(In - O culto da incompetência) “o sentimento do respeito é o único que em si não engana”.“Os velhos são a consciência da nação!”Neste “despertar” o 6º, ainda debruçado
a desfolhar as pequenas e velhas páginas amarelecidas de 1919, de “O Culto da
Incompetência” de Émile Faguet, dei de caras com o despesismo das democracias
sobre os mais velhos.
Continua-se em democracia, a
desvalorizar e a abandonar os conhecimentos vividos e adquiridos pelos mais
velhos e a sua importante complementaridade que deveria ser, na formação e
educação dos mais novos. Quando muito, a democracia vai concedendo aos velhos a subsistência, com reforma ou pensão, com base nas suas
contribuições monetárias ao longo da vida de trabalho, ou com subsídio
específico de sobrevivência e, assim, ficam “arrumados”.
Tudo quanto viveram, experimentaram,
aprenderam e sabem, em democracia, deixa de ter qualquer interesse.
Isto também é falta de respeito por
aquelas e aqueles que trabalharam uma vida inteira para a comunidade que agora
os “encosta”.Seja como for, a democracia não gosta
nem quer ser questionada pelos mais velhos e, por isso, - “o velho não encontra
na democracia uma amiga dedicada. Não se deve esquecer também, que a palavra
gerontocracia (governação gerida por anciãos), que os antigos tomavam muito a
sério e tinham a mais honrosa das significações, agora é tomada numa aceção
ridícula e serve para designar o governo mais ridículo que possa existir no
mundo, visto que é reservado aos velhos.”
A verdade é que o mal já não está só nessa
falta de respeito de “arrumar” os velhos, como também a sua ausência nos locais
de decisão de governação, permite generalizar-se ainda mais a falta de
respeito, quando a democracia a exige, mas a aceita, a promove e a faz proliferar.
Já Kant (Immanuel Kant foi um filósofo
prussiano), - “perguntando ao que é que deve obedecer-se, qual o critério para
se reconhecer ao que em nós mesmos devemos obedecer, respondeu: - devemos obediência
ao que em nós exija apenas respeito, ao que não nos exija amor sem medo, mas
nos pareça respeitável. É por isso que o sentimento do respeito é o único que
em si não engana.
Também na vida social só devemos obedecer aos sentimentos que
exijam respeito, cumprindo-nos honrar e escutar os homens que no-lo inspirarem.
Tal é o critério que devemos adotar, para sabermos a que e a quem devemos
aplicar, se não a nossa obediência, pelo menos as nossas atenções e
deferências.
OS VELHOS SÃO A CONSCIÊNCIA DA NAÇÃO.
É uma consciência severa, triste, impertinente, teimosa, escrupulosa,
de mau génio, repetindo sempre a mesma coisa, não há dúvida; mas é uma
consciência, ou melhor, É A CONSCIÊNCIA!”
Esta foi a abordagem de Kant, já muito discutida por outros
filósofos relativamente à democracia.
E o que se constata atualmente, já abordado e confirmado há
mais de cem anos, a verdade é que – “não se respeitando a consciência, esta
altera-se e corrompe-se; acaba por se fazer pequena, humilde, tímida, acanhada,
falando só em voz baixa por ser impossível que ela se cale absolutamente.” (…/…)E assim continua a acontecer à consciência cheia de conhecimentos e de experiências vividas, mas “arrumadas”; conhecimentos que não
se transmitem aos mais novos, às novas gerações, porque a democracia assim o
entende, para não ser “perturbada” e desmascarada pela sua falta de respeito.
José Faria
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