EM SÃO MIGUEL O ANJO

quarta-feira, 21 de maio de 2025

O RESPEITO EM SOCIEDADE!

  É A AUSÊNCIA DE VALORES NO PENSAMENTO,
QUE IMPEDE A DEMOCRACIA DE BOM FUNCIONAMENTO!

Tal como refere o pequeno grande livro “O Culto da Incompetência, de Émile Faguet,
-“O desaparecimento do respeito, se não é, como consideraram Platão, Aristóteles e Montesquieu, um sintoma mórbido, é, pelo menos, uma coisa bastante grave.

Kant, perguntando ao que é que deve obedecer-se, qual o critério para se reconhecer ao que em nós mesmos devemos obedecer, respondeu que devíamos obediência ao que em nos exigisse apenas respeito, ao que não nos exija amor nem medo, mas nos pareça respeitável, por isso que o sentimento do respeito é o único que em si não engana.
Também na vida social só devemos obedecer aos sentimentos que exijam respeito, cumprindo-nos honrar e escutar os homens que o inspirem. Tal é o critério que devemos adotar, para sabermos a que e a quem devemos aplicar, se não a nossa obediência, pelo menos as nossas atenções e deferências. Os velhos são a consciência da nação. É uma consciência severa, triste, impertinente, teimosa, escrupulosa, de mau génio, repetindo sempre a mesma coisa, não há dúvida; mas é uma consciência, ou melhor, é a consciência!

A comparação pode prosseguir quanto mais não seja só pelo gosto de a continuarmos.
Ora, não se respeitando a consciência, esta altera-se e corrompe-se; acaba por se fazer pequena, humilde, tímida, acanhada, falando só em voz baixa por ser impossível que ela se cale absolutamente.
A consciência, nesses casos, faz-se sofistica, emprega a linguagem das paixões, que muito embora não sejam das vis, nem por isso deixam de ser paixões; deixa de ser imperiosa para se tornar persuasiva; já não ameaça, mas afaga. E, continuando a descer, aparenta indiferença, ceticismo, tédio, distração, para insinuar uma palavra prudente através das seduções e lenocínios, dir-vos-á, pouco mais ou menos que é provável que todas as coisas se equivalem; que vício e virtude, crime e probidade, pecado e inocência, brutalidade e delicadeza, libertinagem e pureza, são formas diversas de uma só atividade insuscetível de se enganar em absoluto em qualquer das suas expansões, sendo precisamente por estas coisas se equivalerem, que nada se perde, antes se ganha em ser honesto.

Da mesma forma a nação que não respeitar os seus velhos, altera-os, corrompe-os, desfigura-os. Como Montesquieu disse e muito bem, que o respeito dos mais novos ajuda os velhos a respeitarem-se a si mesmos! Os velhos não respeitados, desinteressam-se da sua natural ocupação; demitem-se de conselheiros ou só aconselham por meio de rodeios e como que pedindo perdão de o fazerem. Muitas vezes também aparentam uma moral muito frouxa para, sub-repticiamente, darem um conselho anódino, e o pior ainda é que os velhos, vendo o papel secundário e quase apagado que desempenham na sociedade, obstinam-se em não querer passar por velhos”.
- Narrativa transcrita na íntegra, das págs. nºs 114,115 e 116.

Sem comentários:

Enviar um comentário