EM SÃO MIGUEL O ANJO

segunda-feira, 11 de março de 2024

O professor, o filósofo, o ateísmo e o deísmo.

 

“O CULTO DA INCOMPETÊNCIA”

Duas páginas para reflexão! Pag. 156/157

O professor, o filósofo, o ateísmo e o deísmo.

-“É principalmente o professor, mais ainda que o filósofo, que tem mais interesse sociocultural, de animadversão e animosidade; quem acredita que tudo quanto o padre ensina, é uma invenção pura de opressores engenhosos, que querem refrear e aprisionar o povo para fundarem e manterem um dominado eterno. 

É isto que explica a ostentação que o professor faz de ideias filosóficas renovadas de Diderot e de Holbach. Chega quase a ser inverosímil que haja um professor para quem o padre não seja um scelerado.

O ateísmo é aristocrático, dizia Robespierre, lembrando-se de Rousseou; O ateísmo é democrático, exclamam os professores modernos. Qual a causa de tão grande divergência de apreciação? Do facto de a libertinagem estar em moda, entre os grandes senhores (referia-se à nobreza no século XVIII) e da crença e Deus ser unânime no povo. (XVIII). (…/…)

O ateísmo fez-se, pois, democrático, como arma contra os deístas, que, em geral, são aristocratas.

De resto, não ser restringido por nenhuma coisa, não ser limitado no seu poder soberano, é a ideia capital do povo, ou, por outros termos, a ideia capital do democrata, é que o povo não seja restringido nem limitado em seu soberano poder.

Ora, Deus é um limite, Deus é uma prisão!; e assim como o democrata não admite uma constituição secular que o povo não possa destruir e o impeça de fazer leis más, assim como não admite, servindo-se da terminologia de Aristóteles, o Governos das leis, o governo de uma legislação antiga que refreie o povo e o reprima na fabricação quotidiana de decretos; assim também não admite a existência de um Deus que tem os seus mandamentos, a sua legislação,  anterior e superior a todas as leis e a todos os decretos, que limita as veleidades legisladoras do povo, a sua caprichosa omnipotência, numa palavra; LIMITA  A SOBERANIA POPULAR!”

(…/…)

domingo, 10 de março de 2024

A MÃE NATUREZA NÃO QUER REZAS!

 A MÃE NATUREZA NÃO QUER REZAS
SÓ RESPEITO, AMOR E DEVOÇÃO!


 
A mãe natureza não se queixa, não se importa,
Nunca se sente ofendida, de tão provocada;
Até com partes do corpo de natureza morta,
Continua a promover a vida, sempre empenhada.
 
Invente o homem todo o mal que importa,
Continuando a manter a terra destroçada;
Milagrosa é a mãe terra que suporta,
Mesmo com guerra, e poluição, não está parada.
 
Ingrata é a humanidade, filha e descendente,
Que da natureza nasceu e nela se alimenta,
Que ignorante deus inventou para dominar;
 
É a Terra, que todas as vidas alimenta,
De que a humanidade continua inconsciente;
Ludibriada em fé e crenças de embalar.
José Faria
 

sexta-feira, 1 de março de 2024

VAN GOGH ANDOU NO PORTO

 

 “Eu não quero pintar quadros, eu quero pintar a vida

“Vincent van Gogh (1853-1890) foi um importante pintor holandês, um dos maiores representantes do pós-impressionismo. Van Gogh morreu praticamente no anonimato, depois de uma vida atormentada que o levou ao isolamento e finalmente ao suicídio.

Com uma trajetória difícil, cheia de problemas emocionais, Van Gogh deixou uma obra comovente e vigorosa que se constitui em um dos maiores legados artísticos da humanidade.

Infância e juventude melancólicas

Vincent Willem van Gogh nasceu em Groot Zundert, uma pequena aldeia holandesa, no dia 30 de março de 1853. Filho de um pastor calvinista, era o primogênito de seis filhos. Passou a infância melancólico e inclinado à solidão.

Gostava muito de ler, sobretudo histórias sobre os oprimidos, o que posteriormente justifica seu interesse pelo sofrimento e injustiças sociais. Em 1865 ingressou em um internato provinciano.

Desajustado no lar e insatisfeito com a estrutura da sociedade à qual pertencia, com 16 anos aceitou a sugestão do pai e foi para Haia trabalhar com o tio, que abriu a filial da Galeria Goupil, importante empresa francesa que comerciava livros e obras de arte.

Depois de três anos insiste com o tio para viajar e ver o mundo. É, então, mandado para Bruxelas, onde passa dois anos. Depois vai para Londres, sempre a serviço da galeria, onde permanece dois anos e meio.

Em 1875, Van Gogh consegue realizar seu desejo de conhecer Paris, onde julgava poder libertar-se de todas as suas frustrações. Mas não gosta do emprego. Dedica-se à leitura de livros sobre arte, forma opinião e discute com os clientes. Em abril de 1876 é demitido do grupo Goupil.”

Fonte: - https://www.ebiografia.com/van_gogh/

 

A MALDIÇÃO DO MARQUÊS - Tiago Rebelo

 A MALDIÇÃO DO MARQUÊS
                            E O TERRAMOTO DE LISBOA

De Tiago Rebelo

Muito interessante, cultural e informativa, é a caminhada ao passado; caminhar por entre as ruínas de uma Lisboa destroçada e destruída quase por completo, pelo sismo de 1755.


Ver, ouvir e acompanhar, testemunhar sem ser visto, todo um emaranhado de conflitos entre os poderes instalados, as armadilhas criadas e acusações infundadas contra nobres que incomodavam o poder de um tal ministro lacaio de D. José, que eliminava tudo e todos que dele não gostassem.

Embora já proibidas as torturas da Santa Sé, as mesmas eram utilizadas na praça pública, à martelada e queimados na fogueira por ordens do ministro Sebastião José de Carvalho e Melo, que assim se via livre de opositores, servindo de exemplo a quem não lhe obedecesse.

Pena foi ter morrido de velhice e doença, e não ter o mesmo fim de grande sofrimento e morte, como a que infligiu na praça pública a tantos nobres, filhos e criados, que dele não gostava.

Uma obra de Tiago Rebelo que me fascinou e me levou a recordar a história da tortura da Santa Inquisição, mas também, dos iguais modos de castigo levados a efeito por muitos reinados de Portugal.

José Faria

sábado, 24 de fevereiro de 2024

TUDO TEM UM TEMPO!

TUDO TEM UM TEMPO

Desde o nascer até ao perecer,
Tudo que nasce e está a viver;
Há um tempo seu de existência,

Vários são os caminhos a percorrer,
Por diversos cuidados de sobreviver,
Que só findarão com a sua ausência.

E toda a espécie que veio a aparecer,
Porque a mãe terra a quis promover,
E a ter no seu seio de coexistência;

Todas têm os seus ciclos para se valer,
Para se dar, aprender, se defender;
E se promover com mais coerência.

Só a hibernação por mais conhecer,
Desperta no silêncio, no envelhecer,
No entendimento de mais abrangência.

Tudo tem um tempo, o tempo de ver,
E há muito mais além que o obedecer,
Às normas e às rotinas de obediência.
José Faria

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

DEMOCRACIA NA FILOSOFIA

 AS NÓDOAS NO PODER POLÍTICO
ESTÁ NO CULTO DA INCOMPETÊNCIA

O exercício, uso e usufruto da democracia e da liberdade inseparáveis, tem pilares difíceis de definição e até de interpretação sobre o que é mais ou menos correto, no que toda a direitos e deveres dos cidadãos.
Na minha leitura, análise e conclusões sobre o livro “O Culto da Incompetência”, de Émile Faguet, da Academia Francesa, traduzido por Agostinho Fortes, constato que já em 1919, data em que foi editado este livro, o pensamento e juízos de valor sobre as sociedades democráticas, assetam como uma luva nas idênticas questões atuais, em 2024.
 
Refere-se aí, que “o culto da incompetência”, é como uma nódoa de azeite; propaga-se por contágio, sendo, portanto, bastante natural que, sendo endémico, seja também epidémico, e que, encontrando-se no centro e núcleo do Estado, e na sua constituição, se transmita e alastre nos hábitos e costumes.
Logicamente que o teatro é a imitação da vida, e a vida, porventura, ainda mais a imitação do teatro; da mesma forma que as leis saem dos costumes, mas ainda mais estes proveem das leis.

Como bem disse Montesquieu, governam os homens, tais como o clima, a religião, as leis, as máximas do governo, os exemplos das coisas passadas, os costumes, as maneiras, resultando de tudo isto um espírito geral”.
As leis dão origem a costumes e estes a hábitos. O carácter não mudou nem nunca mudará, embora pareça e seja um tanto modificado, porque algumas das partes que estavam ocultas, vieram para o primeiro plano e as que estavam neste, passaram para segundo, verificando, pois, uma deslocação.
Veja-se este exemplo:
O sentir-se desde a infância, abaixo do pai, um chefe, alguém que domine e mande, que seja mais do que nós por direito de nascimento, dá-nos uma mentalidade particular.  Claro está que os países em que exista o direito de testar, têm costumes familiares muito diferentes daqueles em que a criança seja considerada como co-proprierária do património.
E lã está a “nódoa” de azeita a alastrar e expandir-se, tantas vezes de forma nefasta para a sociedade e contra a união da família:
Pois, notou-se já em 1919 que depois da lei do divórcio, apesar de muito justa e necessária, (embora seja uma triste necessidade), há incomparavelmente um número cada vez maior de pedidos de divórcio…e chagamos a 2024, e já o divorcio é uma coisa perfeitamente normal, quase faz parte dos usos e costumes.
Mas há outros “usos, costumes e hábitos”, que para além dos “lesa famílias”, há os lesa Estados e a democracia, face à liberdade sem responsabilidade.
Já em 1919, neste livro “O Culto da Incompetência”, os filósofos realistas e transparentes nas sua afirmações, evidenciavam incompetência dos governantes “fazedores” de leis criadores de (maus) hábitos e direitos sem deveres aos cidadãos.
- É por este processo que a democracia alarga e espalha o amor da incompetência que a caracteriza e é, por assim dizer, a sua faculdade primacial.

Foi uma distração tradicional nos filósofos Gregos descrever alegremente os costumes domésticos e pessoais que eles consideravam inspirados e mantidos pelos estados democráticos. Todos eles no assunto rivalizam com Aristofanes:
-“Estou contente comigo mesmo, diz uma personagem Xenofonte, por causa da minha pobreza:
Quando era rico, via-me obrigado a cortejar os caluniadores, com a consciência de que eu estava mais sujeito a receber deles o mal do que a fazer-lho. E depois a República exigia-me sempre alguma importância a mais, ao que eu não podia esquivar-me, porque nem licença tinha para me ausentar.
Desde que sou pobre, ganhei autoridade, ninguém me ameaça, eu é que ameaço os outros e tenho liberdade plena de me retirar ou ficar. Os ricos levantam-se quando me veem e cedem-me o passo. Era escravo, hoje sou rei; pagava tributos à República, hoje é ela que me sustenta; nada receio perder, só espero ganhar…”
 
“O Culto da Incompetência” do passado “democrático”, é a mesma doutrina política no presente.
(Por José Faria)
 

domingo, 18 de fevereiro de 2024

A GAMELA - DE HENRIQUE O'NEIL - Séc. XIX

 

A GAMELA

Homem mui velho e já tonto,
Um filho casado e um neto,
Debaixo do mesmo teto,
Nos diz um conto,
Viviam.
 
Juntos, porém, não comiam;
O velho, pois que a tigela
Quebrava
E o caldo entornava,
Comia numa gamela
De pau, e fora
Da mesa;
Com asp’reza
Era tratado
Pelo filho, e pela nora
Desprezado.
 
Um dia, ao canto da casa,
Estando o neto entretido
- era ainda pequenote –,
Muito atento a ver se vaza
Com uma goiva e um serrote
Um pedaço de madeira,
Interrompido
Pelo pai foi, que indagou
O fim de tal brincadeira.
 
- Aqui ‘stou –
Lhe responde o inocente –
A fazer uma gamela,
Qual aquela
Em que come o meu avô,
Para meu pai comer nela,
Quando for velho e demente.
 
Acrescenta mais o conto:
Revirou
O coração
Ao pai aquela lição;
Cuidadoso
E respeitoso
Desde então
Tratou
Do velhinho tonto.
 
Filhos que não respeitais
Vossos pais,
Como heis-de neles achar
Quem vos saiba respeitar?
 
Henrique O’Neil, Fabulário (Sec. XIX)
 
Do Livro de Leitura, Parte II 2º Ano
Diário do Governo, II série,
de 24-VI—1950 - preço, 22$50 (5 coroas)


 

O FRANGO, A PÉROLA E AS ALDEIAS

 

O FRANGO E A PÉROLA
 
Um pintainho andava na estrumeira,
Debicando, à procura de alimento,
Quando achou, misturado na estrumeira,
Uma formosa pérola, um portento!
 
O pinto era filósofo, decerto,
Pois afirma o honrado fabulista
Que ele ficou ali, de bico aberto,
Meditando em tal coisa nunca vista.
 
E depois exclamou, triste e mesquinho,
Cismando nos contrastes deste mundo
- e falava latim o pintainho! -,
- Tão linda coisa num lugar imundo!
 
Se algum homem te achasse, o antigo brilho
Recobraras, ó pérola manchada!
Mas eu prefiro a ti um grão de milho;
Para mim, que te achei, não vales nada.
 
Visconde de Santo Tirso (Séc. XIX)
 
AS ALDEIAS
 
Eu gosto das aldeias sossegadas,
Com o seu aspeto calmo e senhoril,
Erguidas nas colinas azuladas,
Mais frescas que as manhãs finas de abril.
 
Pelas tardes das eiras, como eu gosto,
Sentir a sua vida ativa e sã,
Vê-las na luz dolente do sol-posto,
E nas suaves tintas da manhã.
 
Alegram as paisagens, as crianças,
Mais cheias de murmúrios do que um ninho,
E elevam-nos às coisas simples, mansas,
Ao fundo, as brancas velas de um moinho.
 
Pelas noites de estio, ouvem-se os ralos
Zunirem as suas notas sibilantes;
E misturam-se o uivar dos cães distantes
Com o cântico metálico dos galos.
 
Gomes Leal. Claridades do sol. (Século XX)
 
Do Livro de Leitura, Parte II 2º Ano
Diário do Governo, II série,
de 24-VI—1950 - preço, 22$50 (5 coroas)
 
 

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

O CICLO RENOVA-SE!

 O CICLO REPETE-SE OU RENOVA-SE!

Certo dia, pelas energias da vida regadas de fé, esperança e sofrimento, rompes para a vida envolto em placenta, por entre gemidos e lamentos ansiosos da tua mãe.
Os delicados cuidados de proteção iniciam-se como propósito de entrega e guarda de quem te deu à luz da vida e te aconchega como um Deus.
O tempo vai passando e vais crescendo, rodeado de cuidados, de ensinamentos, de educação.
A ama e o infantário, trabalho e mais trabalho, obrigam os teus progenitores a mais corridas, despesas, cuidados, diariamente, e a consumições perante aquelas maleitas juvenis: Chega o sarampo, o tesorelho ou papeira…
E tu menino, ficaste com febre, toda a noite choraste e os teus pais não descansaram nem puderam ir trabalhar no dia seguinte. Correram contigo para o hospital, para o centro de saúde e para médicos particulares, tantas vezes…
E lá foste crescendo saudável, com todos os cuidados e educação.
Passas-te a escola primaria, depois o secundário e continuaste para orgulho dos teus pais, e, tal como com eles aconteceu, começaste a olhar mais para o espelho e saboreares os prazeres da juventude e a alimentar a ansiedade natural da ilusão, da amizade e do amor.
A verdadeira e séria companhia de amizade e de amor para formar família, surgiu no seu tempo. E consolidou-se o propósito de ambos na união matrimonial.
A satisfação e orgulho dos progenitores elevou-se como que se o objetivo alcançado fosse também seu.
Maior alegria foi sentida pelos parceiros quando chegou o “rebento” daquela união, da vossa união, que os fizeram avós pela primeira vez.
O ciclo repete-se ou renova-se.
A nova família segue o seu curso natural, tal como aconteceu com vossos pais, de entrega, de empenho e cuidado para com a sua primeira descendência.
Para trás ficaram as lembranças, recordações e ensinamentos dos cuidados que receberam.
O ciclo repete-se ou renova-se.
 
O tempo não para de seguir o seu curso de ensinamento, de valores de união, de família, de sangue da mesma estirpe.
Só na mente, no pensamento distraído e orgulhoso, tantas vezes evidente na juventude, minado de vaidade e de alguma ostentação, leva ao temporário esquecimento do caminho percorrido e de entrega, da luta constante por aqueles que os trouxeram ao mundo.
O rever, reconhecer e o despertar da história, dos seus primeiros passos de vida até à juventude, só acontecerá quando, já sós ou só, se encontrarem próximos do fim da sua jornada existencial.

José Faria

 

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

CAMINHO PRIMITIVO

CAMINHO PRIMITIVO
OVIEDO - SANTIAGO


Caminho Primitivo é o primeiro itinerário de peregrinação, o mais antigo. Liga Oviedo a Santiago de Compostela e corre em boa parte por traçados de calçadas romanas. O primeiro rei peregrino foi precisamente o monarca asturiano-galaico Alfonso II o Casto, que, no primeiro terço do século IX, quis viajar até Santiago para confirmar que os restos que acabavam de aparecer em Compostela eram realmente os do apóstolo.

A devoção do rei pela causa jacobeia — tinha sido criado no mosteiro lucense de Samos e era seguidor do Beato de Liébana — foi decisiva para cimentar o novo culto. Alfonso II mandaria construir, na nascente urbe, a primeira igreja. Além disso, concedeu diversas doações e promoveu o estabelecimento da primeira comunidade monástica destinada a atender as necessidades do culto no altar de Santiago, o mosteiro de Antealtares.


Caminho Primitivo foi um itinerário muito frequentado pelo povo asturiano-galaico durante o século IX e boa parte do X, e atraiu também peregrinos provenientes de outras partes do norte de Espanha e da Europa. E por ele caminhou — em duas ocasiões — o sucessor de Alfonso II: Alfonso III o Magno, artífice da consagração em Santiago da segunda basílica no ano 899.

Depois, ao tornar-se Leão a nova capital do reino, os monarcas potenciaram (séculos XI-XII) o Caminho Francês como itinerário privilegiado. Mesmo assim, o itinerário primitivo continuou a ser uma alternativa para os peregrinos devotos da grande coleção de relíquias da catedral de San Salvador de Oviedo e de Lugo, que goza do privilégio papal de expor dia e noite o Santíssimo Sacramento. Além disso, da sua importância dão hoje fé os vestígios de muitos hospitais de atendimento ao peregrino: alguns em altas zonas de montanha, enquanto outros na própria cidade de Lugo.

Em 2015 foi reconhecido pela Unesco, juntamente com o Caminho do Norte, como Património da Humanidade, a máxima distinção que um bem cultural pode receber.

+ INFORMAÇÃO
 LIGAÇÕES
§  Botelo n’A Fonsagrada
 DOCUMENTOS
§  Caminho Primitivo PDF / 4525 KB
§  Albergues. Hostels PDF / 4065 KB
§  Fisioterapia no Caminho
§  Guia de conselhos do Caminho de Santiago PDF / 801 KB
§  Arquivo KML do itinerário KML / 241 KB
CÂMARAS MUNICIPAIS NO ITINERÁRIO
§  Município da Fonsagrada
§  Município de Baleira
§  Município de Castroverde
§  Município de Lugo
§  Município de Guntín
§  Município de Friol
§  Município de Palas de Rei
§  Município de Toques
§  Município de Melide
§  Município de Arzúa
§  Município de O Pino
§  Município de Santiago de Compostela

Fonte: - https://www.caminodesantiago.gal/pt/planifique/os-itinerarios/caminho-primitivo

(Por José Faria)

 

CAMINHOS DO PEREGRINO JOSÉ FARIA

 

POESIA DO CAMINHO DO PEREGRINO

CAMINHOS de José Faria

2015/2016/2017/2021/2022/02023.

 

Os caminhos que trilhamos,

São muitos e verdadeiros,

É o Mundo que criamos,

Só nosso de caminheiros.

 

E nem sempre acreditamos,

Que somos aventureiros;

Desde que nascemos estamos,

Destinados a obreiros.


Que importa se a caminhada,

É curta ou alongada,

Menor ou de grandeza;

 

O importante é ser sagrada,

Ser feliz e venerada,

Por respeito à natureza.

  ------------

 OS RASGOS DO CAMINHO

Os rasgos das rodas de carros puxados,

Por bois e cavalos e outros animais;

Mostram a força e a dor de cansados,

Dessa tração que não se vê mais.

Aqui peregrinei em tempos marcados,

Por cinco caminhos e quero ir mais;


Só no caminho somos consagrados,

Nos libertamos de coisas banais.

 

Volto em dois mil e vinte e três,

Se a vida e a saúde o permitir,

De volta ao caminho de Santiago.

 

Dar-me sozinho mais uma vez,

Que me liberte da urbe e fugir;

Pura ansiedade que em mim trago.

-----------

RETOMAR O CAMINHO

Quero voltar ao caminho,

Em dois mil e vinte e quatro;

E de novo caminhar sozinho,

Saber mais de mim não me farto.

 

Aventura é o caminho de Santiago,

Por qualquer um como o da costa,

Sentir o marinheiro que em mim trago,

E abraçar o monte que se gosta.

 

A Santiago caminhei pelo interior,

Pelo central fui lá ter também;

Pela costa vê-se o mar ainda maior,

Pelo da Geira ainda é ir mais além!

 

Vastidões de oceanos, tanto alento,

Quase todos de ventos lusitanos;

São do planeta terra o alimento,

De tanta história que guardamos.

 

O caminho de Santiago é de pujança,

De paz, descoberta e de compreensão;

Onde há força, há vida e há esperança,

Onde a liberdade desperta em gratidão.

 

Universo pessoal de independência,

No caminhar constante de felicidade;

Por mais respeito à vida, à existência,

Por amor à natureza com mais verdade.

-----------

LIBERTAÇÃO PEREGRINA

Segue em frente peregrino,

Nos passos da liberdade;

A Catedral é o destino,

De Compostela, a cidade.

 

Santiago lá te espera,

E contigo vai presente;

Vive e ama essa quimera,

Leva tua graça em frente.

 

O caminho, é descoberta,

Da vida, da natureza;

Da existência, alma aberta,

À gratidão e à beleza.

 

Segue as setas amarelas,

O Caminho é a tua ida;

Entre montes e vielas,

Segue o milagre da vida,

Da existência, passo errante,

Segue o cajado, o bastão;

Vive a tua fé constante,

Na alma e no coração.

 

A mochila é a segurança,

O conforto, a companhia;

Presa ao corpo não se cansa,

Tão servil no dia a dia.

 

O cansaço e o ardume,

Das bolhas, desse mancar;

São vitórias sem queixume,

Do teu tanto caminhar.

 

Vai na mochila a vieira,

O bastão leva a cabaça;

P’ra ter sorte na canseira,

E à sua sede dar graça.

 

Não há adversidade,

A natureza é pura e bela;

Só Gratidão e felicidade,

Por Santiago de Compostela.

 

Na aventura e na experiência,

Voa o nosso pensamento;

Saber mais sobre a existência,

Por muito mais conhecimento.

------------

A ALDEIA FANTASMA

- Caminho da Geira e dos Arrieiros -

 

Muito gostaria de neste meu caminho,

Que fiz só, da Geira e dos Arrieiros;

Permanecer nesta aldeia, aí sozinho,

Descobrir pormenores de garimpeiros.

 

Descobrir como foi, do povo a entrega,

A sua criação de aldeia na floresta;

Encontrar nessas ruínas que hoje nos lega,

Valores e descobertas por outra fresta.

 

Fiquei possuído, mas não pude parar,

Neste caminho, místico e ancestral,

No seio de florestas e bosques sem fins;

 

O caminho da Geira e dos Arrieiros,

Tão primitivo entre os primeiros,

Está cheio de histórias, boas e ruins,

----------

No caminho da Geira e dos Arrieiros

ALMOÇO DA COBRA

- Um melro saboroso.

No caminho, entre vales e montes,

As descobertas são constantes;

Nas encostas cantam as fontes,

E surgem surpresas fascinantes.

 

Uma linda e bela cobra almoçava,

Atravessada no estreito caminho,

Um melro aos poucos abocanhava,

Eu fiquei a filmá-la caladinho.

 

Não a importunei, parei de caminhar,

Tive cuidado e estava sozinho;

Contorneia-a para a não incomodar,

Filmei-a e segui o meu caminho.

---------

É já ali...

A Catedral de Santiago de Compostela!

Pausa em Pontevea, calma, descontração!

Aguardo aqui a noite dormitar;

Como me disse António Castro com razão,

"Faria, não tenhas pressa em chegar!"

 

Cruzou-se comigo o português João,

Bicigrino só no seu caminho,

Duas de conversa foi consolação,

Voltou a pedalar, fiquei sozinho

 

No dia seguinte, mais dois ciclistas,

Vindos de Vila Nova de Gaia;

Trocamos impressões e boas vistas,

Seguiram o meu caminho, a mesma raia.

 

Paulo Pinto e José Lamas, juntamente,

Companheiros bicigrinos da jornada;

Seguiram pedalando sempre à frente,

Só no caminho ficou minha passada.

 

Sábado de manhã estarei em Santiago,

No caminho não há último nem primeiro;

Assim respondo ao desejo que em mim trago,

De assistir ao Botafumeiro.

-----------

MAIS UM PEDAÇO DO CAMINHO.

Cheirou-me a velho, a tempo suado,

No descanso em Béran onde me entreguei;

Do caminho distante, do corpo cansado,

Da velha dormida que atrás deixei.

 

E aquela incerteza do que vem a seguir,

Que outros caminhos vou percorrer!?

E onde será que irei dormir,

Com algum conforto de me recolher?


Passos de Arenteiro, tanta elevação,

Passo ofegante, tão inclinado;

Por entre ruínas de habitação,

De povo e labuta, distante passado.

 

Serra mais serra, tanta floresta,

Grasnam os corvos no meu caminho,

Corre um sardão num penedo do monte,

Com a natureza nunca estou sozinho.

----------

O CAMINHO VAI CONNOSCO

Pululam ainda em meu pensamento,

E vão pulular até ao meu fim;

Os caminhos que fiz com sentimento,

E que continuam dentro de mim.

 

São de pureza a que me acorrento,

Porque a vida que se vive é assim;

A mãe natureza é o nosso alimento,

Sem caminho a vida encontra o fim.

Toda a energia deste caminhar,

Ganha nos caminhos de Santiago,

São de gratidão e de felicidade;

 

O “Geira e dos Arrieiro” veio reforçar,

Mais cinco caminhos que fiz e trago;

Que vão comigo para a eternidade.

--------

ESPERO VOLTAR A SANTIAGO

PELO CAMINHO DA COSTA

Hei de voltar ao caminho,

Em dois mil e vinte e quatro;

Ter da maresia o cheirinho,

Que do mar nunca me farto.

Junto ao mar para Santiago,

Seguindo o caminho da costa;

Que o marinheiro que trago,

Além do monte, do mar gosta.

 

Já pedalei pelo interior,

E pelo português também;

Junto ao mar eu sou maior,

Na imensidão que ele tem.

 

Peregrino é quem mais gosta,

De caminhos e carreiros,

Caminhei o central, o da costa,

O da Geira e dos Arrieiros.

 

O nosso mar bem português,

Cheio de mistério e de magia;

Chama-me de novo outra vez,

Para o ter por companhia.

 

De aventura e meu fadário,

No caminho que me ilumina,

Onde já tive um aniversário,

Na Casa da Carolina.

 

Quero de novo lá voltar,

Com gratidão e liberdade;

Para de novo festejar,

Agora os setenta de idade.

José Faria