EM SÃO MIGUEL O ANJO

quinta-feira, 6 de maio de 2021

DESPERTAR 6

(In - O culto da incompetência)
 
o sentimento do respeito é o único que em si não engana”.
“Os velhos são a consciência da nação!”
Neste “despertar” o 6º, ainda debruçado a desfolhar as pequenas e velhas páginas amarelecidas de 1919, de “O Culto da Incompetência” de Émile Faguet, dei de caras com o despesismo das democracias sobre os mais velhos.
Continua-se em democracia, a desvalorizar e a abandonar os conhecimentos vividos e adquiridos pelos mais velhos e a sua importante complementaridade que deveria ser, na formação e educação dos mais novos.
Quando muito, a democracia vai concedendo aos velhos a subsistência, com reforma ou pensão, com base nas suas contribuições monetárias ao longo da vida de trabalho, ou com subsídio específico de sobrevivência e, assim, ficam “arrumados”.
Tudo quanto viveram, experimentaram, aprenderam e sabem, em democracia, deixa de ter qualquer interesse.
Isto também é falta de respeito por aquelas e aqueles que trabalharam uma vida inteira para a comunidade que agora os “encosta”.
Seja como for, a democracia não gosta nem quer ser questionada pelos mais velhos e, por isso, - “o velho não encontra na democracia uma amiga dedicada. Não se deve esquecer também, que a palavra gerontocracia (governação gerida por anciãos), que os antigos tomavam muito a sério e tinham a mais honrosa das significações, agora é tomada numa aceção ridícula e serve para designar o governo mais ridículo que possa existir no mundo, visto que é reservado aos velhos.”
A verdade é que o mal já não está só nessa falta de respeito de “arrumar” os velhos, como também a sua ausência nos locais de decisão de governação, permite generalizar-se ainda mais a falta de respeito, quando a democracia a exige, mas a aceita, a promove e a faz proliferar.

Já Kant (Immanuel Kant foi um filósofo prussiano), - “perguntando ao que é que deve obedecer-se, qual o critério para se reconhecer ao que em nós mesmos devemos obedecer, respondeu: - devemos obediência ao que em nós exija apenas respeito, ao que não nos exija amor sem medo, mas nos pareça respeitável. É por isso que o sentimento do respeito é o único que em si não engana.
Também na vida social só devemos obedecer aos sentimentos que exijam respeito, cumprindo-nos honrar e escutar os homens que no-lo inspirarem. Tal é o critério que devemos adotar, para sabermos a que e a quem devemos aplicar, se não a nossa obediência, pelo menos as nossas atenções e deferências.
OS VELHOS SÃO A CONSCIÊNCIA DA NAÇÃO.
É uma consciência severa, triste, impertinente, teimosa, escrupulosa, de mau génio, repetindo sempre a mesma coisa, não há dúvida; mas é uma consciência, ou melhor, É A CONSCIÊNCIA!”
Esta foi a abordagem de Kant, já muito discutida por outros filósofos relativamente  à democracia.
E o que se constata atualmente, já abordado e confirmado há mais de cem anos, a verdade é que – “não se respeitando a consciência, esta altera-se e corrompe-se; acaba por se fazer pequena, humilde, tímida, acanhada, falando só em voz baixa por ser impossível que ela se cale absolutamente.” (…/…)
E assim continua a acontecer à consciência cheia de  conhecimentos e de experiências vividas, mas “arrumadas”;  conhecimentos que não se transmitem aos mais novos, às novas gerações, porque a democracia assim o entende, para não ser “perturbada” e desmascarada pela sua falta de respeito.
José Faria

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