EM SÃO MIGUEL O ANJO

quarta-feira, 5 de maio de 2021

DESPERTAR 5

DESPERTAR - Parte 5

- Mantém-se em voga todo o legado,
- Nas comunidades, nada de novo;
- Em todos os governos e formas de estado,
- De soberano é somente o povo.
José Faria
✍🤔
(In - O culto da incompetência)
 
Continuando mergulhado na leitura do pequenino livro de Émile Faguet, de 2019, com o título “O Culto da Incompetência”, deixo-me borbulhar em pensamento de análise e de comparação dessa abordagem de há cem anos, com o que se passa comparar presentemente em 2021.
E por aqui se descobrem elevadíssimos pós e contras da democracia, e, na verdade, o que se constata, são mais os contras do que os prós, até porque, a democracia tem as suas próprias doenças e feridas, sempre infetadas pelos que dela se aproveitam. E são essas maleitas que permitem eleger e promover a incompetência, o oportunismo, o compadrio, a clientela partidária e a corrupção, em detrimento da competência e da promoção social global.
E todos sabemos que a incompetência, o oportunismo e outras qualidades mais nefastas socialmente, tudo fazem para branquear essas suas qualidades, explorando convenientemente e em demasia, as emoções mais sentidas do povo, colando-se por isso muitas vezes às questões religiosas.

E o povo, “a multidão, dá-nos bem a nota do que ela entende pelo valor moral de um homem. O valor moral do homem consiste para a multidão no facto desse homem sentir ou simular sentir, os mesmos sentimentos que ela sente; e é por essa razão que os seus efeitos são excelentes como elementos indicativos, preciosos como fontes de informação, mas detestáveis, ou, pelo menos, inúteis, portanto, também detestáveis como legisladores.”
Esta leitura e afirmação de 2019, também encaixa em 2021, com o que se passa na atualidade.

Atente-se, por exemplo, na fome, no desemprego, na desgraça e morte que a pandemia do covid 19 veio semear em Portugal e no mundo.
Ora, muitos eleitos do povo, que se dizem representantes e defensores do povo que os elegeu a nível local e regional, com o encerramento dos cemitérios devido à pandemia, não se preocuparam com a fome e o desemprego no concelho ou freguesia, mas sim e somente com a exploração do sentimento, da questão emotiva.
Acudiram onde menos é necessário acudir, dar luz e flores aos mortos, em detrimento de dar assistência e alimentação aos vivos.


“NÃO VENHA AO CEMITÉRIO, NOS ENFEITAMOS POR SÍ!”

Este foi o slogan de promoção política dos que praticam o Culto da Incompetência, e da incapacidade nos cargos para os quais foram eleitos, em muitas autarquias de norte a sul do país, porque deixaram ao abandono, à sua sorte e a fome, os vivos, e gastaram dinheiro do povo em ceras luminosas e arranjos de flores cheirosas para quem já não existe, não come nem cheira.
O grande problema é que em democracia “o povo adora a incompetência, não só porque não pode apreciar a competência intelectual, mas, porque vai acreditando na competência moral por um critério falso, como é natural, e o que mais estima nos seus eleitos, como o facto de se lhe assemelharem.”
– Por isso ainda se manifestam pobres esfomeados e desempregados e sem dinheiro, a agradecer as flores e as ceras luminosas no cemitério encerrado devido à pandemia:
- “Obrigado senhor presidente, muito obrigado… não tenho palavras!”
Claro que estas despesas de exploração do sentimento do povo, não para matar a fome ao povo, são custeadas com o dinheiro do povo, saem do orçamento do poder local. Mas o povo nem pensa nisso. E se pensa, ainda agradece.
Por isso, - “o povo é levado instintivamente a eleger homens e mulheres que tenham os mesmos hábitos, as mesmas maneiras e a mesma instrução que ele, ou, quando muito, uma instrução um pouco superior. O importante é que o eleito saiba sempre corresponder áquilo que quer o povo, sobretudo no que diz respeito às suas emoções, crendices e religião.
E é nesta conjuntura que o eleito se movimenta e que dá ao povo a ideia de competência, quando é exatamente o contrário.
Mesmo numa região onde tudo falta, o povo esquece o que lhe falta para elogiar a atitude do eleito, ou dos seus eleitos, só por colocarem flores e ceras a arder, substituindo-se aos fregueses no cemitério.
Na verdade, e por incrível que pareça, é profundamente real e subtil os procedimentos despesistas originados em democracia; Ora, -“se nos lembrarmos de que Aristóteles assemelhou a democracia no seu estado agudo à tirania, acharemos deveras interessante o quadro resumido e por ele traçado dos meios da tirania; - reprimir os que tenham qualquer superioridade, e que possam pôr em causa os eleitos incompetentes, escolhidos por amizade e por favoritismos político partidários, e não pelas suas qualidades e competências.
Segundo Rousseau, “A democracia triunfante colocou definitivamente o velho no mais baixo grau da consideração e esqueceu o que disse Montesquieu, que afirmou que” numa democracia não há nada que mantenha tanto os costumes sociais salutares, como a subordinação extrema dos mais novos aos mais velhos”.Pior do que isso, é que numa democracia, o Culto da Incompetência e a prática ou inércia que se pratica e se manifesta, tudo se faz para se manter longe e em silêncio, tudo e todos que possam pôr em causa essa inércia e esse CULTO DA INCOMPETÊNCIA.
José Faria

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