RUA MAIS MEDIEVAL DE PEDROUÇOS
RUA LUÍS DE CAMÕES 

Tem o nome do grande poeta a rua mais medieval de Pedrouços.

Pelas suas caraterísticas, a rua Luís de Camões, deveria ser em tempos muito distantes, uma das mais importantes artérias do lugar de Petrauzos. Isso vê-se no tipo de construção e nas datas gravadas no granito, padieira, na “testa” das entradas das casas dos senhores feudais. Casas de lavoura e de habitação, que nos recorda esse passado dessa rua e desta localidade maiata.

Para melhor nos situarmos na distância, ao tempo de uma dessas datas, 1758 – MDCCLVIII –  gravada à entrada da casa dos “Cavadas”, tinham passado só três anos o terramoto tão mortal e destruidor de Lisboa, quando ela foi construída, era nessa altura rei de Portugal D. José I, que teve como secretário Marquês de Pombal, que muito se entregou à reconstrução de Lisboa.

Esta rua medieval, antes do piso ser calcetado a paralelepípedo, o chão era coberto com grandes lajes de pedra estilo romano ou medieval, gastas pelo uso e pelo tempo, com muitas marcas (rasgos) dos rodados dos carros puxados por animais. No seu início, frente a velhinha capela da rua António Feliciano de Castilho, a descida mais acentuada, era mesmo de pedreira.

Seria de todo importante a preservação de toda a fachada destas casas antigas, pois nelas reside muita informação do que foi o passado desta comunidade no tempo do feudalismo e esclavagismo também, fortemente vivendo da agricultura.

Para que se “veja” a importância desta terra que foi lugar da


freguesia e vila de Águas Santas, recorde-se que chegou a ter 19 casais (casas agrícolas de grandes lavradores). Pedrouços foi o segundo lugar mais importante da Maia, já que mais importante era o lugar de Ardegães, com 21 casais, localidade ainda ais enriquecida com a intensa atividade dos mitos moinhos nas margens do rio Leça, que procediam à moagem do milho e outros cereais.

E, como sempre, ou quase sempre, gosto de complementar poeticamente estes registos informativos, sobre a terra, as gentes e a sua história…

A RUA MEDIEVAL DE CAMÕES
- Pedrouços - Maia

É esta a rua mais medieval,
Que já tanta vida presenciou;
Em Pedrouços não há uma outra igual
Tanta lida e fé por aqui passou.
 
Num tempo de economia mais rural,
Do feudo que aqui tanto germinou;
A via-sacra aqui viveu o seu ritual,
Que o tempo há muito tempo já calou.
 
Bebeu suor do trabalho e da fadiga,
Deste povo da Maia secular,
Foi a rua da nobreza e de vilões.
 
Nesta terra é a rua mais antiga,
Até na pedra continua a se afirmar,
É do poeta Luís de Camões.
José Faria
 

quinta-feira, 22 de maio de 2025

JÁ ME BORRASTE A ESCRITA!

 COMO DIZIA O POVO…
JÁ ME BORRASTE A ESCRITA!

Esta é uma expressão popular de desagrado dita tantas vezes de forma espontânea em muitas situações.

- Com aquele vendedor que quer vender um produto por um determinado valor, e outro aparece a vender o mesmo produto por metade do preço;

- Com aquele escritor que empregou todo o seu saber e verdade numa determinada narrativa, e alguém a opina de forma negativa, ou a transcreve plagiando e a adulterando.

- Com o autor de uma determinada obra de arte, que quando passado algum tempo da sua divulgação pública, vê centenas de cópias da sua obra;

- Com aquele que cria um determinado evento social e cultural específico, e o vê invadido por outros mais primários valores, para o desvalorizar social e culturalmente;

- Com aquele que criou uma determinada palestra sobre valores relevantes da cultura, da comunidade e da vida humana, e convidou o político da terra para valorizar o evento, o qual, na sua intervenção, mais do que valorizar o evento e o seu autor, valorizou-se a si mesmo, realçando-se, e dessa forma (oportunista) desvalorizar o evento e o seu mentor que o convidou.

E porque hoje dia 22 de maio é dia do autor português, é um bom dia para os autores de arte, de escrita, de eventos socioculturais e musicais, refletirem, não só na sua entrega e dedicação aos seus feitos, como o de tentarem consequentemente, melhorar e inovar a sua criação, porque esse é o caminho que está na sua génese de autores criadores.

Nessa reflexão, casos haverão de arte e eventos de bom e grande sucesso, porque bem aceites, admirados, apoiados, publicitados e participados.

Mas outros haverão também, que porventura decaíram, quando, embora (mais ou menos) bem aceites, mais do que receberem apoio e colaboração, divulgação e publicitação, para desagrado do autor, sofrem infiltração primária e aumento com outros valores, com mais infantilidade e cores, de forma a desvalorizar a obra ou evento sociocultural que pretende enriquecer socialmente a comunidade onde se insere.

Este subtil controlo político sobre os autores criadores, leva-os, muitas vezes, a abandonar a sua criação (apoderada) e partir para outra, já que o evento deixou de ser a sua obra, para ser de outros, seguindo noutra direção de arte cultural, diferente daquela para a qual foi criada.

José Faria

quarta-feira, 21 de maio de 2025

O RESPEITO EM SOCIEDADE!

  É A AUSÊNCIA DE VALORES NO PENSAMENTO,
QUE IMPEDE A DEMOCRACIA DE BOM FUNCIONAMENTO!

Tal como refere o pequeno grande livro “O Culto da Incompetência, de Émile Faguet,
-“O desaparecimento do respeito, se não é, como consideraram Platão, Aristóteles e Montesquieu, um sintoma mórbido, é, pelo menos, uma coisa bastante grave.

Kant, perguntando ao que é que deve obedecer-se, qual o critério para se reconhecer ao que em nós mesmos devemos obedecer, respondeu que devíamos obediência ao que em nos exigisse apenas respeito, ao que não nos exija amor nem medo, mas nos pareça respeitável, por isso que o sentimento do respeito é o único que em si não engana.
Também na vida social só devemos obedecer aos sentimentos que exijam respeito, cumprindo-nos honrar e escutar os homens que o inspirem. Tal é o critério que devemos adotar, para sabermos a que e a quem devemos aplicar, se não a nossa obediência, pelo menos as nossas atenções e deferências. Os velhos são a consciência da nação. É uma consciência severa, triste, impertinente, teimosa, escrupulosa, de mau génio, repetindo sempre a mesma coisa, não há dúvida; mas é uma consciência, ou melhor, é a consciência!

A comparação pode prosseguir quanto mais não seja só pelo gosto de a continuarmos.
Ora, não se respeitando a consciência, esta altera-se e corrompe-se; acaba por se fazer pequena, humilde, tímida, acanhada, falando só em voz baixa por ser impossível que ela se cale absolutamente.
A consciência, nesses casos, faz-se sofistica, emprega a linguagem das paixões, que muito embora não sejam das vis, nem por isso deixam de ser paixões; deixa de ser imperiosa para se tornar persuasiva; já não ameaça, mas afaga. E, continuando a descer, aparenta indiferença, ceticismo, tédio, distração, para insinuar uma palavra prudente através das seduções e lenocínios, dir-vos-á, pouco mais ou menos que é provável que todas as coisas se equivalem; que vício e virtude, crime e probidade, pecado e inocência, brutalidade e delicadeza, libertinagem e pureza, são formas diversas de uma só atividade insuscetível de se enganar em absoluto em qualquer das suas expansões, sendo precisamente por estas coisas se equivalerem, que nada se perde, antes se ganha em ser honesto.

Da mesma forma a nação que não respeitar os seus velhos, altera-os, corrompe-os, desfigura-os. Como Montesquieu disse e muito bem, que o respeito dos mais novos ajuda os velhos a respeitarem-se a si mesmos! Os velhos não respeitados, desinteressam-se da sua natural ocupação; demitem-se de conselheiros ou só aconselham por meio de rodeios e como que pedindo perdão de o fazerem. Muitas vezes também aparentam uma moral muito frouxa para, sub-repticiamente, darem um conselho anódino, e o pior ainda é que os velhos, vendo o papel secundário e quase apagado que desempenham na sociedade, obstinam-se em não querer passar por velhos”.
- Narrativa transcrita na íntegra, das págs. nºs 114,115 e 116.

segunda-feira, 19 de maio de 2025

QUE A MEMÓRIA NÃO SE PERCA!

 
QUE A MEMÓRIA NÃO SE APAGUE
DOS QUE MAIS SERVIRAM PEDROUÇOS
MAIA

Admiro a boa gestão de vários cemitérios do grande Porto. E aqui bem próximo de Pedrouços, o de São Mamede Infesta é exemplar no respeito que tem e perpetua, por todos aqueles que contribuíram em prol da comunidade. Por isso lá se encontram dois marcos, entre dois círculos, em MEMÓRIA, de pessoas e de coletividades que serviram São Mamede Infesta.

Com tanto espaço disponível, o cemitério de Pedrouços há muito que ali deveria erguer um memorial para lembrar e perpetuar todos aqueles/as que muito deram de si à nossa comunidade, incluindo, tantos que contribuíram para a criação de freguesia, assim como para lembrar diversos artistas, de arte literária, pintura e outras artes, e que lamentavelmente, vão sendo esquecidos, quando poderiam servir de exemplo e até seguidos nessas artes.

Permitam-me, por agora, recordar o pintor professor da Escola de Belas Artes do Porto, que escolheu Pedrouços para viver e por cá esteve, até morrer, na rua Artur Neves, 333, durante cerca de 40 anos.

O pintor António Fernandes, que devido à sua idade avançada, com ele colaborei, coadjuvando na montagem de algumas exposições.

António Fernandes pintou muitas paisagens de Pedrouços, e no entanto, parece-me que nem uma ficou para mostra, tão gritante é a ausência cultural.

Sei que pintou muitas paisagens em Vilarinho das Furnas, antes das águas da barragem cobrirem toda a aldeia.

Por cá, como exercia por carolice e lazer serviço de cronista e repórter do então jornal da Maia, abordei-o várias vezes enquanto pintava. E também aprendi com ele, precisamente quando o via a levantar e recolher os apetrechos de pintura levando-me a questioná-lo: - O professor já vai embora, ainda é tão cedo! Ao que ele me respondia: - Já não dá para continuar, estão a aparecer muitas nuvens e a criar muitas sombras, a luz já não é a mesma, talvez amanhã dê para continuar.

ANTÓNIO FERNANDES, FOI GRANDE
PINTOR PAISAGISTA DE PEDROUÇOS

Entre os muitos locais que expôs, destaque-se a zona turística do Cais de Gaia, nas margens do rio Douro.

Entre as obras referidas, estão a óleo, a igreja de Pedrouços, os moinhos (desaparecidos) do ribeiro dos Amores e de aguarela a paisagem rural de Paredes, como documento em fotos. Em fotografia, pintando dos Beirões, o mestre da pintura paisagística António Fernandes, capta para a tela, os campos de cultivo, casa dos Pratas, a escola nº 1 e os pinheiros mansos ao lado.

Já se davam os primeiros passos na autarquia de Pedrouços, ainda com a casa de Augusto Simões conforme foi desocupada, quando o pintor se dedicou a pintar o velho edifício de lavoura que deu lugar a sede de junta de freguesia.

- Ora, voltando à forma como iniciei esta narrativa, torno a referir e a lamentar, que no cemitério de Pedrouços, pelo menos ainda não seja destacada a memória daqueles que já partiram e que são motivo de referência, de exemplo e de gratidão, já que Pedrouços vai ficando cada vez mais distante, de erguer um museu (como queria António Lopes Vaz, Dr.)ou Casa de Cultura, onde estes e outros valores deveriam ser divulgados, aumentados e promovidos.

José Faria

 

sábado, 17 de maio de 2025

RUA SACADURA CABRAL - PEDROUÇOS

 

SAIBA A QUEM SE REFERE AQUELE NOME
DAS RUAS DE PEDROUÇOS.
(Porque o saber não ocupa lugar)

Rua de Sacadura Cabral, entre as ruas de Gonçalo Mendes da Maia e a rua António Simões (Largo dos queimados).

Recorde-se que foi na rua Sacadura Cabral que se deram os primeiros trabalhos de instalação da nova junta de freguesia de Pedrouços, em 1985/1986 e onde o primeiro executivo com Francisco Araújo Dantas como presidente, deu início à gestão da região administrativa de Pedrouços.

Mas esta informação, tem como objetivo


, divulgar a quem se refere o nome das ruas desta freguesia, e desta vez, sobre quem foi Sacadura Cabral, nome da rua onde começou a junta de Pedrouços.

Sacadura Cabral, que efetuou com Gago Coutinho, a primeira travessia aérea do Atlântico Sul, nasceu a 23 de maio de 1881 e faleceu em 15 de novembro de 1924

Era filho primogénito de Artur de Sacadura Freire Cabral e de Maria Augusta da Silva Esteves de Vasconcelos. Após os estudos primários e secundários assentou praça em 10 de novembro de 1897 como aspirante de marinha e frequentou a Sala do Risco, antecessora da atual Escola Naval, onde foi o primeiro classificado do seu curso. Foi promovido a segundo-tenente em 27 de abril de 1903, a primeiro-tenente a 30 de setembro de 1911, a capitão-tenente em 25 de abril de 1918 e, por distinção, a capitão-de-fragata em 1922. Terminado o seu curso, seguiu em 1901, a bordo do São Gabriel, para a Divisão Naval de Moçambique. Em julho de 2024, por ocasião do centenário do seu falecimento, foi promovido ao posto de contra-almirante, a título póstumo.


Serviu nas colónias no decurso da Primeira Guerra Mundial. Foi um dos primeiros instrutores da Escola Militar de Aviação, diretor dos serviços de Aeronáutica Naval e comandante de esquadrilha na Base Naval de Lisboa.

Conheceu Gago Coutinho em África que o incentivou a dedicar-se ao problema da navegação aérea, o que levou ao desenvolvimento do sextante de bolha artificial. Juntos inventaram um "corretor de rumos" para compensar o desvio causado pelo vento. Realizou diversas travessias aéreas memoráveis, notabilizando-se especialmente em 1922, ao efetuar com Gago Coutinho, a primeira travessia aérea do Atlântico Sul.

Faleceu num desastre de aviação algures no Mar do Norte, em 1924, quando voava em direção a Lisboa, pilotando um avião que se despenhou.

O cadáver nunca foi encontrado.

Fonte:

https://en.wikipedia.org/wiki/Sacadura_Cabralnunca foi encontrado 

(Por José Faria)

sexta-feira, 16 de maio de 2025

RUA FERNANDO NAMORA - PEDROUÇOS - MAIA

 SABE A QUEM SE REFEREM AS RUAS DA SUA FREGUESIA DE PEDROUÇOS - MAIA !?

Fernando Namora, é nome da rua com início na rua das Enxurreiras, junto à Circunvalação, e término na rotunda da Fonte Luminosa.
“Fernando Gonçalves Namora, nasceu a 15 de abril de 1919 e faleceu a 31 de janeiro de 1989.
Foi médico e escritor, agraciado com o Prémio Ricardo Malheiros, Medalha de ouro da “Societé” d’Encouragement au Progrés e Prémio D. Dinis.
Magnum opus – Deuses e demónios da medicina.
Autor de uma extensa obra, das mais divulgadas e traduzidas nas décadas de 1970 e 1980. Em Condeixa-a-Nova, existe uma escola secundária com o seu nome.
O seu volume de estreia foi Relevos (1937), livro de poesia, porventura sob a influência de Afonso Duarte e do grupo da Presença. Mas já publicara, em conjunto com Carlos de Oliveira e Artur Varela, um pequeno livro de contos Cabeças de Barro. Em (1938) surge o seu primeiro romance, As Sete Partidas do Mundo, que viria a ser galardoado com o Prémio Almeida Garrett no mesmo ano em que recebe o Prémio Mestre António Augusto Gonçalves, de artes plásticas - na categoria de pintura. Ainda estudante e com outros companheiros de geração funda a revista Altitude e envolve-se ativamente no projeto do Novo Cancioneiro (1941), coleção poética de 10 volumes que se inicia com o seu livro-poema Terra, assinalando o advento do neorrealismo, tendo esta iniciativa coletiva, nascida nas tertúlias de Coimbra, de João José Cochofel, demarcado esse ponto de viragem na literatura portuguesa. Na mesma linha estética, embora em ficção, é lançada a coleção dos Novos Prosadores (1943), pela "Coimbra Editora", reunindo os romances, Fogo na Noite Escura de Namora, Casa na Duna de Carlos de Oliveira, Onde Tudo Foi Morrendo de Vergílio Ferreira, Nevoeiro de Mário Braga ou O Dia Cinzento de Mário Dionísio, entre outros.” (…/…)

quinta-feira, 15 de maio de 2025

SAIBA A QUEM SE REFERE O NOME DA RUA

 ANTÓNIO FELICIANO DE CASTILHO
28/01/1800 – 18/06/1875
É uma rua de Pedrouços - maia

Uma boa forma de nos mantermos despertos culturalmente,
pode e deve estar na curiosidade de procurarmos saber
quem foi esse ou essa, a quem deram nome de rua:

António Feliciano de Castilho, com o seu nome numa das ruas mais longas que atravessa a freguesia de Pedrouços, na Maia, entre a Circunvalação e a rua D. Afonso Henriques, (nas Oliveiras), próximo onde existiu o Campo de Tourada da Areosa. (De que falarei mais tarde)
António Feliciano de Castilho, foi um pedagogo e um grande poeta que, apesar de ter perdido a visão aos seis anos (6), nunca deixou de escrever as suas crónicas, lendas e poesias, com a ajuda e devoção do seu irmão Augusto, e de uma memória retentiva, permitindo-lhe concluir o curso escolar e universitário com sucesso, tendo adquirido o domínio quase completo da língua e literaturas latinas, apesar da sua cegueira.
Sua primeira obra de importância, as Cartas de Echo e Narciso  (1821), pertence à escola pseudoclássica em que foi criado, mas suas inclinações românticas tornaram-se aparentes na Primavera  (1822) e em Amor e Melancolia  (1823), dois volumes de poesia bucólica melosa e prolixa.

Nas lendas poéticas A noite do Castello (1836) e Ciúmes do bardo (1838),Castilho apareceu como um romântico completo . Esses livros exibem os defeitos e qualidades de toda a sua obra, na qual a falta de ideias e de imaginação criativa e uma atmosfera de artificialidade são mal compensadas por um certo encanto emocional, grande pureza de dicção e versificação melodiosa.
Pertencente à escola didática e descritiva, Castilho via a natureza como toda doçura, prazer e beleza, e vivia na terra dos sonhos de sua imaginação. Um épico exuberante sobre a sucessão de D. João VI, rendeu-lhe um cargo lucrativo em Coimbra. Ao retornar de uma estadia na Madeira, fundou a Revista Universal Lisbonense , imitando o Panorama de Herculano, e o seu profundo conhecimento dos clássicos portugueses,  serviram-lhe bem na introdução e nas notas de uma publicação muito útil, a Livraria Clássica Portugueza (1845-1847, 25 volumes), enquanto dois anos depois fundou a "Sociedade dos Amigos das Letras e das Artes". 
Um estudo sobre Luís de Camões e tratados sobre metrificação e mnemônica, seguiram de sua pena. Seu louvável zelo pela instrução popular o levou a estudar pedagogia e, em 1850, ele lançou sua Leitura Repentina , um método de leitura que recebeu seu nome, tornando-se comissário do governo das escolas que estavam destinadas a colocá-lo em prática.
E a "Sociedade dos Amigos das Letras e das Artes" continua, séculos depois a fazer tanta falta.!

Fonte: (com algumas correções) https://en.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B3nio_Feliciano_de_Castilho

(Por José Faria)

segunda-feira, 5 de maio de 2025

LENDA DAS SETE IRMÃS

 


A LENDA DAS SETE IRMÃS

- Narrada por Cacilda Morais, de 68 anos, de Agrochão no ano de 2000

Havia sete irmãs que eram, a Senhora do Areal, a Senhora da Saúde, a Senhora de Fátima, a Senhora da Serra, a Senhora do Amparo, a Senhora da Luzia e a Senhora da Boa Esperança.

Certo dia, quando ainda eram pequenas, as suas madrinhas ofereceram-lhes uma agulha a cada uma, mas a Senhora do Areal perdeu a dela e, para não ficar ela só sem agulha, tirou uma a uma as agulhas às suas irmãs. Mas quando descobriram que quem lhes tinha tirado as agulhas fora a Senhora do Areal, resolveram não falar mais com ela.

Os anos passaram, as irmãs cresceram e resolveram sair de casa e mais tarde cada qual mandou construir uma capela no cimo do monte, exceto a Senhora do Areal que construiu a sua capela num vale, porque, como as irmãs não falavam com ela, pensou que era melhor ficar sozinha, num lugar onde não as visse.

E assim é como está a capela de Nossa Senhora do Areal, perto do rio Fragoso, em Agrochão.

- Do livro – Lendas e Contos Populares Transmontanos, de Alexandre Parafita, pág. 170.

(Conclusão: Com ou sem agulha, os crentes continuam a “coser” as suas rezas e orações em devoção a lendas. – José Faria)

 

CASTELO DE FARIA

 


LENDA DO CASTELO DE FARIA

A já desaparecida fortaleza medieval conhecida por Castelo de Faria, nos arredores de Barcelos, foi palco de uma história desencadeada pelo amor entre o rei D. Fernando e a bela Leonor Teles.

Na verdade, estava D. Fernando para desposar a filha do rei de Castela quando se apaixonou por Leonor Teles, quebrando o compromisso que tinha assumido. Despeitado, o rei castelhano desencadeou uma guerra contra Portugal, cercando Lisboa e muitas outras terras. O Minho foi invadido pelo adiantado da Galiza, D. Pedro Rodriguez Sarmento, que se bateu com D. Henrique Manuel, tio do rei português, nos arredores de Barcelos. 

Os portugueses foram derrotados e entre os reféns ficou D. Nuno Gonçalves, alcaide-mor do Castelo de Faria. No seu cativeiro, receava D. Nuno que o seu filho entregasse o Castelo de Faria logo que visse o pai refém dos castelhanos e, por esse motivo, urdiu um estratagema que o evitasse. Pediu então ao galego D. Pedro que o levasse até aos muros do castelo para convencer o filho a entregar a fortaleza sem resistência. Chegados ao castelo, D. Nuno pediu para falar com o seu filho, D. Gonçalo, e exortou-o a defender-se a custo da própria vida, amaldiçoando-o se não cumprisse as suas ordens. Os castelhanos, vendo-se traídos, mataram logo ali o velho alcaide e atacaram o castelo. A luta foi renhida e dolorosa para os portugueses que perderam muitos dos seus homens, mas D. Gonçalo, lembrando-se da maldição do pai, resistiu orgulhoso, levando os inimigos a desistir. D. Gonçalo, apesar de premiado pela sua coragem, pediu ao rei D. Fernando autorização para abandonar o cargo de alcaide e tornou-se sacerdote.

- Fonte: - https://www.cm-barcelos.pt/visitar/lendas-de-barcelos/

(Por José Faria)

 

 

LEMDA DA MULHER MORTA

 


LENDA DA MULHER MORTA – Barcelos.

Certo dia no final da tarde aproximava-se do Mosteiro de São Pedro de Rates um carro puxado por uma junta de bois. Os dois lavradores, pai e filho, pretendiam, chegar ao nascer do dia à Feira de Barcelos, com os produtos que levavam no carro.

Ao passar junto de uma pequena estalagem, para dar de comer aos animais e beberem uma malga de vinho, encontraram peregrinos que aí pretendiam pernoitar antes de se lançarem ao caminho de Barcelos e de Santiago. Como a noite caía o estalajadeiro perguntou-lhes se ali dormiam e perante a resposta negativa, avisou-os para terem cuidado em aventurarem-se de noite pelos caminhos que passavam no Alto da Mulher Morta. Curiosos perguntaram o que de mau havia por aquelas paragens:

- É carneiro preto que por lá aparece fora de horas. Um dia morreu ou por lá mataram uma mulher e desde então é sitio excomungado.

Os dois lavradores não eram medrosos e avançaram caminho e noite dentro. Ao avistar o pinhal do desassossego puseram-se em frente aos bois que começavam a dar sinal de inquietação. Metros andados, estacaram e por mais tentativas, simplesmente não se mexiam. De repente, viram o carneiro preto no meio do caminho, com pelo sedoso, escuro, narinas fumegantes e olhar fixo nos intrusos.

- E agora? - Exclamou o filho.
- Não ouviste o vendeiro? Acalma-te, eu trato deste estafermo.
O velho lavrador bradou em voz forte:
“Água benta de sete bicas
Água de sete fontes
Sangue de sete galinhas pretas
Terra de sete sepulturas
Padre-nosso. Ave-maria”

Mal o velho acabou as últimas palavras, um enorme estrondo ribombou na pacatez do pinhal. O carneiro desatou à desfilada monte dentro e no ar ficou um cheiro a enxofre.
- Desta livramo-nos nós! - Disse o pai – Com a bênção de Deus.
E seguiram para a Feira em Barcelos.
Na volta construíram um Tosco Cruzeiro de pedra no local onde tudo tinha acontecido e desde essa altura nunca mais por ali apareceu o carneiro preto.

Fonte: - https://www.cm-barcelos.pt/visitar/lendas-de-barcelos/