CONDOMÍNIO GLOBAL
EM SÃO MIGUEL O ANJO
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021
UM BAIRRISMO GLOBALIZANTE
Nasci num concelho da área metropolitana
do Porto, rodeado por sete concelhos; Vila do Conde, Trofa, Santo Tirso, Valongo, Gondomar, Porto e Matosinhos.
O VELHO FREIXO DE VERMOIM
A ALMA RESISTENTE DA ÁRVORE FREIXOVERMOÍM - MAIA
Pela sua secular
idade, o freixo de Vermoim que poderá ter “assistido” ao nascimento de Joana D’Arc
em 30 de maio de 1431, bem poderia ter influenciado no nome desta terra onde
nasceu e vive, que poderia chamar-se “Vermoim de Freixo ou Freixo de Vermoim”,
como acontece com Freixo de Espada à Cinta, Freixial, Freixofeira, Freixieiro,
Freixo de Cima, Freixo de Numão…
Pode dizer-se que a árvore de freixo é maravilhosamente resistente e sagrada, que foi muito utilizada nos cultos das antigas religiões pagãs. Pelo menos eram sagradas para o povo Celta, escandinavo e grego.
Freixo de espada à cinta |
Merece todo o
nosso respeito até pela nossa saúde, tão indicada que é para nos tratar de
muitas maleitas.
Além disso, reza
a lenda, que D. Dinis terá adormecido à sombra de um secular freixo e que
durante o sono o espírito da árvore lhe revelou o que deveria fazer para o bom
futuro de Portugal.
Outra lenda
relacionada com esta árvore, acrescenta que o Deus Odin (um Deus nórdico nomeado
como o pai de todos), se enforcou num freixo, acreditando
que assim atingiria a iluminação divina.
Utilizando-se a
sua casca e folhas para fazer chás, infusões e cataplasmas.
Por ser muito anti-inflamatória e adstringente, diurética e desintoxicante do organismo, é comum ser recomendada para tratar a obesidade, é ainda vasoprotetora e
venotónica.
Com a sua casca pode fazer-se uma
decocção cicatrizante e para tratar a febre tendo mesmo sido usada pelos
antigos herbalistas ingleses para tratar a malária em substituição do quinino.
Que mais acrescentar sobre o maravilhoso freixo para que continue, se não venerado, pelo menos respeitado. José Faria
Fonte: https://www.portaldojardim.com/pdj/2016/02/10/freixo-a-grande-arvore-mitica-dos-celtas/
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021
PEDALADAS PELA MESA DO ACORDO
Depois da minha audiência sobre a Pedra do Acordo, às portas da igreja de São Pedro de Avioso, segui pela rua do Património, em direção ao parque de Avioso, do lado poente. A meio da rua, deu para admirar e fotografar de novo a velhinha e esquecida capelinha do século XII, que para ali está tão-só há muito tempo a vestir-se de musgo. Vale-lhe a companhia frontal e atenta do cruzeiro amigo, possivelmente da sua idade.
Capela esquecida do século XII |
Misteriosamente, a seu lado, mas do outro lado da rua, o imponente brasão da quinta de Paredes, mantem-se silencioso e misterioso. Muita história haveria para se contar e se divulgar, se dela se soubesse sobre as vidas vividas nesta quinta em tempos de feudalismo. Quem nos poderia ajudar a desvendar esses históricos mistérios, era a capela vizinha, mas como ninguém lhe liga, vai-se embrulhando no tempo e no musgo do esquecimento sem nada nos contar.
Quinta de Paredes |
De regresso com passagem pela igreja de Santa Maria de Avioso, pude de novo constatar pedaços do passado expostos decorativamente sobre o relvado envolvente à igreja, onde inclusive se encontram dois sarcófagos antropomórficos.
2 Sarcófagos antropomórficos |
Na verdade, tantas destas relíquias se escondem nos museus, quando a sua maior divulgação deveria estar na sua exposição no exterior das autarquias ou adros de igrejas, oferecendo-se com mais liberdade aos olhos do público. Os próprios marcos romanos, marcos miliários, que tem sido “açambarcados” para o interior de museus, deveriam ficar expostos aí, no adro da igreja ou junta de freguesia, mais próximos de onde foram encontrados. Escondidos, ninguém os vê nem os conhece.
Continuando a rota dos pedais, seguiu-se aquela que já
foi a mais pequena freguesia da Maia: Gondim. Por acaso é também a única que
ainda espera de min a criação de uma lenda, para que eu possa apresentar LENDAS
DA MAIA, contemplando todas as suas anteriores 17 freguesias.
Com o sol sempre a sorrir, desde o romper da aurora, segui por Silva Escura, e logo a seguir Milheirós, que venera o tal “Mata-Mouros”, que é o Santiago dos peregrinos. Adiante, logo me abeiro das margens do rio Leça e daí ao recolher da manhã desportiva, foi um instantinho. Por falta de mais dois quilómetros não fiz os 40 a pedalar toda a manhã. Mas valeu a pena, pela saúde física, mental, pulmonar, muscular e intelectual. "Vale sempre a pena quando a alma não é pequena" (Fernando Pessoa), ou como disse um dia António Nobre, para que não nos agarremos às dores das paredes do lar: -"Cansado das dores que o matavam, foi em viagem por esse mundo"
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021
REPÚBLICA PORTUGUESA
Foi para o progresso da nação,
Por mais justiça e riqueza;A primeira constituição,
Da república portuguesa.
Que a vinte e um de agosto,
De mil novecentos e onze,
Ganhou Portugal outro rosto,
Se premiou de prata e bronze.
Surja
um pensamento novo,
De
partilha em todos nós;
Nesta
terra que é do povo
E
esse povo somos nós.
José Faria
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021
BICIGRINOS NO CAMINHO DE SANTIAGO
O caminho de Santiago de Compostela é extraordinário, de beleza, de constantes descobertas vistas e sentidas. É uma aventura rejuvenescedora para todos quantos se querem reconhecer, reencontrar na fé espiritual; no respeito por si e pela vida de todas as vidas, se purificar e valorizar mais a sua existência e a natureza que a criou e a sustenta. O caminho é uma coisa muito boa, mas é estreito.
O
Caminho do Peregrino é para aqueles que são bons:
É
a ausência de vícios, o impedimento do corpo, o aumento das virtudes, perdão
para os pecados, o pesar para o penitente, o caminho dos justos, amor dos
santos, fé na ressurreição e a recompensa dos abençoados;
É
uma separação do inferno e a proteção dos céus.
Afasta-nos de comidas saborosas porque faz a gordura gulosa desaparecer, evita a volúpia, constrange os apetites da carne que atacam a fortaleza da alma, limpa o espírito, leva à contemplação, torna modesto o arrogante e eleva os humildes, ama a pobreza.
Odeia a repressão dos que se movem por ganância. Por outro lado, ama a pessoa que dá ao pobre. Recompensa aqueles que vivem na simplicidade e fazem boas ações; e, por outro lado, não arrasta aqueles que são avarentos e iníquos das garras do pecado.
José Faria
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021
LENDA DA BOUÇA DA COVA DA MOURA
Porque me fascinam as descobertas de vestígios da pré-história, histórias e lendas dos povos, continuo, como maiato, empenhado em descobrir e conhecer lendas das terras da Maia, recriando umas e criando outras onde não as há, no sentido de possibilitar que todas as 17 freguesias (antes da junção) tenham a sua lenda.
Pois entendo que culturalmente será também uma forma de enriquecer promover todas elas e o próprio concelho onde se inserem.Por essa razão, muitas tem sido as pesquisas em livros, na internet e no terreno.Deste Site https://www.wikiwand.com/pt/Maia, transcrevo o texto a seguir sobre a história da Maia, que se debruça precisamente nessas descobertas pré-históricas, nomeadamente na bouça de Ardegães entre Águas Santas e Milheirós, que frequento periodicamente, inclusive no desenvolvimento de atividades desportivas, caminhadas e BTT, mas sempre com o propósito e curiosidade de imaginar que uma pequena pedra que pegue na mão, bem poderá já ter estado noutras mãos de um povo há cinco mil anos, na idade do bronze, 3.000 ou 4.000 anos antes de Cristo.
"Pré-História
O território atualmente correspondente ao município da Maia é já habitado desde a Pré-História. Foram encontrados inúmeros vestígios pré-históricos, como arte rupestre, com especial destaque para a Pedra Partida de Ardegães, mamoas, várias peças de cerâmica, arpões e pontas de seta do períodos Calcolítico (particularmente do Neocalcolítico), da Idade do Bronze e da Idade do Ferro.[9]
A Pedra Partida de Ardegães constitui um dos indícios mais notáveis da ocupação pré-histórica das Terras da Maia. Este testemunho, um bloco granítico de 3,5 toneladas, foi descoberto na década de 1930 num terreno privado no lugar de Ardegães, freguesia de Águas Santas. Terá cerca de 5000 anos (Idade do Bronze) e destaca-se pela quantidade de motivos geométricos, constituindo um excelente exemplar de arte megalítica da Europa atlântica. A Pedra deve o seu nome ao facto de ter sido possivelmente danificada por maquinaria pesada durante o processo de desmatamento que conduziu à sua descoberta. Encontrava-se à guarda da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto até 2001, data de abertura do Museu de História e Etnologia da Terra da Maia, onde se encontra atualmente em exposição permanente."
Ora, como ando empenhado em criar e recriar LENDAS DA MAIA, influenciado pelo nome sugestivo desta bouça onde se encontraram as GRAVURAS RUPESTRES, de Cova da Moura, criei-lhe esta lenda, que se irá juntar a todas as LENDAS DA MAIA:
Ardegães -Maia
No cimo da bouça da Cova da Moura, à direita do
rio Leça no Lugar de Ardegães, entre as freguesias de Águas Santas e de Milheirós,
na Maia, existem vestígios de necrópoles da idade do bronze, e penedos com gravuras
rupestres.
Um deles,
com várias gravuras geométricas, sempre que ao cair do dia sente a presença
humana, emite sons da terra ou da própria rocha, parecidos com choros e
risadas, gemidos e lamentos tão presentes e distantes, num eco abafado que
parece vir do além.
Devido aos
buracos no solo, que são ruínas de necrópoles de um povoado que por aí terá
vivido, o povo chama-lhe bouça da Cova da Moura.
Reza a lenda
que quem ao cair da noite, depois do sino bater as trindades, se aproximar
destas penedias gravadas pelos antepassados, sentirá energias e brisas
estranhas em seu redor e ouvirá vozes e rumores impercetíveis, como que saindo
dos penedos escritos ou das profundezas da bouça.
VOZES DA COVA DA MOURA
Diz a lenda
que das gravuras
Rupestres da
penedia,
Emergem dores
de torturas,De rituais e
loucuras,
Que uma
tribo ali fazia.
As gravuras
do penedo,
Que são da
cova da moura:
Emitem vozes
de medo,
De espíritos
ou de bruxedo,
Ou de moura
zeladora.
Depois do
dia findar,
E durante a
madrugada;
Quem dali se
aproximar,
Ouve as gravuras
falar,
E toda a bouça
agitada.
Estranhos
sons e rumores,
Vindo da
pré-história;
Choros
baixos, clamores,
Mágicos e sedutores,
Que se
entranham na memória.
Há mesmo até
quem diga,
Que quem ao
ler nas gravuras;
Tem que estar
a fazer figa,
Suportar
peso e fadiga,
E desmaios
por tonturas.
Que lhe leva
o pensamento,
Junto do
povo ancestral;
Por caminho
turbulento,
Até ao
povoamento,
Que já teve
ali lugar.
José Faria –
09/02/2021
sábado, 6 de fevereiro de 2021
LENDA DE SÃO PEDRO DE AVIOSO - MAIA
LENDA DE SÃO
PEDRO DE AVIOSO
A PASTORA MAYA
Reza a lenda que num certo dia, andava Maya a pastorear as ovelhas nos
montes de São Pedro de Avioso, foi violentamente agredida e morta por um louco
que por ali deambulava.
Como o rebanho ao cair da noite se dirigiu sem a pastora para a povoação e
se recolheu no curral, como era habitual, o pai de Maya aflito, procurou-a e
correu ao monte à sua procura, encontrando-a morta junto a uma penedia.
Os populares, ao vê-lo correr monte acima aos berros pela filha, foram no
seu encalço, pensando tratar-se de ataque de lobo.
Foram encontrá-lo sofrendo já com a filha Maya morta nos braços.
Após vasculharem todo o monte à procura do possível assassino, nada
encontraram. Voltaram para junto do lavrador ainda com o corpo da filha nos braços,
pedindo-lhe para regressar a casa. Mas apesar dos apelos dos populares,
preferiu ali ficar, pedindo que o deixasse a sós com a filha.
As pessoas da aldeia obedeceram, desceram o monte e foram procurar em todos
os cantos da povoação, na esperança de encontrarem o assassino, o que nunca
conseguiram.
Apesar da insistência dos conterrâneos para que voltasse para casa com o
corpo da filha, o pai de Maya só desceu a serra com a filha nos
braços ao fim de três dias, depois da alma da filha lhe aparecer, pedindo-lhe para
ir para casa em paz e esquecer o sucedido, e que deixasse à lei divida o reparo
ou castigo a quem lhe causou a morte.
Estava a pastorar a jovem Maya
Nos verdejantes montes de São Pedro;
Com o seu lanche na aba da saia,
Sentada e encostada ao seu penedo.
Era sempre este o seu lugar,
Com vistas largas e mais elevado;
De onde bem podia enxergar,
Os animais a seu cuidado.
A dada altura ficou assustada,
Ao ver um homem ali a vaguear;
Temerosa ao cajado encostada,
Com o cão cauteloso a ladrar.
Dela o vagabundo se abeirou,
De aspeto sujo e tresloucado:
Que ao chão a pastora derrubou,
Cujo corpo caiu desamparado.
Bateu com a cabeça no granito,
Sangrando de corpo inanimado,
O vagabundo ouviu-a dar um grito,
Dali fugiu correndo assustado.
Pela demora o pai no seu encalço,
Foi encontrar a filha já sem vida;
Sentado com a Maya no regaço,
Ali permaneceu de alma ferida.
No monte esteve três dias padecendo,
Chorando a sua perda a toda a hora;
Mas a alma da filha lhe aparecendo,
Lhe disse: “não chores pai e vai-te embora.
José Faria
LENDA DO SANTO LENHO DE MOREIRA - MAIA
LENDA DO SANTO LENHO
Moreira da Maia
Reza
a história que um fragmento de madeira da cruz em que Jesus foi crucificado,
chegou ao lugar de Moreira, das terras da Maia, vindo do Oriente.
Adorado e venerado pelo povo crente ao longo de muitos anos, essa relíquia orientou e motivou religiosamente todo o tipo de milagres pagos com doações, desde o povo mais humilde, aos senhores mais abastados e da nobreza das terras de São Salvador de Moreira.
Um dia, para grande tristeza do povo de
Moreira, essa lasca de madeira terá desaparecido. Apesar de todas as diligências e procuras ao longo de vários anos, só em 1510, ainda no reinado de
D. Afonso Henriques, é que por milagre o Santo Lenho se mostrou ao prior D.
Vasco Annes. Terá este bocado de madeira permanecido oculto durante tantos anos
debaixo da pedra de ara do altar-mor onde foi encontrado.
A notícia do achado milagroso correu veloz, levando fé, esperança e muita
alegria ao povo crente que acorreu ao Mosteiro de São Salvador de Moreira.
Era então bispo da cidade do Porto, D. Pedro da Costa, que ao
saber que foi encontrado o Santo Lenho, mandou que se fizesse um esplêndido
relicário, uma cruz de prata dourada encastoada com diversas pedras preciosas,
sendo a lasca do Santo Lenho encerrada no centro da cruz, protegida por
um vidro de cristal.
Por essa graça de Deus, mandou o bispo que a partir daí se realizassem grandes festas e a de devoção ao Santo Lenho.
As festas e cerimónias religiosas de veneração dedicadas ao fragmento de madeira da cruz de Jesus, no centro do relicário, repercutiram-se em diversas manifestações de fé desde o dia em que foi encontrado. O Dia da Santa Cruz a 3 de maio, e Dia da Exaltação da Santa Cruz a 14 de setembro, data em que se comemora a recuperação da cruz do Império Sassânida.
Reza ainda a lenda e a história que esta lasca de madeira a que chamam de Santo Lenho, operou muitos milagres, protegendo o povo da freguesia de Moreira e toda a terra maiata, e que, mesmo sendo todas as outras freguesias vizinhas infestadas de víboras, as mesmas não mordiam em Moreira; assim como nunca em Moreira caiu nenhum raio. Também, e porque esta terra sempre esteve protegida pelo Santo Lenho, não sofreu qualquer dano aquando do sismo de 1755. Venerada por todos, a lasca de madeira que dizem ter vindo do Oriente e que é da cruz em que Jesus foi crucificado, sempre favoreceu as culturas e o germinar de boas sementeiras nas terras maiatas de Moreira, sempre que o trabalho e o bom desempenho na agricultura se manifeste.
- Na verdade, muitas terras partilham a mesma lenda. Na freguesia de Grade, Alto Minho, diz-se que "na Veiga da Matança, batalha que opôs Afonso Henriques a seu primo Afonso VII de Leão, foi encontrado uma relíquia sagrada, denominado Santo Lenho, que segundo a fé cristã crê-se que seja um pedaço retirado da Cruz onde Cristo foi crucificado. Esta relíquia encontra-se na freguesia de Grade, na Igreja Matriz, num sacrário com duas portas fechado a sete chaves todas elas diferentes."
SANTO LENHO DA CRUZ DE JESUS
O Santo Lenho é lasca de madeira,
Que dizem ter vindo do Oriente;
É o despertar de outra maneira,
Muito ardilosa, também matreira,
De alimentar a fé ao crente.
É quem na oração mantém canseira,
Dedicação ativa e presente;
Todo o cristão dele se abeira,
Com muita entrega e fé derradeira,
A um pouco de pau omnipotente.
E da devoção do povo, da gente,
Germina na terra a sementeira;
Até no verão seco e bem quente,
A natureza produz, está presente,
Em todos os prados, qualquer lameira.
Energia sagrada do Lenho se sente,
Na pedra de ara há muito guardado;
Ainda faz milagres e cura o doente,
Em quem acredita e nele se tente,
É luz da cruz no altar de Moreira.
02/02/2021
José Faria